Dia #76: O bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima, uma das maiores injustiças da história
Uma medalha de ouro olímpica é o máximo da carreira de qualquer atleta, certo? Bem, mais ou menos. Existe uma honraria que, na hierarquia olímpica, supera o lugar mais alto do pódio: a Medalha Pierre de Coubertin. Concedida a apenas 21 pessoas na história olímpica, ela é concedida a quem demonstra alto grau de esportividade e espírito olímpico durante a disputa dos Jogos.
Feita de ouro maciço, a Medalha Pierre de Coubertin não tem relação com o desempenho esportivo, mas com demonstração de ética, humanidade e esportividade em situações de alto grau de dificuldade durante os Jogos Olímpicos. A medalha é considerada a mais alta honraria do COI (Comitê Olímpico Internacional).
Desses 21 condecorados, apenas um é brasileiro: o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima. Ele recebeu a Medalha Pierre de Coubertin por ter festejado a medalha de bronze na maratona de Atenas 2004, mesmo depois de ser atacado pelo padre irlandês Cornelius Horan quando liderava a prova e tinha chances reais de ser campeão olímpico. Ele foi ajudado pelo espectador grego Polyvios Kossivas e seguiu em frente na prova. A demonstração de espírito olímpico, por ter se mostrado feliz e sem jamais reclamar por ter perdido a chance de disputar o ouro fez o COI conceder a honraria ao brasileiro.
Dos 21 agraciados com a Medalha Pierre de Coubertin, três foram condecorados post mortem: o tcheco Emil Zatopek, o alemão Luz Long e o canadense Richard Garneau.
Conheça os 21 detentores da Medalha Pierre de Coubertin
Eugenio Monti (Itália), em 1964 - Depois de ver de que os trenós de bobsled dos seus rivais britânicos tinham problemas mecânicos, Monti emprestou a eles o seu. Os ingleses ganharam a medalha de ouro, o italiano ficou com o bronze.
Luz Long (Alemanha), em 1964 - Aconselhou seu rival, o americano Jesse Owens, em Berlim 1936, nas semifinais do salto em distância. Sua dica ajudou Owens a não "queimar" o seu terceiro salto, o que o eliminaria da disputa. O americano acabou sendo medalha de ouro, e Long ficou com a prata.
Franz Jonas (Áustria), em 1969
Karl Heinz Klee (Áustria), em 1977
Lawrence Lemieux (Canadá), em 1988 - Após estar em segundo lugar na sua regata, Lawrence Lemieux parou para ajudar dois competidores de outra classe que tinham caído ao mar durante uma tempestade, quando o barco deles tinha virado.
Raymond Gafner (Suíça), em 1999 - Foi um dos fundadores e idealizadores do Museu Olímpico
Emil Zatopek (República Tcheca), em 2000 - Foi o único vencedor dos 5.000m, dos 10.000m e da maratona numa mesma Olimpíada (Helsinque 1952).
Spencer Eccles (EUA), em 2002
Tana Umaga (Nova Zelândia), em 2003 - Durante uma partida de rugby da Nova Zelândia contra o País de Gales, Umaga prestou os primeiros socorros ao rival Jerry Collins, que se engasgou com o próprio protetor bucal após receber um golpe do neozelandês. Esta foi a única vez em que a Medalha Pierre de Coubertin foi concedida por um evento que não teve ligação direta com as Olimpíadas.
Vanderlei Cordeiro de Lima (Brasil), em 2004
Elena Novikova-Belova (Belarus), em 2007
Shaul Ladany (Israel), em 2007
Petar Cupać (Croácia), em 2008
Ivan Bulaja (Croácia), em 2008
Pavle Kostov (Croácia), em 2008
Ronald Harvey (Austrália), em 2009
Richard Garneau (Canadá), em 2014
Michael Hwang (Singapura), em 2014
Eduard von Falz-Fein (Liechtenstein), em 2017
Lv Junjie (China), em 2018
Han Meilin (China), em 2018
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