A festa da torcida brasileira por Gabriel Bortoleto na F1, na ocasião do anúncio do jovem de 19 anos na Sauber, foi grande. Mas a comemoração terá que dividir espaço com a paciência, já que Mattia Binotto, diretor técnico e de operações da equipe suíça, avaliou que estar na posição de brigar por vitórias e até títulos será apenas um objetivo de longo prazo - talvez, até 2030.
- Só para construir uma nova fábrica são necessários três anos - para atrair pessoas, e pessoas boas. Portanto, talvez só daqui a três anos possamos atingir nosso objetivo de lutar por vitórias, e deixe-me dizer que o título será conquistado até 2030. Isso ainda é muito ambicioso, mas é o tempo que levará. Podemos ter sucesso na próxima temporada? Não, de jeito nenhum. E em alguns anos? De forma alguma, porque não teremos as pessoas, as instalações e as ferramentas necessárias. Então, qual pode ser a meta? É melhorar a cada temporada, simples assim - admitiu.
Sauber anuncia Gabriel Bortoleto, e F1 volta a ter brasileiro em 2025
A Sauber ainda disputará a temporada 2025 com o atual nome, mas em 2026, passará a se chamar Audi no início oficial de sua parceria com a montadora alemã. No entanto, nem o investimento da marca ou a recente aquisição do fundo do Catar poderão fazer milagres em pouco tempo, embora o objetivo para o próximo ano seja ir além do décimo e último lugar de 2024.
- Também não se pode simplesmente esperar até 2030 para ser o melhor, você precisa escalar a montanha para estar no topo. Será importante, no próximo ano, fazer melhor do que em 2024, e no ano seguinte também - reforçou Binotto.
Ex-chefe da Ferrari, o italiano deixou a Ferrari no fim de 2022 sob muitas críticas pela sua gestão, mas já havia construído um importante currículo como engenheiro, sobretudo no setor de motores, feito pelo qual é até hoje reconhecido.
Na chegada à Sauber, anunciada em meados de 2024, Binotto avaliou que os esforços da equipe estavam voltados apenas para 2026, quando a parceria com a Audi será efetivada, o que prejudicou o desempenho na temporada recentemente - finalizada com só quatro pontos.
Binotto pontuou que a Sauber está muito atrasada quando se trata das ferramentas de simulação e a metodologia de testes, importantes para avaliar o desempenho aerodinâmico dos carros em desenvolvimento.
Ele ainda apontou a necessidade de contratação de pessoas - cerca de 350 funcionários - nos mais diversos setores, objetivo que pretende alcançar por meio do investimento na formação de jovens estudantes, e a modernização dos simuladores e o túnel de vento do time suíço.
- Quando cheguei, não havia apenas zero pontos, mas também nenhum plano ou desenvolvimento. Tudo estava focado apenas em 2026 e isso foi, de certa forma, um problema para mim. É só competindo que você pode entender o quanto está se saindo bem, e se o que está fazendo está indo na direção certa. A equipe estava quase congelada - revelou, categorizando a Sauber como "uma equipe com mentalidade de sobrevivência nos últimos dez anos" devido à ausência de investimentos.
A análise do engenheiro é reforçada pelo 2024 da equipe, que só não terminou o ano zerada porque Guanyu Zhou chegou em oitavo lugar uma única vez, no GP do Catar. Segundo ele, porém, a situação hoje é melhor quando se trata da mentalidade em busca de melhores objetivos à curto prazo.
A dificuldade atual da Sauber é uma realidade reconhecida pelo próprio Bortoleto, que em três meses, tornará-se oficialmente o primeiro brasileiro na F1 nos últimos oito anos. O jovem pediu paciência aos torcedores em seu início na elite do automobilismo europeu.
Gabriel, que vem de um título da Fórmula 2 como calouro, vai dividir a garagem da Sauber com o veterano Nico Hulkenberg. A contratação do alemão de 37 anos, que destacou-se ao conquistar 41 pontos para o sétimo lugar da Haas e terminar o ano em 11º, é vista como um movimento em busca de estabilidade.
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