Os 45 anos do único título invicto da história do Brasileirão
O hegemônico Inter dos anos 1970 não só encantava os torcedores. O título invicto no Brasileirão de 79 confirmou a soberania do time de Falcão e companhia. O desempenho do time era venerado pela imprensa e até mesmo os rivais.
–A qualidade deles era indiscutível. Você tem um meio-campo com Falcão, Jair e Batista – admite Mazaropi, então goleiro do Coritiba.
Esta segunda-feira, 23 de dezembro, é dia de orgulho aos colorados. Há 45 anos, o Inter conquistava o tricampeonato. Este de forma invicta, feito jamais igualado. O que indica a força do grupo de Ênio Andrade após a desconfiança que pairava sob o Beira-Rio em função do fracasso no Gauchão, quando terminou em terceiro.
– Era um Inter de terra arrasada. Nada prestava, nada servia. Os jogadores tinham de ir embora, medalhão que não queria jogar... Este era o ambiente – recorda o jornalista Joabel Pereira.
Inter completa 45 anos do último título do Campeonato Brasileiro
A edição daquele Brasileirão foi diferente. Contou com 94 times, maior número de participantes até hoje, mas sem as presenças de Corinthians, São Paulo, Santos e Portuguesa. A competição iniciou em 22 de setembro e o Colorado disputou 23 partidas, com 17 vitórias e seis empates.
A campanha teve como um dos momentos emblemáticos a semifinal contra o Palmeiras. O confronto era considerado como uma final antecipada. Ainda ganhou uma rivalidade maior após o Jornal da Tarde, de São Paulo, estampar na manchete “Mococa ou Falcão?”, uma provocação entre os volantes das equipes.
O Rei de Roma mostrou a razão de ser o craque do país no período e comandou a vitória por 3 a 2 no Morumbi, com dois gols. No dia seguinte, o Jornal da Tarde se rendeu com “Falcão, é claro”. O Inter garantiu a classificação à final com empate em 1 a 1 no Beira-Rio.
– O eixo Rio-São Paulo, com uma imprensa que tinha hegemonia nacional, um negócio de maluco, né? Vamos colocar alguém para rivalizar só com o Falcão. E aí alguém achou de fazer essa graça. Ficou ridículo – diz o jornalista Juca Kfouri.
A decisão foi diante do Vasco. No primeiro jogo da final, o Inter não contou com Falcão e Valdomiro, que estavam lesionados. Ênio Andrade apostou em Valdir Lima e Chico Spina para substitui-los no Maracanã.
Seria o momento de o Inter conhecer a derrota e se complicar na busca pelo título? Os cariocas acreditavam que o trabalho ficava menos árduo, mas não contavam com o brilho de Chico Spina. O atacante comandou a vitória dos visitantes por 2 a 0, ao marcar os dois gols e encaminhar o tri.
– A nossa preocupação antes do jogo, do primeiro jogo, era o Valdomiro com os cruzamentos dele. Aí quando ele não jogou, a gente pô, menos um problema para gente. E o Chico Spina vai faz os dois gols. Faz parte do futebol, né – admite Zé Mário, ex-volante do Vasco e que treinou o Inter entre 2000 e 2001.
No jogo de volta, o Beira-Rio recebeu 55 mil pessoas, confiantes no título. ainda mais pelas voltas de Falcão e Valdomiro. O que era esperado se confirmou. O Inter confirmou a superioridade e ganhou por 2 a 1, com gols de Jair e Falcão para alegria dos torcedores.
– A parte técnica do Internacional era muito mais forte do que a do Vasco, e a experiência até. Mas a nossa vontade de todo jogo, em todo jogo que a gente jogava, era muito maior. Agora, valeu a técnica, porque naquele tempo valia a técnica – completa Zé Mário.
A coleção de feitos relevantes ganhava um dos mais belos capítulos na história do Inter. O time que nunca perdeu até hoje está na história do clube e com o feito que dificilmente será repetido no Brasileirão.
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