Nigéria 1x2 Costa do Marfim | Melhores momentos | Final da Copa Africana de Nações 2024
Brahim Díaz optou por defender o Marrocos quando tinha a Espanha como opção. A decisão deu frutos logo cedo: no segundo torneio com a camisa do time, as Eliminatórias da Copa Africana de Nações, o meia-atacante do Real Madrid foi artilheiro e marcou em todos os duelos em que disputou. A escolha entre seleções segue uma antiga tendência na equipe marroquina, entre atletas que também têm dupla nacionalidade, mas priorizam as raízes da África.
Brahim Abdelkader Díaz nasceu em Málaga, na costa sul da Espanha. A cidade faz parte da Andaluzia, região do país que é ligada ao Marrocos pelo Estreito de Gibraltar - questão geográfica que sempre facilitou a migração do país africano para o europeu por essa proximidade. Dados do governo espanhol relatam que, em 2022, cerca de 870 mil marroquinos viviam no território do país.
Brahim está intimamente ligado a este processo: seu nome do meio indica a descendência árabe, que vem através do pai, Sufiel. E explica uma escolha de carreira feita pelo meia-atacante.
O jogador do Real Madrid participou das categorias de base da seleção espanhola e até alcançou o time profissional, mas defendeu a Espanha pela última vez em 2021. Na equipe principal, ele chegou a ser relacionado para os jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2021, mas não deixou o banco.
Esse detalhe garantiu que ele pudesse escolher uma segunda equipe pela nacionalidade, já que o regulamento da Fifa assegura essa opção se o atleta não disputar uma partida oficial.
A primeira vez que o nome de Brahim apareceu na lista de convocados do Marrocos foi em março de 2024, depois de uma longa discussão pública sobre qual opção ele escolheria.
Brahim Díaz disputou dois amistosos com Marrocos e dois torneios qualificatórios, para a Copa do Mundo 2026 e para a Copa Africana das Nações. Ao todo, foram oito partidas, sete gols e duas assistências.
O grande destaque foi na mais recente competição, que valia vaga para a copa continental da África: Brahim foi artilheiro. Nas duas últimas rodadas, balançou as redes duas vezes contra o Gabão e fez um hat-trick contra o Lesoto.
Orgulho das raízes é antigo
A tendência seguida por Brahim é uma característica de Marrocos. Na Copa do Mundo de 2022, por exemplo, a equipe marroquina tinha o maior número de atletas que não nasceram no país da seleção: 14 no total. Em 2024, o número caiu para 11 por alguns jogadores que não foram convocados novamente.
Os mais recentes convocados pelo técnico Walid Regragui têm diferentes origens, mas a nacionalidade europeia é a grande maioria. Apenas o goleiro Bounou, do Al-Hilal, tem descendência fora da Europa.
Confira os lugares em que os naturalizados da seleção atual de Marrocos nasceram:
- Yassine Bounou - Canadá
- Osame Sahraoui - Noruega
- Zakaria Aboukhlal, Noussair Mazraoui e Sofyan Amrabat - Holanda
- Eliesse Ben Seghir e Reda Belahyane - França
- Bilal El Khannous - Bélgica
- Ismael Saibari, Brahim Díaz, Achraf Hakimi, Munir El Kajoui e Adam Aznou - Espanha
O Marrocos foi um dos primeiros a se classificar para a Copa Africana de Nações, como líder do Grupo B. O país, aliás, vai sediar a 35ª edição do torneio continental, que será realizado entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026 nas cidades de Agadir, Casablanca, Fez, Marraquexe, Rabat e Tânger.
Com o reforço de Brahim, os marroquinos vão para a competição em busca do segundo troféu na Copa Africana e embalados pelo desempenho nas Eliminatórias, com seis vitórias em seis jogos.