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Por Thales Soares — Rio de Janeiro


A camisa 9 sempre teve um grande peso no futebol. Hoje, mesmo com a numeração fixa, ela ainda coloca sobre seu dono a responsabilidade de fazer gols. Mesmo nas divisões inferiores, são eles as referências no ataque. Na final da Série A2 do Rio de Janeiro (a segunda divisão), neste domingo, entre Maricá e Olaria, no Estádio João Saldanha, os dois times terão em campo jogadores que fizeram jus ao que o número demanda: Pablo Thomaz e Macário.

Pablo Thomaz, do Maricá, e Macário do Olaria — Foto: Infoesporte

Artilheiro da Série A2, Pablo Thomaz, do Maricá vai completar 25 anos no dia 7 de setembro. Ele marcou oito gols na competição, dois deles na primeira rodada, justamente na vitória por 2 a 0 sobre o Olaria. No jogo de ida da final, na Rua Bariri, ele não fez gol, mas deu a assistência para Filipinho marcar no empate em 1 a 1.

- Escolhi a posição de ser atacante vendo o Ronaldo. Então, ele é um espelho para mim. Com 12 anos, eu saí de Ribeirão Preto e fui para o Coritiba. Fiz a base toda lá, joguei a Série B em 2018, depois a Série A. Esse ano. eu estava no Guarani. Tive uma passagem pelo Santos também, onde trabalhei com o professor (Fernando) Diniz. Fiz o gol que salvou o Guarani da queda no Paulista. Aproveitei a oportunidade que surgiu para mim e vim aqui para o Maricá contribuir com o projeto - disse Pablo Thomaz.

Com seis gols, Macário ainda tenta alcançar o adversário. Aos 23 anos, ele está em sua segunda passagem pelo Olaria. No jogo de ida da final, fez o gol do empate, já no segundo tempo, chegando a seis na competição, ficando a dois de Pablo Thomaz.

- Foi muita batalha até chegar aqui no Olaria, que foi o primeiro clube que me deu oportunidade profissionalmente. Fui campeão aqui já e voltei. Dei uma rodada, passei no Volta Redonda, Portuguesa. Eu quero dar essa alegria para a torcida, porque ela merece muito. A gente já vem batendo na trave dois anos seguidos (foi vice da Série A2 em 2022 e 2023). Esse vai ser o terceiro. Teve aquele começo ruim, alguns desacreditaram, mas a gente sempre manteve a confiança de que chegaria na final - comentou Macário.

Pablo Thomaz (E) com seus companheiros de Maricá — Foto: Léo Alves/Maricá FC

Pablo Thomaz tratou a falta de sequência em clubes mais estabelecidos por ainda não ter engrenado em sua carreira. Na saída do Guarani, seu plano era buscar uma oportunidade fora do país, mas acabou aceitando o convite do Maricá na expectativa de conseguir uma transferência na janela de transferências que está aberta na maioria dos países nesse momento.

- Meu desejo era ir para fora do país. Eu tive algumas propostas de Série C, duas de Série B assim que eu saí do Guarani. E optei por não aceitar e vim para cá nesse primeiro momento. Até antes de a gente classificar, eu tive outras propostas daqui do Brasil, as coisas começaram a acontecer e apareceram coisas de fora do país. Mas eu não tinha terminado aquilo que eu comecei. O pessoal da diretoria pediu para eu permanecer. E eu também quis fazer história aqui no clube - contou Pablo Thomaz, que mora com a esposa e os três filhos em Maricá.

Os sonhos de Macário ainda são mais modestos. Ainda em busca de uma oportunidade nas principais divisões nacionais, o jogador se vira para seguir sua carreira de jogador. Cria de Saquaçu, em Santa Cruz, ainda mora no bairro, com a esposa Djhuliane e a filha Aylla, de um ano.

Macário em campo pelo Olaria — Foto: Hugo Almas / Olaria

- Passei minha infância todinha lá. Lá é perto da Urucânia. É um bairro humilde, mas com muito talento. Podem sair muitos meninos de lá. É um orgulho imenso representar minha comunidade. Eu venho de trem. Às vezes eu pego carona com o Kevin, o nosso 10. Mas a gente vem nessa batalha sempre. É uma caminhada legal. Estourando, dá duas horas no máximo, mas é uma dificuldade porque às vezes você sai cansado, chega aqui, treina, volta cansado. Trem lotado. Tem que ser guerreiro mesmo, de verdade - explicou Macário.

A necessidade, inclusive, fez Macário diversificar sua fonte de renda. Ele e sua esposa, agora, vendem biscoito amanteigado.

- Hoje, eu consigo viver do futebol. Mas, no mês passado, eu comecei com a minha esposa a vender biscoito amanteigado. Inclusive, se quiser, tenho aqui. Eu trago para galera comprar, a gente vende mais para família, pessoal mais próximo da comunidade. É um complemento de renda - disse.

De olho no futuro, Pablo Thomaz não larga o futebol nem mesmo nos momentos de folga. Mesmo morando em Maricá, ele costuma ir aos jogos no Maracanã para assistir aos jogos do Campeonato Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil.

Pablo Thomaz, do Maricá — Foto: Léo Alves/Maricá FC

- Eu gosto acompanhar alguns jogos e de ir à praia. Mas eu Já fui ao Maracanã, assisti a Flamengo x Botafogo, Flamengo x Cruzeiro, assisti ao Fluminense. Já fui a São Januário também. Eu gosto muito de futebol. Até minha esposa brinca que eu estou em casa, às vezes de folga, vendo futebol. Ela fala para eu parar de viver futebol um pouco. Mas são clubes e jogadores da Série A e eu tive oportunidade de passar por lá, é um espelho. Desejo de voltar para lá. Estou trabalhando muito para isso - comentou Pablo Thomaz, que já atuou no Maracanã, defendendo o Coritiba.

Manter a artilharia da competição também é um objetivo de Pablo Thomaz. Nada que tire o foco principal da conquista do título e do acesso para o Maricá.

- Com certeza, se a equipe tiver bem, os objetivos da equipe estiverem sendo concluídos, o individual vai sobressair. Então, eu sou um cara que sempre fiz gol, desde a base do Coritiba. Eu sempre busco isso. Mas, se eu te falar que eu vim para cá pensando na artilharia, eu vou estar mentindo. Eu vim para cá para ajudar a equipe. Eu troco todos os meus gols por esse acesso. Imagina ter o acesso e eu como artilheiro da competição. Então, vai fechar a cereja do bolo - afirmou Pablo Thomaz, que já havia atuado pelo Audax no Carioca de 2023, quando marcou seis gols na competição.

Macário com a filha Aylla — Foto: Hugo Almas/OlariaAC

Macário foi formado nas categorias de base do América, onde fez parceria de ataque com André Luiz, ex-Flamengo, que está em Portugal. Teve uma passagem pelo sub-20 do Grêmio e fez sua estreia profissional em 2022 pelo Olaria. em sua volta ao clube depois de rodar por Volta Redonda, Portuguesa e Vitória-ES, ele espera terminar com o acesso, que sacramentaria a volta do Olaria para a Série A do Carioca depois de 11 anos.

- Vesti mesmo de verdade a camisa. O clube do Olaria é centenário. Então, você olha a torcida, eles fazem de tudo para estar aí com a gente, apoiando. O meu sentimento é de gratidão, de poder conseguir dar algo a mais. Eu sempre fui esse cara de ser artilheiro. E foi assim em todas as temporadas que eu joguei. É uma meta sempre quando começa uma competição. Eu vou brigar até o fim. Mas claro que o objetivo maior é o título, o acesso - disse Macário, que tem contrato com o clube até o fim da Copa Rio, em setembro.

Depois do empate em 1 a 1 entre Olaria e Maricá no jogo de ida, não há vantagem no jogo de volta. Neste domingo, às 14h45 (de Brasília), no Estádio João Saldanha, em Maricá, quem vencer será campeão e garantirá o acesso. Um novo empate leva a decisão para as cobranças de pênalti.

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