Chelsea e FIFA investigam Enzo Fernández por vídeo com música racista

Clube abre procedimento interno e pode punir argentino por ofensas registras em comemorações da Argentina. Entidade abre inquérito e repudia ocorrido

Por Redação do ge — Londres


Jogadores da Argentina cantam música preconceituosa em festa do título; Seleção comenta

O Chelsea abriu procedimento interno para investigar o volante Enzo Fernández pelo vídeo com letra racista nas comemorações da Argentina após o título da Copa América (assista acima). O clube não descarta uma punição ao jogador argentino.

Em nota oficial, o Chelsea reforçou que condena todos os tipos de discriminação e garantiu que o caso passará por uma análise interna para que sejam determinadas as punições cabíveis.

"O Chelsea Football Club acredita que todas os comportamentos discriminatórios são completamente inaceitáveis. Nós nos orgulhamos de ser um clube diverso e inclusivo, em que pessoas de todas as culturas, comunidades e identidades se sentem bem-vindas. Tomamos conhecimento e valorizamos o pedido público de desculpas do nosso jogador e usaremos essa oportunidade para educar. O clube instaurou um processo disciplinar interno.", comunicou a equipe inglesa.

A canção tem trechos racistas e homofóbicos contra jogadores da França. O momento veio a público em uma transmissão ao vivo realizada por Enzo Fernández. O argentino tem cinco colegas franceses no Chelsea: os zagueiros Fofana, Disasi e Badiashile, o lateral Malo Custo, o meia Ugochukwu e o atacante Nkunku. Todos pararam de seguir o volante nas redes sociais.

Enzo Fernández, em ação pelo Chelsea — Foto: Catherine Ivill - AMA/Getty Images

FIFA abre inquérito

A FIFA informou, nesta quarta-feira, a abertura de um inquérito em decorrer dos cantos racistas e homofóbicos no vídeo e repudiou o ocorrido, dizendo que a atitude vai contra os valores do esporte e dos direitos humanos. A posição do órgão máximo do futebol veio depois que a Federação Francesa de Futebol (FFF) apresentou queixa em tribunal.

— A FIFA tomou conhecimento de um vídeo a circular nas redes sociais e o incidente está a ser investigado. A FIFA condena firmemente todas as formas de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, adeptos e dirigentes - indicou a entidade.

O vídeo irritou os companheiros de equipe do argentino. A indignação do grupo ficou evidente quando um deles, Wesley Fofana, veio a público condenar a atitude de Enzo e dos outros atletas da Argentina.

“O futebol em 2024: racismo desinibido”, escreveu o francês.

Diante da enorme repercussão e depois da manifestação de Fofana, Enzo Fernández publicou um pedido de desculpas nas redes sociais. Até o momento, ele é o único jogador argentino a se manifestar sobre o caso.

"Quero sinceramente pedir desculpas pelo vídeo que postei no Instagram durante as comemorações com a seleção. A música inclui linguagem extremamente ofensiva e não há qualquer desculpa para essas palavras", escreveu o argentino, em inglês.

A live do jogador mostrava os atletas da Argentina no ônibus celebrando o título da Copa América, em tom de diversão. Em certo ponto, os jogadores entoam uma canção que ficou famosa durante a Copa do Mundo de 2022. Ao perceber de qual música se tratava, o volante acaba com a transmissão. A canção tem letra racista e homofóbica.

"Eles jogam pela França
mas são de Angola
que bom que eles vão correr
se relacionam com transexuais
a mãe deles é nigeriana
o pai deles camaronês
mas no passaporte: francês" , diz a letra da música.

Há enorme pressão para uma reação da Fifa e da Associação do Futebol Argentino (AFA) sobre o vídeo. Na terça-feira, a Federação Francesa de Futebol (FFF) cobrou das duas entidades um posicionamento. A ministra de esportes da França, Amélie Oudea-Castera, também repudiou o episódio nas redes sociais.

Veja o pedido de desculpas postado por Enzo Fernández:

Quero sinceramente pedir desculpas pelo vídeo que postei no Instagram durante as comemorações com a seleção.

A música inclui linguagem extremamente ofensiva e não há qualquer desculpa para essas palavras.

Eu sou contra a discriminação em todas as formas e peço desculpas por ter me deixado levar na euforia das comemorações da Copa América.

Aquele vídeo, aquele momento, aquelas palavras não refletem minhas crenças ou meu caráter.

Eu realmente sinto muito.