Do litoral de Santa Catarina para um dos países mais ricos do mundo. Paulo Ricardo, que começou a carreira no Santos, joga no futebol árabe antes dos grandes craques se mudarem para lá na temporada passada e conta como as ligas locais evoluíram com a chegada deles.
Ao ge, para a série "Catarinenses pelo Mundo", o zagueiro também fala da carreira e do carinho pelo Figueirense.
Natural de Laguna, no Sul de Santa Catarina, Paulo Ricardo passou pelas categorias de base do Brusque e do Figueirense antes de se mudar para o Santos, onde terminou a base e subiu para o profissional.
— Foi muito interessante crescer no profissional como um menino da vila, tu já vai pro profissional com outra cara. Aprendi muita coisa no Figueirense e cheguei no Santos foi aquela coisa de “vai jogar”. Tu é um menino mas tem oportunidade — conta Paulo Ricardo.
Foram 20 partidas no Peixe, em 2014 e 2015. Depois, Paulo se transferiu para o primeiro compromisso internacional: no Sion, da Suíça.
— País mais frio, futebol mais físico e tático. Demorou um pouco a adaptação, mas logo consegui me adaptar com a língua também. No semestre seguinte ao que cheguei eu tive muito mais jogos e aí me compraram em definitivo. Foi uma baita experiência. O país é maravilhoso, liga boa, tem crescido bastante.
Depois de 35 jogos pelo Sion, o Brasil bateu na porta e Paulo Ricardo retornou para empréstimos, primeiro Fluminense, depois Goiás.
Após a passagem pelo Esmeraldino, o vínculo com o time suíço encerrou, e Paulo Ricardo chegou no Figueirense com contrato definitivo para a disputa da Série B do Brasileiro de 2020.
— Chegamos com uma situação para a gente tentar lutar para alguma coisa, sabendo das condições, tudo que aconteceu com a Elephant. A gente deu nosso melhor, o Catarinense não foi fácil, a Série B não foi fácil, muitos doando o máximo que tinham, vindos de clubes grandes para ajudar o Figueirense, veio a Covid, foi uma situação bem complicada. No final do ano eu tive uma lesão séria que me tirou do final da temporada e acabamos caindo — conta.
— O Figueirense me abriu as portas quando jovem, depois me abriu de novo, tenho um carinho muito grande. Torço muito para que o Figueirense volte para onde nunca deveria ter saído. Acompanhei o Figueirense em 2011 quando estava na base, ia no estádio, sempre cheio, jogando contra times grandes. É esse o lugar que o Figueirense tem que estar — completou.
No total, Paulo Ricardo ficou no Figueira por uma temporada e meia, foram 35 jogos. No final do Catarinense, partiu mais uma vez para o futebol internacional.
"Acostumado" com o frio, após a passagem pela Suíça, Paulo Ricardo se transferiu para o Kuopion Palloseura, da Finlândia, em 2021.
Em uma temporada e meia por lá, o zagueiro fez 42 jogos e criou um carinho muito grande pelo futebol finlandês.
— Quando iniciou a temporada a gente jogava com 0° C. O futebol é muito tático, acompanho muito desde que saí de lá. [O time] Não mudou muito do estilo que a gente jogava, com a posse de bola, gosto muito desse estilo de jogo. Cheguei no clube certo, na hora certa.
Paulo Ricardo mudou da água para o vinho. Do frio intenso, para o calor escaldante. Em 2022, começou a trajetória no futebol árabe, uma temporada antes de ser moda jogar na Arábia Saudita, com a chegada de grandes craques de nível mundial.
O zagueiro foi adversário de Firmino, Benzema, Kanté, Henderson, mas faltou um: Cristiano Ronaldo.
— Cheguei com o Al Hazem na segunda divisão, a gente subiu, renovei meu contrato e joguei contra esses craques todos. Foi sensacional. Infelizmente eu não tive a chance de jogar contra o Cristiano Ronaldo, ele estava suspenso no jogo contra nós, foi 4 a 4 e marquei o gol do empate no finalzinho. Ele estava lá assistindo, mas queria ter tido a chance de jogar contra ele, ele é uma lenda.
— A gente vê a diferença técnica, é uma capacidade absurda. O Benzema joga o fino da bola. O que a gente tentava fazer era deixá-lo o mais longe possível do nosso gol. Ele marcou contra nós. É uma qualidade absurda, em um ou dois toques a gente via a diferença. É um pensamento muito rápido. Se ele não consegue uma opção, ele vai tentar duas, três, é impressionante.
Na atual temporada, Paulo Ricardo mudou de ares, mas continuou na região. Se transferiu para o Al Urooba, do Emirados Árabes Unidos.
Com 30 anos e há quatro temporadas longe do Brasil, Paulo não se vê voltando agora, apesar da saudade de casa.
— No momento vou aproveitar esse ano de contrato que eu tenho. Depois, se quiserem renovar, renova, se não quiserem, se tem Brasil, se tem Finlândia, isso eu decido com a minha família.
— Eu tenho minha família aqui, minha esposa, meu filho, mas, no geral, a família da minha esposa, meus pais, meus irmão, a gente todo mundo junto, isso não tem preço. Cada ano que passa é o que eu dou mais valor. Isso que eu tenho mais saudade do Brasil — completou.
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