A temporada 2024 da F1 não terminou com emoção só dentro das pistas, potencializada pela disputa ferrenha entre Lando Norris e o tetracampeão Max Verstappen pelo título. A própria dupla protagonizou uma das diversas brigas que marcaram o último campeonato, envolvendo pilotos até chefes de equipe, além da presidência da Federação Internacional do Automobilismo (FIA). O ge relembra, abaixo, as tretas que deram o que falar neste ano!
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Verstappen x Russell (e chefes de equipes)
A treta entre Max Verstappen e George Russell foi certamente uma das mais marcantes do ano. Tudo começou durante a classificação para o GP do Catar, já na reta final da temporada. O holandês da RBR e o inglês da Mercedes brigavam pela pole position, e até então era o tetracampeão quem liderava. No entanto, ainda havia tempo para George tentar uma última volta rápida.
Durante a preparação para a volta, no entanto, Russell passou bem perto de Verstappen, que estava em volta lenta. O piloto do time alemão reclamou no rádio de interferência, e os comissários da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) convocaram os dois para explicações. Após a reunião, Max levou punição de uma posição no grid. O inglês, que havia chegado em segundo, herdou a pole.
A corrida terminou com vitória de Verstappen, mas o campeão estava mordido com a situação e disse após a prova que havia "perdido o respeito" por Russell. O holandês disse nunca ter visto alguém tentar "tanto ferrar outra pessoa" e até mesmo que o inglês é uma pessoa diferente do que demonstra ser em frente às câmeras.
A confusão escalou, e Russell subiu o tom em resposta a Verstappen. O piloto da Mercedes disse com todas as letras que Max teria afirmado que se esforçaria para bater de propósito e enfiá-lo "de cabeça na parede". Além disso, ressaltou também que não aceitaria as intimidações do holandês.
Os chefes da Mercedes e da RBR também tomaram partido na confusão e saíram em defesa de seus pilotos. Christian Horner, gestor da equipe de Verstappen, disse que a punição sofrida por Max acabou baseada na "histeria" de George Russell. Já Toto Wolff, chefão da Mercedes, rebateu a fala de Horner e o chamou de "pequeno terrier (cachorrinho) tagarela". Na tréplica, Christian disse que prefere ser um terrier do que um lobo, em uma brincadeira com o sobrenome de Toto: Wolf significa lobo em inglês.
Uma foto com a maioria dos pilotos juntos e em pé no tradicional jantar de fim de ano da Fórmula 1 colocou mais lenha na já grande fogueira que havia se formado. Na ocasião, Lando Norris revelou que Russell e Verstappen sentaram "o mais longe possível um do outro". Depois, o francês Esteban Ocon publicou uma foto dos competidores sentados e, de fato, os dois rivais mantiveram distância.
No fim das contas, Verstappen indicou em fala aos fãs antes do GP de Abu Dhabi que a situação com Russell será consertada, apesar das diferenças entre os dois.
Verstappen x Norris
Além de Russell, Lando Norris também se enfiou em polêmica com Max Verstappen durante o ano. No entanto, os motivos ficaram restritos às pistas desta vez. A primeira faísca entre eles foi no GP da Áustria: o holandês foi punido por bater e tirar o rival da McLaren da prova, vencida por Russell. A mágoa de Lando foi tanta, que ele chamou o rival de "estúpido e imprudente".
Eles conversaram e se acertaram, mas não demoraria até se desentenderem novamente. O segundo confronto surgiu durante a corrida nos Estados Unidos - na ocasião, o britânico da McLaren ainda tinha chance de conquistar o campeonato.
Na parte final da corrida em Austin, Norris tentava tomar de todas as formas a terceira posição que era do holandês, mas acabava constantemente frustrado. A quatro voltas do fim, o britânico manobrou e fez a ultrapassagem, mas ambos saíram da pista. Depois da prova, a FIA deu punição de 5s a Lando pela manobra, e ele terminou mesmo com o quarto lugar.
A Fórmula 1 rumou para o GP do México, e a situação se inverteu: foi Max quem segurou Norris com manobras agressivas. Primeiro, impediu que o britânico o ultrapassasse ao empurrá-lo para fora da pista quando o piloto da McLaren já havia colocado parte do carro à sua frente. Depois, ainda bateu na roda dianteira esquerda do rival e fez com que ambos mais uma vez deixassem o traçado.
Como resultado, a direção de prova aplicou punição de 20 segundos a Verstappen, que terminou na sexta posição - Norris foi o segundo colocado. Depois da corrida, o holandês disse não se arrepender das manobras e ressaltou que faria tudo novamente se fosse necessário. O vice-campeão da Fórmula 1 rebateu e afirmou que "sabia o que esperar" de Max:
- Esse cara é perigoso, foi a mesma situação - disse Norris, em referência à disputa entre ambos no GP dos Estados Unidos.
Verstappen, então, ironizou a punição a entrevista e sugeriu que os comissários poderiam aplicar 30s da próxima vez para buscar um recorde. A situação se arrastou até o GP de São Paulo. Em entrevista coletiva antes da prova, Norris disse que não respeita o que Max fez na pista:
- Não sou o professor dele, não sou seu mentor ou algo do tipo. Ele sabe o que ele tem que fazer, sabe que errou, no fundo ele sabe. Ele tem que mudar, não eu - afirmou o piloto.
Horner x Marko x Jos Verstappen
A denúncia de um suposto comportamento impróprio, feita por uma funcionária da RBR contra o chefe Christian Horner, eclodiu uma verdadeira crise dentro do time no início de 2024. O gestor acabou inocentado após investigações da empresa de energéticos que controla a marca na F1, mas isso não evitou o envolvimento de terceiros.
Jos Verstappen, pai do tetracampeão e piloto da equipe Max Verstappen, disse que o time explodiria se Horner permanecesse na chefia e que ele estaria "se fazendo de vítima". Jos seria crítico da gestão do britânico no time, concedendo mais apoio ao consultor Helmut Marko. O ex-piloto chegou a confirmar que havia uma disputa de poder dentro da seis vezes campeã da F1.
Marko suscitou mais polêmicas ao sugerir, no mesmo período, que poderia ser demitido da RBR - já que, com a morte do fundador e amigo Dietrich Mateschitz, seu cargo estaria sob risco conforme as mudanças na empresa fossem promovidas. As falas fizeram até Max se manifestar, dando a entender que deixaria a equipe caso o consultor fosse removido de sua função.
Neste meio tempo, o chefe da Mercedes, Wolff, e o CEO da McLaren, Zak Brown, também se manifestaram sobre o Caso Horner, cobrando mais transparência da FIA e da F1 no assunto.
Por fim, Marko ficou após conversas com o diretor da empresa Oliver Mintzlaff, e Verstappen também. Mas, em meados do ano, outro episódio entre Jos e Christian surgiu: o ex-F1 cancelou sua participação em um evento no qual pilotaria o carro da RBR de 2012; segundo ele, foi Horner quem se movimentou para que ele não participasse. O gestor negou.
Leclerc x Sainz pelo rádio
Os dois pilotos da Ferrari em 2024 têm uma boa relação, mas a amizade chegou a estremecer durante o GP de Las Vegas. Na segunda parada para a troca dos pneus, um erro da escuderia italiana fez com que Carlos Sainz tivesse que abortar a ida aos boxes em cima da hora. Irritado, ele pediu para a equipe acordar e, de quebra, viu Charles Leclerc retornar à frente dele após parar.
No entanto, Leclerc voltou à pista com pneus frios e sem muita aderência, o que causa dificuldades até que os compostos esquentem novamente. Nesse meio tempo, o piloto foi informado de ordem dada a Sainz para não ultrapassá-lo. Contudo, o espanhol não quis nem saber e ultrapassou o monegasco. Se antes era Carlos quem estava irritado, a tensão passou para o lado de Charles, que ironizou pelo rádio e sugeriu que a mensagem fosse repassada em espanhol.
Ao término da prova, Carlos Sainz subiu ao pódio ao cruzar a linha de chegada em terceiro, e Leclerc foi quarto. Ainda na pista, o piloto de Mônaco disparou pelo rádio e deixou clara a indignação por Sainz não ter cumprido a ordem dada pela equipe:
- Eu fiz o meu trabalho, mas ser legal me f... o tempo inteiro. Não se trata de ser legal, se trata de ser respeitoso. Eu sei que tenho que calar a boca, mas chega a um ponto que é sempre a mesma coisa.
Sainz preferiu não dar uma dimensão ainda maior ao entrevero após a prova e disse que o assunto seria tratado internamente. Antes do GP do Catar, os dois pilotos afirmaram à imprensa que a treta havia sido superada e ressaltaram a boa relação que possuem.
Lawson x Pérez e o dedo do meio
O pressionado Sergio Pérez e o novato Liam Lawson se encontraram no meio do grid durante o GP do México, e o duelo entre eles foi quente. Os dois brigavam pela décima posição e ficaram lado a lado na curva 4, mas a RB de Lawson forçou o piloto da casa para fora da pista. Os dois continuaram lutando por mais algumas curvas, e o neozelandês conseguiu passar o mexicano.
No fim da prova, Lawson se envolveu em uma disputa com o argentino Franco Colapinto e saiu da zona de pontuação. Após parar nos boxes para trocar a asa dianteira, ainda conseguiu alcançar Checo. Liam fez mais uma ultrapassagem sobre Pérez e mostrou o dedo do meio para o rival.
Depois da corrida, Pérez mostrou irritação com a manobra de Lawson no início da prova e disse que "não foi um movimento muito inteligente":
- Ele tirou o lado inteiro do carro da pista, mas acho que não é culpa dele porque ele não leva uma punição. Ele fez o mesmo com Fernando (Alonso) na última semana, fez o mesmo com Franco (Colapinto) no fim da corrida e não é penalizado, então talvez dependa de quem você é em relação à penalidade que você recebe - desabafou Checo.
Com os ânimos menos exaltados, Liam pediu desculpas a Sergio Pérez pelo gesto obsceno, mas deixou claro que não está na Fórmula 1 para fazer amizades.
- Claro que meu objetivo não é criar inimizade com todo mundo. Não estou tentando causar problemas ou algo do tipo. Ao mesmo tempo, não estou aqui para fazer amigos, estou aqui para vencer, e estou focado nisso - disse Lawson.
Na última quarta-feira (18), a RBR anunciou a demissão de Sergio Pérez após os maus resultados na temporada. Lawson, que faz parte da academia de pilotos da escuderia e estava na RB, foi o escolhido para assumir em 2025 a vaga que era do mexicano.
Lawson x Alonso
A estreia de Lawson, por sinal, foi com faíscas: ele retornou ao assento da RB no lugar do recém-demitido Daniel Ricciardo, no GP dos Estados Unidos. E tudo começou ainda no sábado, na corrida sprint: na largada, Piastri superou Fernando Alonso e Lawson, que passaram a ocupar respectivamente o 15º e o 16º lugares.
O neozelandês, ainda na primeira volta, passou o veterano da Aston Martin depois de cercá-lo na parte de fora da curva 11, fechar a porta no trecho seguinte e ainda ocasionar um toque leve entre eles. O espanhol se disse surpreso pela agressividade em disputa por posições tão distantes da zona de pontuação.
O conflito entre eles seguiu naquele sábado: na abertura da classificação que definiu as posições iniciais de domingo, o espanhol fez questão de ultrapassar o rival da RB, que revelou ter ouvido uma promessa de "ferrá-lo" vinda do veterano. No fim, Lawson se deu melhor na prova no Circuito das Américas, cruzando a linha de chegada em nono; Alonso foi 13º.
Pilotos x FIA
O ano de 2024 também foi de muito atrito com a Federação Internacional do Automobilismo (FIA), representada pelo seu presidente Mohammed ben Sulayem. A maior das confusões se deu já na parte final do campeonato, no GP de Singapura, quando o gestor criticou o excesso de palavrões usados pelos pilotos e fez uma menção a este ser um hábito de "rappers".
O primeiro a se manifestar contrariamente foi Hamilton, cobrando o emiradense pelo teor preconceituoso em sua fala - já que a maioria dos rappers são negros. Mas o principal "inimigo" de ben Sulayem no caso foi Verstappen: punido com serviços comunitários por ter xingado na coletiva pré-corrida.
Em resposta, Max ficou praticamente monossilábico nas entrevistas do fim de semana, convidou jornalistas para conversar com ele fora da sala de imprensa e ameaçou até deixar a categoria. Dois meses depois, após o GP de São Paulo, a Associação de Pilotos (GPDA) emitiu um comunicado oficial no qual questionou o presidente da FIA pelas cobranças à conduta deles, reforçando que "são adultos".
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