Fabrício Domínguez fora dos campos: conheça mais da intimidade do volante do Sport
O visual despojado é inconfundível ao chegar no centro de treinamento José de Andrade Médicis: um sapato vans, típico de skatistas, meia branca e preta na altura da canela, camisa e bermuda oversized. Eis, em seu estado bruto, Fabricio Domínguez, o volante uruguaio que tem encantado o Sport.
Ele é, ao lado do atacante Chrystian Barletta, o artilheiro do time na Série B, com oito gols.
Mas, pouco se sabe sobre o Fabricio Domínguez Huertas, de 26 anos. Apreciador de pagode, músicas retrô, praia e de uma boa feijoada (cuscuz, nem tanto). Alguns dos destalhes descobertos a partir de uma conversa descontraída do ge com o jogador.
As origens no Uruguai 👨👨👧👧
Nascido em Montevidéu em 24 de junho de 1998, Domínguez é filho de Sandra Huertas e Carlos Domínguez, e irmão de Micaela.
Fã do também uruguaio Diego Forlán e do brasileiro Kaká, batia bola desde cedo nas ruas do bairro Ciudad Vieja, centro histórico da capital uruguaia, onde morava com a família. Até encarar o desejo de ser atleta profissional e ganhar a primeira chance na base do Nacional, em 2015, aos 16 anos.
Detalhe: à época, vestia a camisa 10 - e não a 8, como agora.
Fabricio, no entanto, se mudaria para o país vizinho para poder atuar profissionalmente. Transferiu-se para o Racing, da Argentina, mas foi no Tigres, cinco anos depois, a estreia como profissional. Fez ao todo 12 jogos pelo time em 2020, e depois vestiu as camisas do próprio Racing, além do Defensa y Justicia e do Argentinos Juniors.
Em quatro anos na curta carreira, a vida do uruguaio mudaria por completo em uma ligação. Do outro lado da linha, um até então desconhecido Mariano Soso faria uma proposta.
"Ele me ligou dizendo que tinha um projeto aqui no Sport, que era um time grande, que estava precisando subir. Que tinha uma torcida enorme. Mariano me trouxe para jogar de lateral, ele havia falado isso comigo, e se deu que comecei a jogar de volante e joguei bem. Agradecer a Mariano e sua comissão que me deram confiança para jogar aqui."
De lateral para volante... Goleador
O primeiro contato com o técnico convenceu, mas foram os vídeos da Ilha do Retiro, assistidos depois da conversa, que desnortearam Domínguez. "Eu queria chegar, tipo, já, logo", recorda.
Da estreia contra o Santa Cruz, no Estadual, até o jogo contra o Botafogo-SP, quando abriu o placar da vitória por 3 a 1, o uruguaio fez 48 partidas e marcou oito gols.
Veio para a lateral, mas se descobriu no meio. Resultado: em uma única temporada, nenhum volante fez mais gols que ele em 10 anos no Sport.
"Eu sempre confiei em mim, mas não imaginava o carinho da torcida, de todos. Estou super agradecido, feliz. Eu estou gostando muito do Sport, é um sonho estar jogando aqui. Agradeço a meus companheiros, sem eles não seria possível. Trabalho, continuidade, confiança, tudo isso me leva a fazer gols e estar feliz aqui", diz, em absoluto desfrute pelo momento.
Sport 3 x 1 Botafogo-SP | Gols | 32ª rodada | Série B 2024
Aliás, o último gol contra o Pantera, anotado na Ilha do Retiro, rendeu uma espécie de tributo ao astro do pop, Michael Jackson. De quem Fabricio Domínguez é fã. Não só ele, inclusive.
- Eu gosto de Michael Jackson. Quando eu estive machucado, aí estive muito com Romarinho e às vezes íamos para a academia e dançávamos as músicas. E eu falei para ele que quando eu voltasse e fizesse um gol, ia fazer essa dança de Michael Jackson - revela.
No embalo do "moonwalk" do artista, Domínguez disputa a artilharia da Série B, hoje liderada por Caio Dantas, centroavante do Guarani, com 11 gols.
Em quem se inspirar 🧠🪞
A atual fase de Fabrício Dominguez traz para perto dois personagens de sua história: o pai, Carlos, e o astro do basquete Michael Jordan. O primeiro, em especial, é sua referência de vida; o segundo, inspiração de mentalidade inabalável na busca pelo sucesso.
Aos 61 anos, Jordan inspirou a produção do documentário "O arremesso final", que narra sua trajetória de sucesso nas quadras de basquete. Domínguez assistiu a produção audiovisual e admite o impacto.
"Depois de assistir à série dele, eu fiquei assombrado. Gosto muito dele por sua mentalidade, sempre buscava uma motivação em cada jogo e isso eu gostei muito", afirma.
O pai de Fabricio faleceu em 2019 e seu aniversário, comemorado em 18 de fevereiro, virou símbolo na pele - e no peito - do filho. Fabricio Domínguez tatuou a data e, em tom de voz embargada, lembra dos ensinamentos deixados por seu "fã número um".
"Ele está no céu e me acompanha desde lá. Era meu fã número um, sempre acompanhou minha carreira por todos os lados. Senti muito a falta dele quando foi embora, mas deixou muito ensinamento para mim, de sempre continuar trabalhando e querer ir por mais. Hoje sou o que sou graças a ele."
À sua maneira, Fabricio tenta replicá-los no presente. Para o futuro, não esconde o sonho em vestir a camisa da seleção uruguaia. "Seria um sonho incrível, um sonho que tenho com meu pai, minha mãe, e minha família".
Enquanto o desejo (por enquanto) ainda é guardado na imaginação, Domínguez vai caindo nas graças dos rubro-negros. Em contrapartida, se encanta cada vez mais com o carinho da torcida e se derrete pelas belezas da capital pernambucana.
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E por que não as delícias também? Ah, uma feijoada...
"Eu experimentei cuscuz, mas não gostei muito (rs). E feijoada eu gostei, isso sim... A comida mais gostosa que eu já comi aqui é ela. E a que fazem no CT é a melhor, muito gostosa", conta.
Mas os atrativos visuais, realmente, não faltam. A começar pela própria casa: o uruguaio mora na Reserva do Paiva, praia do município de Cabo de Santo Agostinho e novo reduto dos boleiros. O lugar é paradisíaco, quase que particular, e ostenta imóveis de alto padrão.
Calor, praia e mate 🧉🏖️
Fabricio Domínguez vive sozinho em seu apartamento e de tempos em tempos recebe a visita da mãe. Na folga, curte o que há de melhor no que chama de "paraíso" - acompanhado, é claro, do tradicional mate nas mãos.
"Aqui é maravilhoso. Ter a praia ali perto é como viver num paraíso. Tem alguns tubarões, mas já sabemos disso, temos cuidado. Mas estou desfrutando muito de morar aqui, clima, praia, toda a gente, é maravilhoso", diz.
O uruguaio, aliás, não é o único gringo do elenco que mora na Reserva do Paiva: os argentinos Julián Fernández e Leonel Di Plácido também. O trio, recentemente, postou uma foto com uma prancha de surf. Lenny Lobato, brazuca do elenco, foi o mentor nas águas.
- Estamos sempre juntos. Também nos juntamos com brasileiros, temos um bom time, unido, estamos sempre com alegria. Gosto de ir à praia nas folgas e pedi para minha mãe trazer um jogo para passar o tempo com amigos. Gosto de jantar por Recife, tem muitos lugares bonitos.
Mas há algo faltando para preencher a vida de Fabricio Domínguez, ele confessa: um "cachorrinho". Desde que perdeu Indio, neste ano, o camisa 8 deseja outro companheiro, mesmo admitindo as dificuldades naturais da rotina de viagens aos jogos e o pouco tempo para ficar em casa.
- Eu gostaria de ter um cachorrinho, mas é difícil por causa das viagens e ele ficaria sozinho. Mas, se fico aqui mais anos.... Gostaria de um. Agarrando o carinho hoje em dia pelo Sport, quem sabe se sigo jogando e a torcida segue assim, o carinho aumenta? Como que dizem? "Apaixonê."
Domínguez tem contrato de empréstimo com o Sport até o final dessa temporada e opção de compra fixada em 750 mil dólares por 60% de seus direitos econômicos.
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