Termina, oficialmente, um casamento de quase 19 anos. A RBR anunciou que o projetista Adrian Newey deixará a equipe no primeiro semestre de 2025, confirmando rumores que surgiram na última semana. O engenheiro britânico de 65 anos atribuiu a decisão ao objetivo de "buscar novos desafios". Porém, especula-se que sua saída foi motivada pela crise nos bastidores do time, iniciaida pela acusação de conduta imprópria feita ao chefe Christian Horner por uma ex-funcionária.
A saída de Newey, porém, será gradual: ele participará de algumas corridas até o fim de 2024 para ajudar a RBR e, após afastar-se em definitivo do time na F1, seguirá apoiando o projeto de hypercarro da montadora de Milton Keynes no Reino Unido, o RB17.
Nesta semana, a "BBC F1" chegou a noticiar que os advogados do engenheiro negociavam sua saída antecipada da RBR para que, ainda em 2025, ele pudesse assinar com outra equipe. Normalmente, pessoas com cargos técnicos na F1 devem aguardar um período de quarentena, após deixarem um time, antes de se juntarem a outro.
O conglomerado inglês ainda apontou a Ferrari - destino do heptacampeão Lewis Hamilton em 2025 - como opção favorita de Newey.
- Por quase duas décadas, tive a grande honra de desempenhar um papel fundamental no progresso da RBR, que passou de novata a equipe vencedora de vários títulos. No entanto, sinto que agora é o momento oportuno para passar o bastão para outros e buscar novos desafios para mim. Nesse ínterim, os estágios finais de desenvolvimento do RB17 estão chegando, portanto, no restante do meu tempo com a equipe, meu foco estará lá. Foi um verdadeiro privilégio, e estou confiante de que a equipe de engenharia está bem preparada para o trabalho de evolução final do carro durante o período de quatro anos desse regulamento - declarou o engenheiro.
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Newey começou a trabalhar na F1 em 1980 como estagiário, quando o efeito solo (reintroduzido no regulamento técnico de 2022, no qual a maior parte da carga aerodinâmica é gerada pelo assoalho dos carros) ainda vigorava nos veículos da categoria.
Ele passou pela March, Williams e McLaren, projetando carros campeões como o FW14B da Williams de Nigel Mansell, de 1992, e o MP41/13 do primeiro título de Mika Hakkinen com a McLaren, em 1998. O engenheiro assinou com a RBR em 2006 e foi a mente criativa por trás dos monopostos que conduziram Sebastian Vettel e Max Verstappen a quatro e três títulos, respectivamente.
O que teria motivado a saída de Newey da RBR?
Além da investigação a Horner, que foi inocentado após averiguação movida pela empresa de energéticos que controla a equipe na F1, outro problema abalou as estruturas do time: as críticas públicas feitas por Jos Verstappen, pai de Max Verstappen, ao gestor britânico.
No início de fevereiro deste ano, o jornal holandês De Telegraaf noticiou que Horner seria investigado por suposta conduta imprópria - de cunho sexual - em relação a uma funcionária. A reunião movida pela auditoria independente chegou a durar oito horas, com desfecho "inconclusivo". Porém, o britânico de 50 anos seguiu em suas funções normalmente até ser inocentado.
No dia seguinte ao veredito, o caso sofreu uma reviravolta: uma pasta com 79 mensagens de teor íntimo, atribuídas a Horner e a funcionária envolvida, foi divulgada por uma fonte anônima a jornalistas, dirigentes e membros do alto escalão da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e da F1. Horner se recusou a comentar o que considerou especulações anônimas.
Presidente da FIA, Mohammed ben Sulayem declarou que o assunto estaria "prejudicando o esporte", mas a falta de detalhes sobre o caso e a isenção de Horner do ocorrido não agradou rivais como Zak Brown e Toto Wolff, CEO da McLaren e chefe de equipe da Mercedes. Lewis Hamilton e George Russell, pilotos da equipe alemã, também se pronunciaram.
Ben Sulayem chegou a pedir que Max Verstappen, piloto da RBR, apoiasse publicamente Horner, pedido negado pelo tricampeão. Seu pai, o ex-F1 Jos Verstappen, discutiu com o chefe da equipe e declarou que a RBR iria "explodir" caso Christian seguisse no comando. O holandês saiu em defesa do pai, afirmando que Jos "não é mentiroso" - embora tenha evitado opiniões contundentes sobre o caso.
No fim de semana do GP da Arábia Saudita em março, foi noticiado que a RBR teria suspendido a funcionária que fez a denúncia contra Horner. No mesmo período, o nome do consultor da equipe, Helmut Marko entrou no caso: o austríaco deu a entender que poderia ser demitido do time.
A crise ganhou ares de disputa por forças devido ao apoio público de Jos à autoridade de Marko. Horner foi acompanhado na prova em Sakhir por Chalerm Yoovidhya, bilionário tailandês e principal acionista da empresa que dá nome à RBR.
Já seu suposto rival conta com o respaldo de Oliver Mintzlaff, diretor da empresa-mãe da hexacampeã da F1 que também esteve ao seu lado na corrida saudita; e da família de Dietrich Mateschitz, fundador da equipe falecido em 2022.
Verstappen, que chegou à Academia de Pilotos da RBR por intermédio de Marko, chegou a sugerir que poderia deixar o time caso o consultor fosse demitido. Porém, mudou o tom e passou a pregar unidade na equipe, com a qual tem contrato até 2028.
A F1 retorna neste fim de semana em 5 de maio com o GP de Miami, válido como a sexta etapa da temporada 2024. Confira o calendário.
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