Bicampeão olímpico e tido como o maior ginasta da história da Espanha, Gervasio Deferr foi acusado de abuso sexual contra três menores de idade no país europeu. O advogado de uma das vítimas levou a denúncia à imprensa espanhola no fim de novembro. Ele afirmou que o crime ocorreu quando o ex-atleta de 44 anos, aposentado desde 2011, ainda treinava em centros de alto rendimento. Como se trata de um caso antigo, já prescrito, não deve haver desdobramentos na Justiça. Deferr, por sua vez, publicou um vídeo na terça-feira (3) e alegou inocência.
– Quero defender a presunção de inocência. Parece que agora sou o inimigo de todo mundo, e não é bem assim. Creio que não sou uma pessoa que oculta problemas ou deixa de reconhecer seus erros quando os comete. Mas não posso assumir algo que não está certo – afirmou Deferr (veja a íntegra do pronunciamento no fim da matéria).
Competindo na ginástica artística desde a década de 1990, quando ainda era menor de idade, o espanhol conquistou o primeiro ouro olímpico aos 19 anos, em Sydney 2000. Quatro anos depois, voltou ao lugar mais alto do pódio nos Jogos de Atenas. As duas medalhas douradas vieram no salto. Em Pequim 2008, Deferr ainda ficou com a prata no solo.
Após encerrar a carreira como ginasta profissional, em 2011, o espanhol precisou lidar com o vício em álcool. A sobriedade foi recuperada em 2017, ano em que Deferr passou por uma clínica de reabilitação. Desde então, o ex-atleta administra uma escola de ginástica em Barcelona e escreveu um livro para contar sua história.
A mídia espanhola, inclusive, investiu em uma série sobre o livro, mas a produção teve a estreia adiada depois da denúncia de abuso sexual. A identidade do advogado denunciante e das vítimas de Deferr não foram reveladas. Ao todo, três menores teriam sido violentadas pelo ginasta, já maior de idade, em um centro de treinamento.
Na Espanha, há dois centros destinados a atividades de alto rendimento da ginástica artística: um perto de Barcelona e outro em Madrid. Entre 1992, quando tinha 13 anos, e 2011, Deferr esteve no primeiro deles. Em alguns momentos, ao se juntar à seleção, também treinou na capital espanhola.
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Veja a íntegra do pronunciamento de Gervasio Deferr:
“Faço esse comunicado, porque, no último sábado (30), me acusaram de algo muito grave em uma notícia publicada no diário ‘El País’. Não sei o motivo para tudo isso. Ninguém me comunicou nada, nem recebi um aviso de que há uma denúncia contra mim. Sei o mesmo que vocês: advogados anônimos me denunciam, com uma vítima anônima e outras duas pessoas anônimas também. Não especificam quando, como, nada do que houve, mas me acusam.
Quero defender a presunção de inocência. Parece que agora sou o inimigo de todo mundo, e não é bem assim. Estou há muito tempo trabalhando questões pessoais e creio que não oculto meus problemas ou deixo de reconhecer erros quando os cometo. Por toda a minha vida, reconheci meus erros e trabalhei para melhorar. O que não posso fazer é assumir e reconhecer algo que não está certo.
Por enquanto, não vou fazer mais comunicados, nem falar com ninguém, até ter mais informações. Não tenho nem ideia de onde possa vir isso. Sou inocente, e tenho isso claríssimo. Assim, estou tranquilo. E quero agradecer pelas demonstrações de carinho desde que saiu a notícia.”
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