Campeã da maratona, holandesa dedica vitória ao cachorro, batizado em homenagem ao Rio

Sharon van Rouwendaal cogitou desistir das Olimpíadas de Paris após a morte do "filho", em maio deste ano. Nadadora tatuou o nome do animal e uma patinha no pulso para eternizá-lo

Por Carlos Gil, Carol Barcellos e Marcelo Barone — Paris, França


Ana Marcela Cunha fica fora do pódio na Maratona Aquática

A equipe de reportagem da TV Globo pede uma palavrinha para a holandesa Sharon van Rouwendaal, enquanto a campeã da maratona aquática caminha pela zona mista com a medalha de ouro no peito. A holandesa, campeã da prova desta quinta-feira, nos Jogos Olímpicos de Paris, aceita falar e, rapidamente, abre um sorriso ao saber que a entrevista seria para uma emissora do Brasil.

- É o meu país favorito no mundo - declara a atleta, vestida com um casaco laranja e segurando nas mãos o poster recebido pelos medalhistas.

Sharon van Rouwendaal, campeã da maratona aquática — Foto: Marcelo Barone

E não é da boca para fora que a maratonista declara seu amor pelo Brasil. Medalhista de ouro nas Olimpíadas de 2016, no mar da Praia de Copacabana, ela gostou tanto da cidade que batizou o cachorro como "Rio".

- Eu amo o Brasil. Fui para lá algumas vezes. Eu adoro os fãs do país, porque fui campeã lá - contou a holandesa, cuja irmã mora com o marido brasileiro, em São Paulo.

Sharon van Rouwendaal e o cachorro Rio — Foto: reprodução

Rio - um cachorro da raça Lulu da Pomerânia - entrou na família Rouwendaal há oito anos. Entretanto, em maio passado, a holandesa precisou lidar com a morte do pet, tratado como um filho por ela.

- Depois que eu disputei as Olimpíadas, em 2016, não sabia se continuaria, estava me sentindo solitária. E eu decidi pegar um cachorro. O Rio era como um filho, era tudo pra mim. Ele passou por uma cirurgia para conseguir respirar melhor, mas pegou uma febre, piorou e morreu no colo da minha mãe. Tentaram reanimá-lo, mas era tarde. Meu mundo caiu. Nunca senti tanta dor na vida.

Sharon van Rouwendaal, campeã da maratona aquática nas Olimpíadas de Paris — Foto: Andre Weening/BSR Agency/Getty Images

Ana Marcela Cunha se emociona após ficar fora do pódio e revela que ficou perto de parar de nadar

A tristeza de Rouwendaal era um sentimento profundo. Ela revela que pensou em desistir de disputar as Olimpíadas de Paris.

- Eu falei: "Não quero nadar mais, não quero ir às Olimpíadas, não estou nem aí". O Rio era mais bonito que qualquer medalha ou qualquer momento. A minha família me disse: "Dispute as Olimpíadas por ele". Fiz uma tatuagem sonhando com o dia que eu apontaria para ela depois de ganhar a medalha de ouro. E foi o que eu fiz.

Holandesa Sharon van Rouwendaal dedica vitória ao cachorro — Foto: Divulgação

E para subir ao topo do pódio, Rouwendaal precisou acelerar na reta final. A tetracampeã mundial, que ocupava a segunda colocação, apertou o ritmo nos últimos metros, e ultrapassou a australiana Moesha Johnson, dona da medalha de prata. A italiana Ginevra Taddeucci faturou o bronze, seguida pela brasileira Ana Marcela Cunha, ouro em Tóquio 2020.

- Eu treino para isso, mas, mentalmente, eu penso que sou imparável. Eu quero ganhar, não importa se estou sentido dor ou não. Eu tiro força extra de algum lugar.

Ana Marcela Cunha parabeniza Sharon van Rouwendaal na maratona aquática das Olimpíadas de Paris em 2024 — Foto: Sarah Stier/Getty Images

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