Às vésperas dos primeiros treinos para o GP do Bahrein, uma dúvida ainda pairava no ar: Lance Stroll conseguiria retornar à Aston Martin a tempo? O piloto, que sofreu acidente de bicicleta e ficou fora da pré-temporada, não só voltou ao cockpit, como chegou em sexto na corrida. Agora, após a abertura da F1 2023, o canadense detalhou as múltiplas fraturas sofridas e o processo de recuperação até a etapa em Sakhir.
- Os exames mostraram que eu tinha uma fratura e um deslocamento no meu punho direito, uma fratura no punho esquerdo, uma fratura parcial na mão esquerda e, finalmente, outra fratura no dedão do pé direito. (...) O momento não poderia ter sido pior. Minha equipe médica, em um primeiro momento, acreditava que eu perderia não só os testes, mas realisticamente as primeiras corridas - afirmou, em post no Instagram.
Stroll passou por uma cirurgia no punho direito 48h após o acidente - na prática, eram menos de duas semanas para o GP do Bahrein. Ao término da operação, o cenário se mostrou mais positivo, com um eventual retorno para para o GP da Arábia Saudita. A ideia de correr em Sakhir, como revelou Lance, foi vista como uma questão de sorte.
- O dr. Mir (Javier, que operou Stroll) disse que eu voltaria em Jidá se trabalhasse duro. Com um pouco de sorte, ele estava otimista de que eu poderia correr no Bahrein, mas era uma possibilidade fraca - completou.
Coube ao brasileiro Felipe Drugovich, reserva da Aston Martin, substituir Stroll durante a pré-temporada. A missão de Stroll não foi fácil: nos primeiros treinos em Sakhir, o canadense teve dificuldade com manobras e só deixou o AMR23 com auxílio. Por fim, os esforços foram recompensados com o sexto lugar na corrida - e até um elogio de Fernando Alonso, que chamou o companheiro de "meu herói".
A F1 2023 retorna no dia 19 de março para a segunda etapa da temporada, com o GP da Arábia Saudita. Veja dias e horários de todas as corridas aqui.
Leia a carta de Lance Stroll traduzida e na íntegra:
"Quero tirar um momento hoje para refletir sobre as últimas semanas, e compartilhar minha história com vocês. No sábado, 18 de fevereiro, bati minha bicicleta enquanto treinava na Espanha. Os exames mostraram que eu tinha uma fratura e um deslocamento no meu punho direito, uma fratura no punho esquerdo, uma fratura parcial na mão esquerda e, finalmente, outra fratura no dedão do pé direito.
Com o começo da temporada já próximo, o momento não poderia ter sido pior. Minha equipe médica, em um primeiro momento, acreditava que eu perderia não só os testes, mas realisticamente as primeiras corridas.
48 horas depois do meu acidente e 12 dias antes da primeira corrida, o dr. Javier Mir operou com sucesso o meu punho direito. Após a cirurgia, o dr. Mir disse que eu voltaria em Jidá se trabalhasse duro. Com um pouco de sorte, ele estava otimista de que eu poderia correr no Bahrein, mas era uma possibilidade fraca. Até hoje, estou convencido de que a urgência que o dr. Mir mostrou me ajudou a chegar no Bahrein.
O trabalho não havia terminado. Infelizmente, o dr. Mir explicou que as fraturas na mão e no punho esquerdo e no pé não poderiam ser consertadas. Eu precisaria de uma abordagem mais conservadora para curar as outras lesões.
Minha equipe médica garantiu que estávamos fazendo qualquer coisa e tudo que mostrava evidências pela recuperação óssea. Isso se tornou meu trabalho em período integral, tentando combinar tudo que pudesse ajudar, ainda que fosse só por 0,5%.
Inicialmente, o progresso foi lento. Precisei de muita ajuda até com tarefas diárias em casa. Mas os dias foram melhorando e, quando o gesso foi removido no dia 4, a chance de correr no Bahrein tornou-se possível. Meu time médico criou um programa que me ajudaria a recuperar a mobilidade e a força nos punhos.
A reabilitação demandou trabalho e persistência. Mas com uma equipe médica incrível, e o apoio dos meus amigos e da minha família, consegui forçar em meio à dor e voltar para a pista no Bahrein, com minha equipe e demais pilotos.
E conseguimos! Sou grato a todos que me apoiaram, enviaram mensagens e desejos positivos!"