Filipe Toledo vê Brazilian Storm mais forte em 2025: "Ciclone passa rápido, a tempestade fica"

Bicampeão mundial diz estar 100% fisicamente e mentalmente para o retorno à WSL 2025, quando a Tempestade Brasileira terá 11 surfistas para encarar os americanos do Ciclone de São Clemente

Por Marcel Merguizo — São Paulo


O que dura mais, uma tempestade ou um ciclone? Quando o assunto é surfe, a resposta está nas palavras de um bicampeão mundial: a tempestade brasileira. Sem entrar nos detalhes técnicos dos fenômenos atmosféricos, Filipe Toledo, melhor surfista da WSL em 2022 e 2023 --e que se afastou do Circuito Mundial em 2024 para cuidar da saúde mental-- sabe do que está falando. Ou melhor, a quem está respondendo. E sem criar um climão.

Filipe Toledo volta a surfar ao lado de Isaquias Queiroz e Rayssa Leal

Apesar de o título ter ficado com o havaiano John Jonh Florence em 2024, surgiu nas praias americanas um apelido provocativo aos brasileiros graças ao bom desempenho de surfistas da Califórnia. O chamado Ciclone de São Clemente faz referência ao trio formado por Griffin Colapinto, que ganhou duas etapas e chegou a liderar a temporada neste ano, e aos estreantes Cole Houshmand, campeão da tradicional etapa de Bells Beach, e Crosby Colapinto, irmão de Griffin. Os três cresceram na mesma San Clemente e terminaram o ano entre os 15 melhores do ranking. Jake Marshall, que ficou na 11ª posição, também é californiano, mas da cidade de Encinitas. Uma resposta à Brazilian Storm?

- O ciclone passa rápido, a tempestade fica, eles sabem, eles sabem. Não tem muito o que a gente falar, né. A gente tá aí já há muitos anos no cenário do surfe mundial. Acho que o ano passado foi o ano que a gente teve menos brasileiros bem. Pô, chatão! Agora a gente volta com tudo de novo, então é isso. A gente veio para dominar de novo e tentar levar tudo - afirmou Filipe Toledo em entrevista ao ge.

Filipe Toledo comenta volta ao surfe após ano para cuidar da saúde mental

O melhor brasileiro no ranking de 2024 foi Italo Ferreira, que terminou com o vice-campeonato mundial. Yago Dora foi sexto, e Gabriel Medina, sétimo. Outro cinco brasileiros competiram, mas ficaram entre a 23ª e 34ª colocações. Na temporada de 2025 serão 11 brasileiros na elite masculina, além de Tatiana Weston-Webb, na feminina. Um recorde.

- Eu acho que a competição é sobre isso. Sempre vão existir os moleques, outras gerações, outros países chegando. Eu acho que é uma competição saudável. E ajuda a gente a se esforçar cada vez mais, dar o nosso melhor. A gente não gosta de perder. É um fato. Então, que comecem os jogos. Ano que vem vai começar todo mundo do zero e vai ter bastante brasileiro. Então, acho que vai ser um ano importante para nós - completou Gabriel Medina, tricampeão mundial na WSL (2014, 2018 e 2021).

Amigos desde a adolescência, Filipinho e Medina estiveram juntos em um evento em São Paulo nesta terça-feira à noite, no lançamento de um clube com piscina de ondas para o surfe a ser inaugurado em 2025 na zona sul da capital paulista.

Gabriel Medina e Filipe Toledo durante evento em São Paulo — Foto: Lu Prezia/ Beyond The Club

NOVIDADES PARA 2025

Além do recorde histórico de brasileiros no circuito mundial, a próxima temporada traz novidades em relação às etapas e também ao local onde será decidido o título. O Finals será realizado em Cloudbreak, em Fiji, de 27 de agosto a 4 de setembro. Gabriel Medina venceu lá em 2014, ano que foi campeão mundial pela primeira vez, em 2016.

- Fiji é uma onda que eu gosto. É uma das minhas ondas favoritas. E acabar o circuito lá é algo que me deixa motivado. Então, vou fazer de tudo para estar no Finals. Já faz uns anos também que eu ganhei meu último título. E agora eu estou com esse novo objetivo. Estou 100%. Agora vou voltar aos treinos. Estava de férias. Mas foco é o mesmo. Esse ano foi de aprendizado, de Olimpíadas. Foi um ano super bom. Mas agora vou estar mais forte - disse Medina.

Filipe Toledo e Jadson André em Natal — Foto: Tyrone/@tyronemft

O mesmo otimismo está nas palavras de Filipe Toledo, que semana passada voltou a vestir a lycra, mesmo que em uma bateria especial com convidados, em Natal, no Rio Grande do Norte, depois de quase um ano fora das competições.

- Já me sinto 100%, me sinto bem, me sinto renovado, reenergizado e preparado. 2025 vai ser um ano bem legal, um ano de grandes expectativas. Estou ansioso pela volta e para sentir aquele friozinho na barriga de novo. O objetivo é sempre ser campeão. Se a gente não tem essa meta, acho que não faz muito sentido só estar no circuito mundial por estar. Então, se a gente vai, a gente vai com os dois pés na porta - comentou Filipinho.

Filipe Toledo em Natal — Foto: Divulgação

Outra novidade é a entrada da piscina de ondas de Abu Dhabi no cronograma da WSL. Além disso, a liga mundial optou pelos retornos dos eventos em Snapper Rocks, na Austrália, Lower Trestles, nos Estados Unidos, e Jeffreys Bay, na África do Sul. Mais uma alteração importante foi no corte que acontecia na metade da temporada e agora passa a ocorrer após o sétimo evento, em Margaret River, na Austrália. Em agosto, na etapa do Taiti, em Teahupoo, são definidos os cinco surfistas do masculino e cinco do feminino classificados para o Finals. A etapa do Brasil, que acontece em Saquarema, no estado do Rio de Janeiro, passou a ser a nona fase da competição.

- Vai ser um ano muito legal, com etapas novas, etapas que já fizeram parte do circuito mundial e agora voltaram. Então, traz um brilho a mais para o circuito. É diferente também por ter mais brasileiros. A concorrência existe de todos os lados, né, o surfe, apesar da gente sempre se dar muito bem, de os brasileiros sempre estarem juntos, existe a concorrência, é um esporte muito individualista, e a gente tá sempre querendo um ganhar do outro. Mas é isso que move a gente também, essa concorrência, a gente querer sempre mostrar o nosso melhor, então vai ser bem legal - finalizou Filipe Toledo.

Gabriel Medina com a medalha de bronze do surfe em Paris 2024 — Foto: Ben Thouard / POOL / AFP

Confira o calendário completo de 2025:

• Pipeline, Havaí - 27 de janeiro a 8 de fevereiro
• Surf Abu Dhabi, Abu Dhabi - 14 a 16 de Fevereiro
• Peniche, Portugal - 15 a 25 de Março
• Punta Roca, El Salvador - 2 a 12 de Abril
• Bells Beach, Austrália - 18 a 28 de Abril
• Snapper Rocks, Austrália - 3 a 13 de Maio
• Margaret River, Austrália - 17 a 27 de Maio
• Lower Trestles, EUA - 9 a 17 de Junho
• Saquarema, Brasil - 21 a 29 de Junho
• Jeffreys Bay, África do Sul - 11 a 20 de Julho
• Teahupo’o, Taiti - 7 a 16 de Agosto
• WSL Finals: Cloudbreak, Fiji - 27 de Agosto a 4 de Setembro

Gabriel Medina conquista a medalha de bronze no surfe