É preciso dizer, antes de mais nada, que a venda de Pedro Lima ao Wolverhampton não caiu do céu. Não foi fruto de uma conjuntura de fatores que, por coincidência, levou o Sport à sorte de concretizar a maior venda da história da região Nordeste brasileira. Neste contexto, é justo dizer: o clube colhe o que plantou, materialmente e, talvez de forma até mais valiosa, simbolicamente.
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Afinal, possivelmente jamais a marca Sport Club do Recife tenha sido tão mencionada no mercado de transferências internacional.
Ao ter o clube associado a potências como Chelsea, Real Madrid e o próprio Wolverhampton, equipe inglesa que exerceu a compra de Pedro Lima por 10 milhões de euros - aproximadamente R$ 61 milhões (na cotação atual) -, a marca rubro-negra soma uma inerente valorização.
A concretização da venda de Pedro Lima eleva o Sport a outro patamar como revelador de talentos no Brasil. Uma negociação sem intermediários, direto para um clube da Premier League, reconhecidamente a mais forte do mundo, mais do que um aporte financeiro recorde, também simboliza um novo ciclo que pode se abrir na Ilha do Retiro.
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Trata-se de um processo em curso. E uma série de atributos apontam para uma devida valorização das divisões de base do Sport, especialmente nos últimos dois anos.
Depois de quase três anos, por exemplo, o Sport recuperou, há um ano, o Certificado de Clube Formador - emitido pela CBF às equipes especializadas na formação de atletas no futebol.
O documento, já renovado este ano, resguarda o clube jurídica e financeiramente, uma vez que assegura direitos previstos em lei enquanto time atuante na formação dos jogadores.
O Sport evita, por exemplo, perdas de valores significativas ocorridas nos últimos anos, a exemplo do zagueiro Adryelson, atualmente no Lyon, atleta que deixou o clube de graça e, ainda pior, gerou prejuízos.
Com a chave virada, o clube tem acumulado valores recordes no orçamento destinado às divisões de base. Segundo números passados em entrevistas recentes pelo coordenador geral do setor, João Marcelo Barros, o Leão investiu R$ 3 milhões, em 2022; no ano seguinte, R$ 4,2 milhões; e, neste ano, a previsão chega aos R$ 5,8 milhões.
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Os valores foram materializados em investimento no corpo profissional e em estrutura. No ano passado, o Leão investiu aproximadamente R$ 2 milhões em um campo sintético.
Em junho da atual temporada, o clube iniciou novas obras que incluem, por exemplo, a construção de uma academia exclusiva para a base. O investimento total chega a cerca de R$ 3 milhões.
Em paralelo, o Sport contratou Thiago Larghi, um treinador de renome nacional, para comandar a equipe sub-20 e ser o coordenador metodológico das divisões de base.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Sport chegou às semifinais da Copa do Brasil Sub-17. Ano passado, repetiu a melhor campanha da história do clube na Copa São Paulo de Futebol Júnior, ao chegar às quartas de finais.
São elementos que se somam ao trabalho para internacionalizar a marca. Na semana passada, o Rubro-negro foi campeão da Mad Cup, torneio sub-19, disputado em Madri, na Espanha.
João Marcelo Barros falou, no podcast Embolada, sobre o trabalho desenvolvido na base do Sport
No ano passado, o clube participou da a Viareggio Cup, na Itália; e da Algarve Cup, em Portugal. O Leão fará sua segunda participação na competição portuguesa, prevista para novembro.
São exemplos múltiplos de ações que inserem a base do Sport nos mapas nacional e internacional.
"Nós temos buscado internacionalizar a marca do Sport com a participação em torneios internacionais com as categorias de base e sem dúvida alguma essa transação de Pedro Lima vem para consolidar esse trabalho e colocar o clube numa prateleira internacional que nós não figurávamos", disse João Marcelo Barros, após oficialização da venda do lateral.
Na mesma entrevista, institucional, o dirigente rubro-negro pontua que o Sport recebeu consultas de clubes espanhóis, portugueses, holandeses até a concretização da negociação de Pedro Lima com o Wolverhampton.
- É um movimento que coloca o Sport num lugar de destaque e, agora entendendo como é a fórmula, precisamos praticar isso de forma recorrente para assegurar que a base vai colocar o clube num outro patamar no mercado internacional - acrescentou Barros.
Neste sentido, portanto, é relevante agora saber: quanto do valor milionário oriundo da venda de Pedro Lima o Sport pretende reinvestir nas divisões de base? Quais próximas lacunas estruturais (porque elas existem!) serão prioritárias para sedimentar o trabalho na base? A que prazo?
São respostas que cabem à figura do presidente Yuri Romão, que tem, por sua vez, admitamos, méritos em chefiar todo o processo de reestruturação da base na gestão - ao mesmo passo que carregará consigo o peso de eleger as escolhas corretas para o seguimento do projeto.
Segundo estudo realizado pela Alvarez e Marsal, empresa que presta consultoria financeira ao Sport, cada R$ 1 investido se tornam, na média brasileira, R$ 3,2. Quanto, portanto, nessa linha, o clube pretende apostar a fim de encontrar novas joias do nível de Pedro Lima?
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