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Por Redação do ge


Acostumado a enfrentar todo tipo de adversidade no mar, o velejador dinamarquês Martin Kirketerp encarou rivais pouco usuais em 2023. Medalha de ouro na classe 49er nas Olimpíadas de Pequim 2008, ele foi atingido por um raio e viu seu barco ser atacado por uma baleia orca no espaço de seis meses.

- Tem sido um ano mais agitado do que o normal - brincou Martin em entrevista ao Olympics.com.

Martin Kirketerp em ação em Pequim 2008 — Foto: Reprodução Olympic Channel

Em janeiro deste ano, após ficar em segundo lugar na etapa de Cingapura da SailGP, competição internacional de vela por equipes, o velejador de 40 anos voltava para terra quando um raio atingiu o barco onde estava.

- Eu funcionei como um para-raios humano. Foi uma experiência muito desagradável, porque vai de zero a 100 em uma fração de segundo, você só espera que termine logo. Fiquei com medo, admito - disse Martin. - Você sente como se estivesse rasgando todo o seu corpo. O positivo é que dura apenas alguns segundos. Acabou num piscar de olhos, mas enquanto está acontecendo, é intenso. Não consegui sentir meu braço depois.

Apesar da descarga brutal, calculada em 300 milhões de volts, Kirketerp foi liberado após passar a noite em observação num hospital local. Um médico explicou ao velejador que quando um raio atravessa seu corpo, causa uma contração que ativa 100% de sua força muscular - segundo especialistas, em situações normais uma pessoa recruta entre 50% e 70% de sua força.

Mas o ano "agitado" de Martin Kirketerp estava apenas começando. Em junho, o dinamarquês passou por outro momento pouco comum no mar. Ele participava da regata de volta ao mundo The Ocean Race e passava pelo Estreito de Gibraltar a bordo do barco do Team JAJO, da Holanda, quando uma família de orcas colidiu com a embarcação.

- Nós vimos algumas barbatanas grandes se aproximando no horizonte e era uma família de baleias vindo ao encontro do nosso barco, dois adultos e um bebê. Eles queriam brincar. Nós baixamos as velas e tentamos ficar parados. Ficamos mais chateados porque vimos nossos rivais nos ultrapassando - lembra Kirketerp. - Elas deram uma boa surra no barco. É um animal muito grande e pesado, então quando eles batem com a cabeça no leme, o barco inteiro treme. Tive muito medo que o leme quebrasse.

A equipe tentou fazer barulho batendo no casco para espantar as baleias e teve sucesso após cerca de meia hora. De volta à disputa, o Team JAJO de Kirketerp alcançou os três barcos que o haviam ultrapassado e terminou a etapa em segundo lugar. Hoje, o velejador vê o lado positivo do encontro com a família de orcas.

- Já vi muita vida marinha por aí, mas nunca experimentei nada parecido. Foi uma experiência fantástica ver esses animais grandes, majestosos e impressionantes tão de perto. Mas teria sido muito mais legal se eles apenas viessem e dissessem olá, seguissem o barco um pouco e depois nadassem - brincou.

Apesar dos sustos, nenhum dos dois eventos mudou a perspectiva de Kirketerp sobre o esporte - ou a vida.

- Continuo a fazer as coisas que faço. Todos podemos concordar que as coisas que fazemos no mar e nos esportes radicais envolvem algum risco - diz o velejador. - É claro que os dois episódios que experimentei são fora do padrão. Não é algo que acontece sempre.

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