Futebol pernambucano sofre com falta de calendário e tempo sem jogos pode chegar a 10 meses

Com as eliminações de Náutico, Retrô e Santa Cruz no Brasileiro, Sport é o único clube com partidas oficiais marcadas

Por Redação do ge — Caruaru, PE


O mês é setembro. A Ilha do Retiro é o único estádio pernambucano que recebe partidas de futebol profissional. Só o Sport tem jogos com datas confirmadas. Um cenário preocupante, que ganhou repercussão negativa após as eliminações de Santa Cruz, Retrô e Náutico no Brasileiro.

Estádio Otávio Limeira Alves, do Ypiranga, não recebe partidas oficiais desde outubro de 2022 — Foto: Tiago Pavão / FPF

O empate com o São Bernardo - que levou a eliminação na Série C - foi a última partida do Timbu na temporada, no dia 26 de agosto. Os próximos quatro meses serão de reformulação de elenco e planejamento da próxima temporada. Mesmo período do Retrô, eliminado da quarta divisão nas oitavas de final.

O Santa Cruz já acumula mais tempo sem entrar em campo desde a queda na Série D, em 23 de julho. Ao todo, serão cinco meses parado. Apesar de assombrosa dado o tamanho dos clubes, essa realidade passa longe de ser novidade no futebol de Pernambuco.

O ge fez um levantamento com equipes profissionais do estado e constatou que o tempo sem calendário pode chegar a 10 meses. A lista, obviamente, não inclui o Sport, que disputa a Série B do Brasileiro, e conta com times que também podem disputar Série A2 e Série A3. A FPF não promove competições profissionais além do Pernambucano.

Período sem jogos dos clubes de Pernambuco

Em atividade 4 meses 5 meses 8 meses 9 meses 10 meses
Sport Náutico Santa Cruz Petrolina Flamengo de Arcoverde Pesqueira
Retrô Salgueiro Decisão Serrano
Íbis Central 1º de Maio Chã Grande
Afogados Maguary Torres Ypiranga
Belo Jardim Vera Cruz Santa Fé
Caruaru City Vitória América-PE
Sete de Setembro Jaguar
Atlético-PE Cabense
Ipojuca
Ferroviário
Centro Limoeirense
Náutico não tem mais calendário em 2023 — Foto: Marlon Costa / Pernambuco Press

E depois do Pernambucano?

Após o encerramento da primeira fase do Pernambucano em abril, Central, Porto e Maguary finalizaram a participação na temporada. Petrolina e Salgueiro chegaram mais longe. Porém, as equipes não tiveram calendário nacional. A Fera Sertaneja, por exemplo, terminou o campeonato em terceiro lugar e com vagas garantidas na Copa do Brasil e Série D de 2024, mas precisou dispensar todo o elenco por não ter mais jogos em 2023.

Ao todo, essas equipes da primeira divisão do Pernambucano tem oito meses de inatividade no futebol profissional. Íbis, Afogados, Belo Jardim e Caruaru City foram rebaixados, mas como o regulamento previa disputar a Série A2 no mesmo ano, o tempo parado deve ficar em quatro meses.

William Lima, técnico do Petrolina, fala sobre a classificação do time para a série D 2024

Abismo

Falta de calendário é um problema antigo do futebol de Pernambuco e atinge diretamente o desenvolvimento das equipes de menor investimento. Se listarmos todas que foram eliminadas na primeira fase da Série A2 do ano passado, o tempo sem atuar é de 10 meses.

Aqui estão: Pesqueira, Serrano, Chã Grande, Ypiranga, Santa Fé, América, Jaguar e Cabense. Esse período de 10 meses considera que a edição 2023 vai começar em setembro ou até mesmo a realização da Série A3.

Flamengo de Arcoverde e Vitória não jogam desde novembro do ano passado — Foto: Reprodução / Instagram

Quando separamos os clubes que jogaram a segunda divisão do ano passado e passaram da fase inicial, mas não conquistaram o acesso, o tempo de inatividade do futebol profissional chega a nove meses. Nesse período temos Flamengo de Arcoverde, Decisão, 1º de Maio, Vera Cruz, Vitória, Sete de Setembro, Atlético, Ipojuca, Ferroviário e Centro Limoeirense.

E o futuro?

Pelo menos 12 clubes já sabem que vão entrar em campo a partir do dia 30 de setembro, quando começa a Série A2. A data foi confirmada pela FPF. A competição será disputada em formato de pontos corridos, com turno único. O campeão garante acesso e os três últimos são rebaixados para a terceira divisão.

É justamente na Série A3 que segue o problema. As equipes que já não jogam há 9 ou 10 meses estão sem previsão de quando vão entrar em campo para a disputa do novo nível do campeonato estadual, criado nesta temporada. Pelo menos 11 clubes estão encarando essa realidade.

Série A2 do Pernambucano vai contar com 12 equipes — Foto: ASCOM/FPF