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Por Redação do ge — São Pedro, SP


O brasileiro que morreu em um acidente durante um voo de parapente no Paquistão, na segunda montanha mais alta do mundo, era um alpinista experiente. Rodrigo Raineri, de 55 anos, alcançou o topo do Monte Everest três vezes, o que consolidou seu nome na história do alpinismo brasileiro.

Morador de São Pedro (SP), Raineri era conhecido pela prática do montanhismo, além do parapente, principalmente por suas expedições ao Everest.

Alpinista brasileiro Rodrigo Raineri morre em acidente com parapente no Paquistão

Alpinista brasileiro Rodrigo Raineri morre em acidente com parapente no Paquistão

Nascido em Ibitinga (SP), Raineri se formou em Engenharia de Computação, em 1988, pela Universidade Estadual de Campinas. Foi membro de um grupo de universitários praticantes de atividades de aventura.

Em 1991, junto a Tomás Gridi Papp e outros praticantes, Rodrigo Raineri mobilizou a criação da parede de escalada em parceria com a Faculdade de Educação Física da Unicamp.

Depois, em 1994, participou da formação do Grupo de Escalada Esportiva e Montanhismo da Unicamp (Geeu), promovendo a escalada entre praticantes e iniciantes, tanto para a comunidade acadêmica quanto para a comunidade externa.

Ainda na década de 90, Raineri iniciou uma parceria expedições e conquistas no montanhismo junto a Vitor Negrete. O ex-parceiro morreu em um acidente no Everest em 2006.

Rodrigo Raineri, que morreu em salto de parapente no Paquistão — Foto: Reprodução/EPTV

Em um perfil com 11 mil seguidores no Instagram, ele costumava postar nas redes sociais a rotina nos esportes de aventura. Raineri compartilhava fotos e vídeos dos saltos e escaladas, além de se descrever como apaixonado por viagens, natureza e tecnologia.

Referência na modalidade

Primeira mulher negra latino-americana a chegar ao topo do Monte Everest, Aretha Duarte, lamentou o ocorrido e afirmou que Rodrigo foi um dos responsáveis por promover o montanhismo no Brasil.

- Ele realmente sempre foi muito entusiasta, apaixonado pela prática da escalada, sempre incentivou, sempre fez questão de fazer essa atividade crescer, ser desenvolvida aqui no nosso país.

Rodrigo Raineri — Foto: Reprodução

Aretha ressaltou que Rodrigo sempre se preocupou com a segurança.

- Ele sempre foi muito focado na questão da segurança dessa prática, sempre foi muito técnico, tinha como premissa a segurança da prática de escalada, isso é indiscutível.

O atleta integrava um grupo de sete pessoas que seguiam para o acampamento base do K2, mas foi o único que decidiu praticar parapente. O paraquedas teria se rompido, o que causou a queda, informou à Agence France-Presse (AFP) o porta-voz da polícia local, Muhammad Nazir, de Shigar, área do acidente.

- Quando a gente recebe uma notícia como essa, de que ele faleceu diante de um acidente que aconteceu lá, realmente a gente fica chateadíssima, porque a segurança era premissa para ele. Todo o corpo de montanhistas do Brasil com certeza está lamentando nesse momento, porque é uma pessoa que atua nesse segmento desde o início da atividade aqui no país.

Clayton Conservani ao lado de Rodrigo Raineri — Foto: Arquivo pessoal

O jornalista Clayton Conservani também deixou uma homenagem nas redes sociais ao amigo Rodrigo Raineri e lembrou da parceria com Vitor Negrete.

- Dia de dor e muitas lembranças. Meu amigo Rodrigo Raineri partiu para o voo mais alto da vida dele e vai deixar saudade. Tivemos uma convivência intensa na cordilheira dos Andes e no Himalaia. Reportei grandes feitos do Rodrigo no Aconcágua. Ele e o parceiro inseparável, Vitor Negrete, foram os primeiros brasileiros a conquistar a face sul do Aconcágua e também os primeiros a chegar ao teto das Américas no inverno. Em 2005 passamos 79 dias juntos no Everest, mas não chegamos ao cume na temporada de muitas tormentas. Comemoramos o sucesso do Vitor, único da nossa equipe a chegar ao topo. Choramos juntos em 2006, quando o mesmo Vitor chegou ao topo do Everest sem usar cilindros de oxigênio, mas não conseguiu descer a montanha. Em 2008 fui até a base do Everest com o meu parceiro @marquesclaudiodemoraes acompanhar a escalada do Rodrigo com o Eduardo Kepke que conquistaram a montanha mais alta do planeta e dedicaram a escalada ao nosso amigo Vitor Negrete. Hoje acordei em Paris com essa triste notícia, sem conseguir acreditar que o Rodrigão bateu asas. Meus sentimentos a todos os familiares. Tenho certeza de que nesse momento ele e o Vitão já devem estar juntos, programando a próxima aventura. Descanse em paz, meu amigo.

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