Primeiro técnico estrangeiro do Petrolina, Rui Sacramento fala em mudar a mentalidade do clube

O português, de 39 anos, vive a primeira experiência profissional no Brasil. Segundo o treinador, o objetivo é fazer com que os outros clubes passem a pensar na Fera Sertaneja

Por Emerson Rocha — Petrolina, PE


Após desempenho ruim na temporada 2024, o Petrolina passou por uma grande reformulação visando a disputa do Campeonato Pernambucano de 2025, que será a única competição no calendário do clube. Jogadores novos, gerente de futebol e, pela primeira vez, um técnico estrangeiro. O time começou a trabalhar na segunda-feira.

Rui Sacramento, técnico do Petrolina — Foto: Emerson Rocha /ge Petrolina

Ex-goleiro, o português Rui Sacramento, de 39 anos, aceitou o desafio de conduzir a Fera Sertaneja. Essa vai ser a primeira experiência do treinador no Brasil, onde pretende se estabelecer no mercado. Mesmo tendo exemplos de compatriotas que tiverem e estão tendo sucesso em Pernambuco, como Daniel Neri, campeão Pernambucano de 2020 com o Salgueiro, e Pepa, que acabou de conseguir o acesso do Sport para a Série A do Campeonato Brasileiro, o técnico do Petrolina diz que não buscou referências ao aceitar o convite do clube.

- Bem, do futebol pernambucano eu conheço tudo, porque vi os dois estaduais passados, vi a Série D. Eu não vim parar aqui, não caí aqui de paraquedas sem tirar informações. Agora, eu não tirei informações com ninguém, visualizei com os meus olhos, que é a diferença. Eu não perguntei nada a ninguém. A única coisa que eu perguntei foi o estilo de vida, se era perigoso, como é que era o seu estilo de vida. Agora o resto, nada, em termos de futebol não perguntei nada, vai ser tudo pela minha cabeça, com aquilo tudo que eu vi – diz o treinador.

“Nós já temos preparado como é que jogam os técnicos que vamos enfrentar, como é que costumam jogar, já fizemos esse trabalho todo de base. Não temos desculpa para mais nada, agora é seguir para a frente".

A adaptação ao Brasil, principalmente ao clima quente do Sertão de Pernambuco, segundo o novo comandante do Petrolina, não será problema.

– É mais uma temporada. Para mim é igual ser no Brasil, ser em Portugal. Isso de adaptação acho que vale o que vale. Acho que muitas vezes as pessoas dizem que precisam da adaptação é para se desculpar, para se as coisas darem errado. Não, aqui não há desculpa da adaptação porque nem jogo. Não tenho que correr, só tem que orientar, só tem que treinar o time. O time é 99% de nacionalidade brasileira, por isso também o único cara que tem estrangeiro é da Venezuela, que também é um país quente, por isso não é um problema à cidade e o novo ciclo do clube.

O Petrolina anunciou 25 jogadores para a disputa do Pernambucano. Do novo grupo, apenas dois jogadores atuaram no clube na última temporada, o volante Kiko e o meia Nildo Petrolina, que aos 38 anos é o jogador mais experiente do time. Além dele, o goleiro André Lucas (30) e o meia Valdeir (31), são as únicas peças na faixa dos 30 anos.

De acordo com Sacramento, a escolha por jogadores jovens faz parte do plano de jogo que ele quer implementar no Petrolina.

– Agora, é um problema que nós vamos ter que resolver rapidamente, é ser um elenco novo e ideias novas, metodologia nova, mas para isso é que também nós contratamos atletas com um índice alto de coletividade para entenderem mais rápido. Sei que para a torcida e para o povo aqui da região ou do Pernambuco está a fazer um pouco de confusão nós termos arrebentado com a bolha dos estaduais do Pernambuco porque fomos buscar tudo fora.

"Eu respeito o passado de todos os atletas que cá jogam, atletas de 40 anos, de 35 anos, não tenho nada contra eles, mas nas minhas ideias de jogo eles não entram. E como eu sou o professor, sou eu que mando, tomo as decisões".

Em 2024, pela primeira vez o Petrolina teve calendário completo, graças ao bom desempenho obtido no Estadual do ano passado, quando terminou na terceira posição. No entanto, o time deixou a desejar. No Pernambucano, ficou apenas na oitava posição. Na Série D, foi eliminado na primeira fase. O único brilho foi a classificação para a segunda fase da Copa do Brasil.

Rui Sacramento comandando o primeiro treino com o time do Petrolina — Foto: Emerson Rocha / ge Petrolina

Para a temporada 2025, o foco do clube está somente no Pernambucano. Mesmo tendo adversários como Sport, que estará na Série A do Brasileiro, Náutico e Retrô, que vão jogar a Série C, e o Santa Cruz, que volta a Série D, Rui Sacramento destaca que o pensamento da comissão técnica é fazer com que os rivais também passem a ver o Petrolina como uma ameaça.

"Aqui se tem um hábito sempre de perguntar ao professor, “como é que você pensa que é o Sport?” E o que é que eles pensam de nós? E eles é que também têm que pensar de nós, porque nós não somos coitadinhos. É isso que eu vim mudar aqui no Petrolina. Mentalidade".

- Não quero saber se é o Sport, se é o Palmeiras, se é o Botafogo. Não quero saber. Nós somos o Petrolina e contra quem for nós vamos discutir os resultados. Podemos perder? Claro que podemos perder, não somos invencíveis, e nós Petrolina vamos tentar ganhar todos os jogos e isso eu assumo. Se vamos ganhar, isso aí é outra coisa, mas que vamos fazer tudo para ganhar, vamos.