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Por João Gabriel Rodrigues — Tóquio, Japão


Simone Biles ainda não está bem. O sorriso no rosto, a medalha no peito, as respostas sinceras a perguntas de jornalistas do mundo inteiro. A maior ginasta da história, que conquistou um bronze na trave depois de desistir de outras quatro finais nas Olimpíadas de Tóquio, porém, afirma que ainda há um longo caminho até se recuperar. A americana afirma que ainda tenta entender como e por que corpo e mente perderam a sincronia.

- Eu não sei como eu estou me sentindo agora. Eu só preciso voltar para casa e trabalhar em mim mesma, me sentir ok com tudo o que está acontecendo, processar tudo enquanto estou aqui. Foi a parte mais difícil disso tudo. Eu estava ok por perder as finais porque sabia que, fisicamente, eu não poderia fazer isso. Mas eu precisava entender por que o meu corpo e minha mente não estavam em sincronia. O que aconteceu? Eu estava muito cansada? Por que os cabos não conectavam? Eu treinei a minha vida toda, eu estava pronta, mas algo aconteceu fora do meu controle. Mas, no fim do dia, a minha saúde importa mais do que qualquer medalha.

Simone Biles na final da trave nas Olimpíadas 2020 — Foto: REUTERS/Lindsey Wasson

Simone sofre com “twisties”, uma condição de estresse tão grande que leva à perda de controle do corpo e da noção de espaço. Isso, segundo ela, ainda não mudou. Continuou durante toda a semana, quando, da arquibancada, viu ginastas do mundo inteiro competirem por algo que ela não conseguiu até esta terça-feira.

- Isso tudo continua. Toda vez que eu vejo os meninos e as meninas ali, competindo, eu não ainda não consigo entender como eles fazem.

Simone Biles volta a competir conquista bronze na trave

Simone Biles volta a competir conquista bronze na trave

O caminho ainda é incerto. Simone não sabe o que fará nos próximos meses. Muito menos nos próximos anos. A ginasta americana prefere não cravar qualquer resposta definitiva. As Olimpíadas de Paris, porém, parecem algo distante.

- Eu acho que ainda estou tentando processar tudo o que aconteceu nessas Olimpíadas. Então, Paris não está na minha cabeça agora. Porque eu ainda tenho muita coisa que eu preciso trabalhar comigo mesma antes.

Simone Biles no aquecimento para a trave das Olimpíadas — Foto: Ricardo Bufolin/Panamerica Press

Cecile Landi, técnica de Simone há quatro anos, também não sabe qual caminho a seguir. Prefere esperar que a ginasta se sinta à vontade para definir seus próprios passos.

- Ela só quer voltar para casa, aproveitar seu namorado, seu cachorro. Acho que vai focar em sua folga. Depois disso, vamos ver. Um passo de cada vez. Foi muito duro para ela essa semana. Eu não quero colocar palavras em sua boca. Se ela quiser voltar, vamos estar aqui. Com a semana que ela teve, acho que não está pronta para assumir qualquer compromisso. E eu não a culpo por isso. Ela precisa levar um dia por vez, ver como ela reage, como se sente. É uma parceria. Ela tem 24 anos, ela se conhece, eu a conheço bem - afirmou.

Nas últimas semanas, Simone evitou olhar suas redes sociais. Não quis se importar com o que estavam dizendo sobre o processo que está vivendo. Em ligações, conversou com seus pais, seu namorado, seus padrinhos. Viu seu cachorro. O mundo virtual, preferiu deixar de lado.

- Eu só fiz isso (voltou a competir) por mim. Só quis vir e me divertir. No fim do dia, não somos entretenimento. Somos humanos. E as pessoas esquecem disso. Eles não fazem ideia do que acontece por trás da cena. Apenas pegam as nossas redes sociais e nos julgam por lá. Mas as pessoas não fazem ideia. Eu tenho muito amor e suporte, mas também vejo muita coisa ruim.

Simone Biles na final da trave nas Olimpíadas 2020 — Foto: Elsa/Getty Images

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