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Por Luiz Felipe Longo* — Mogi Mirim, SP


Olhar as tabelas do Campeonato Paulista sem o Mogi Mirim soa bem estranho tamanha a tradição de 87 anos do clube. Ao mesmo tempo, a ausência do Sapo nas Séries A1, A2, A3 e Segunda Divisão é apenas reflexo dos problemas administrativos, financeiros e políticos que deixaram a equipe sem calendário em 2019 e com futuro incerto para as próximas temporadas.

Mogi Mirim está sem atividade desde maio, quando deixou a Série D — Foto: José Braz / EPTV

Sem partidas oficiais desde maio, quando foi eliminado na Série D do Campeonato Brasileiro, o Mogi não tem data para voltar aos campos. O atual problema é uma briga judicial em curso entre o presidente eleito Luiz Henrique de Oliveira e os empresários Hyun Seok Choi, conhecido por Mário Choi, e Diego Medeiros da Silva, que atuam em parceria com as empresas AD Sports, de André Ko e Denis Ahn, e J Winners, que tem Jayme Marcelo Conceição como representante.

A disputa entre eles começou em maio do ano passado, quando os empresários entraram em contato com a diretoria para tomar conta do futebol profissional, mas a suposta solução paliativa se tornou mais uma dúvida por problemas de interpretação de contrato e de briga por poder nos bastidores. O GloboEsporte.com ouviu os envolvidos e mostra, abaixo, as versões de cada um.

O que dizem os envolvidos?

Dr. André Lopes (representante jurídico do Mogi Mirim)

Por que a parceria com Mario Choi e Diego Medeiros não deu certo?

– Eles procuraram o clube porque tinham um fundo de investimentos da Coreia do Sul, mas queriam um contrato assinado antes de trazer os investimentos. O presidente e o Conselho Deliberativo procuraram um amparo judicial. Eu disse que assinaríamos o contrato, mas com uma cláusula em que o contrato seria vigente apenas se houvesse cumprimento da cláusula 6.1, a favor do pagamento. Mesmo assinado, ele só teria vigência se cumprissem a cláusula. Eles nunca pagaram, então não tem vigência. Eles se instalaram de forma ilícita e praticaram um golpe no Mogi.

Quais os planos da atual diretoria para o futuro do clube?

– A intenção do Mogi Mirim é apaziguar os ânimos. Tentamos uma nova conversa com o André e o Denis [sócios da AD Sports], que seriam outro canal, mas sempre tinham nova proposta quando chegava o prazo. Nossa intenção sempre foi uma composição amigável, mas há esse problema, e não conseguimos trazer novas parcerias enquanto isso não se resolve.

Luiz Henrique de Oliveira (presidente do Mogi Mirim)

Por que o Mogi não está apto a disputar a Segunda Divisão em 2019?

– Como a parceria não deu certo, pois tinha que ter feito pagamentos que não foram feitos, o estádio não foi liberado, então não tínhamos os laudos para apresentar no conselho arbitral da Federação Paulista. Chegamos a pensar em tirar a licença de dois anos com a Federação, mas achamos melhor aguardar. Futebol é muito dinâmico, podem aparecer interessados.

Qual o plano para recolocar o Mogi de novo em atividade?

– A intenção é tentar viabilizar uma parceria com grupos de investidores, semelhante ao que foi no Guarani, um projeto comercial na área do clube, e com isso gerar recursos para tocar o clube. Se conseguirmos isso, teremos o suficiente para tocar o futebol.

Luiz Henrique de Oliveira preside o Mogi desde meados de 2015 — Foto: Edvaldo de Souza / EPTV

Jayme Marcelo Conceição (J Winners)

Por que a parceria de 2018 não funcionou?

– A AD Sports foi contratada por um coreano que fazia a gestão do Mogi Mirim na pessoa do presidente do clube, o senhor Luiz Henrique (Oliveira). Após eles terem feito esse contrato, eles encontraram uma série de dificuldades, pois o clube estava abandonado há oito meses. Eles tinham o contrato para exploração do futebol, mas se viram obrigados a trabalhar a gestão das instalações do clube, tiveram que pagar despesas desde contas de luz, água, salários de funcionários. Assumiram tudo e o presidente se ausentou. Ele assinou um documento e não cumpriu a parte dele. Os coreanos, com sua disciplina oriental, procuraram a J Winners para tentar resgatar o clube.

O que esperar do futuro do clube?

– Em paralelo, começou a se travar uma batalha judicial sobre a legitimidade do contrato de gestão. Essa batalha vem sendo desenvolvida. O estádio teve duas semanas atrás decretada sua interdição por falta de alvará, laudo de bombeiros. As duas empresas em parceria se movimentaram, buscaram uma empresa de engenharia, começaram buscar o laudo e estão próximas de liberar o estádio para que o Mogi Mirim volte a seus treinos. A AD Sports e a J Winners buscaram um apoio jurídico para fazer valer o contrato de gestão com o presidente do clube.

Denis Ahn (AD Sports)

Por que a parceria de 2018 não deu certo?

– Foi feito um contrato com o Mário e o Diego, nossos parceiros. Eles tentaram reestruturar o clube com meios próprios e tiveram dificuldade no primeiro mês. Tenho amizade com o Mário desde a infância, eles nos procuraram para dar um suporte. Nesse tempo, muitas coisas ficaram no ar, buscamos a diretoria legítima para tentar solucionar. Juridicamente, nosso advogado procurou o representante legítimo e também teve dificuldades. Está uma briga jurídica, ficamos no meio, sem pai ou mãe. Tentamos um acordo com o Luiz Henrique, mas eles estão dificultando as coisas. Estamos arcando com as despesas de todos os problemas que o clube tem.

Quais as dificuldades de firmar contrato com o Mogi Mirim?

– Não estamos invadindo o clube, não foi isso, ganhamos uma liminar, o juiz concedeu para a gente. Dentro dessa decisão do juiz, ficamos em dúvida se pagaríamos o Luiz Henrique no particular. Resolvemos pagar as despesas, vamos pagando, e se realmente aparecer alguém como o legítimo dono, faremos algo mais concreto. Estamos com medo de pagar para alguém, depois não ser o legítimo (dono) e ficar no ar. A nossa dúvida é essa, a gente faz coisas no clube e não consegue disputar os campeonatos. Aos poucos as coisas vão se acertando. Esse ano não dá mais tempo de disputar a Segundona, então pensamos em começar ano que vem com o profissional.

* Estagiário colaborou sob supervisão de Murilo Borges

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