Isaquias Queiroz recebe a medalha de prata no C1 1000m nos Jogos de Paris 2024
As cinco medalhas na bagagem e o "sprint" final na luta pela prata em Paris 2024 encerram a trajetória gloriosa de Isaquias Queiroz em mais um ciclo olímpico. Na última quarta-feira (14), em evento realizado pelo Flamengo, na sede da Gávea, Isaquias esteve ao lado de outras atletas do clube para receber uma homenagem pelas conquistas nos Jogos. Apesar do desfecho positivo, o percurso do canoísta brasileiro de 30 anos teve mais obstáculos do que o esperado até o pódio em Paris. Ainda em 2023, Isaquias esteve perto de desistir e optou por uma pausa na preparação, que rendeu a ele críticas e desconfiança.
Durante a homenagem concedida ao atleta pelo Flamengo, clube que representa, o canoísta falou com exclusividade ao ge sobre o período de instabilidade na carreira, a medalha de prata em Paris e mais.
- Eu comecei a "arrebentar" em 2013. Em 2022, eu já estava há nove anos brigando por pódio. 2023 estava sendo pesado para mim. Eu falava "não dá mais", estava desmotivado, mais explosivo em casa... Passei um ano na Bahia, com apoio da minha família, do Comitê Olímpico, do Flamengo, e foi muito importante pra mim.
Ainda que a decisão de fazer uma pausa tenha sido em benefício próprio, Isaquias diz que a decisão recebeu críticas. Muitos a apontaram como o fim da possibilidade de conquistar uma medalha em Paris 2024:
- Muitas pessoas não acreditavam mais que eu ia estar em Paris, num alto nível para ganhar medalha, mas eu mostrei que às vezes é importante um atleta dar uma "descansadinha", aproveitar a família, o lugar em que gosta de estar - disse ele.
Diferente do que apontavam os críticos, Isaquias conquistou mais uma medalha para o Brasil, dessa vez a prata, em uma prova épica por parte do brasileiro. A conquista, para ele, esteve diretamente ligada à tão criticada pausa no ano de 2023, quando sentiu o psicológico abalado e cogitou até desistir dos Jogos de Paris.
Descanso "em casa"
Ainda sobre a pausa, por mais que Isaquias represente as cores do Flamengo, do Rio de Janeiro, o lugar que o acolheu não estava em território carioca. Apoiado pelo clube e por entidades com as quais trabalha, Isaquias recorreu à Bahia, onde nasceu, tem família, amigos e passou boa parte da vida.
- Normalmente a Bahia é meu ponto forte para relaxar um pouco. Lá tive todo apoio para recuperação mental, emocional e física. Agora estou com tudo. Não posso deixar a correria toda de treinamento me pegar de novo. Isso é o que põe o atleta um pouco para baixo - completou.
A prata em Paris
Isaquias Queiroz conquista a prata no C1 1000m da canoagem velocidade
Já com outras quatro medalhas na bagagem, se engana quem acha que a prata nos Jogos de 2024 não teve tanta importância. Para Isaquias, o lugar no pódio, conquistado de forma emocionante, teve um sabor especial:
- O cenário todo deu até um gostinho de ouro. Minha prova pode ser referência para nós, brasileiros, nunca desistirmos dos nossos sonhos, dos objetivos. Mostrei que, mesmo nos momentos mais difíceis, temos que acreditar e ir para cima. Para mim, essa prova também vai ficar marcada na história, pela recuperação não só física, mas também mental.
Apesar de valorizar a recuperação na disputa e o desfecho positivo, o brasileiro disse ter sentido medo de ficar sem a medalha. Para ele, esse receio é importante para "o atleta dar o seu melhor".
- No fim era tudo ou nada. Se saísse sem medalha, queria pelo menos saber que dei meu máximo, tudo que tinha que dar.
O futuro de Isaquias
No momento, assim como em 2023, o grande sonho do segundo maior medalhista olímpico do Brasil é, de acordo com ele, o descanso. Isaquias pretende "aproveitar com a família" e, sem pressa, como ressaltou, voltar aos treinamentos. Ainda de acordo com o canoísta, parar de competir não é uma possibilidade no momento.
- Parar, por enquanto, não. Eu tinha esse pensamento em 2023 mas porque estava bem pesado para mim. Agora é descansar um pouco, sentir o carinho do brasileiro com a gente e depois voltar.
Veja também