Testes e resultado: seleção feminina chega à final da Copa Ouro com sabor de dever cumprido; análise

Vitória sobre o México na semifinal confirma crescimento do Brasil no torneio, mesmo com formações diferentes

Por Allan Caldas — San Diego, EUA


É claro que um eventual título da Copa Ouro Feminina da Concacaf, no próximo domingo, será muito bem-vindo. A cereja do bolo na primeira competição oficial do técnico Arthur Elias. Mas, antes mesmo da decisão, é possível afirmar que a seleção brasileira já tem o que comemorar.

Jogadoras do Brasil comemoram um dos gols da vitória sobre o México na Copa Ouro — Foto: SEAN M. HAFFEY / AFP

Mais do que a campanha perfeita, com vitórias nos cinco jogos disputados até aqui, a renovada equipe mostrou segurança contra diferentes adversárias e conseguiu obter resultados mesmo em meio aos muitos testes feitos pelo treinador.

Arthur Elias não repetiu escalação, variou a formação tática e deu chance a 22 das 23 convocadas - apenas a jovem goleira Amanda não entrou em campo. Os 15 gols marcados por 11 jogadoras diferentes mostram que muita gente soube aproveitar a chance.

Com apenas um gol sofrido, a defesa parece ter se redimido dos problemas apresentados nos amistosos contra Canadá e Japão. É certo que três adversárias na Copa Ouro 0 Porto Rico, Panamá e Argentina - não ofereciam mesmo risco à retaguarda brasileira. Mas no teste mais esperado na primeira fase, contra a Colômbia, o Brasil conseguiu anular a perigosa linha ofensiva rival, incluindo a jovem Linda Caicedo.

Adriana abre o placar para o Brasil aproveitando falha da goleira do México — Foto: CARMEN MANDATO / AFP

O segundo teste foi a vitória por 3 a 0 na semifinal desta quarta-feira, contra um sempre imprevisível México. Uma seleção que não se classificou para a Copa de 2023, mas vinha de 22 partidas sem derrota, desde setembro de 2022. Uma equipe capaz de estrear na Copa Ouro empatando com a Argentina e, dois jogos depois, vencer os Estados Unidos.

Nesta quarta, não foi possível avaliar o México por mais do que 20 minutos. O começo, de fato, assustou o Brasil, que sentiu a correria rival e teve dificuldade de colocar a bola no chão.

Mas um erro mexicano e uma decisão pelo menos discutível da arbitragem mudaram os rumos da partida na metade do primeiro tempo. Aos 20 minutos, a goleira Esthefanny Barreras saiu mal do gol, e a bola sobrou limpa para Adriana abrir o placar.

Logo depois, Nicolette Hernández derrubou Bia Zaneratto na meia-lua. A árbitra Tori Penso, que apitou a final da Copa de 2023 entre Espanha e Inglaterra, não deu falta. Quase dois minutos depois, foi chamada para rever o lance no VAR. O entendimento da arbitragem de vídeo foi de que a mexicana impediu uma chance clara de gol. Tori aplicou a falta com dois minutos de atraso e expulsou Hernández.

Com uma a mais, o Brasil ampliou o placar aos 31, em um bonito chute da lateral/zagueira Antônia, aproveitando rebote da defesa. Jogo controlado, Arthur começou a mexer no time no intervalo, e Gabi Portilho, uma das novidades, cruzou para Yasmim marcar o terceiro, de letra, logo aos dois minutos do segundo tempo.

Classificação assegurada, o Brasil deixou cair o ritmo, gerando certa insatisfação em Arthur Elias. Faz parte do estilo já conhecido do treinador, embora seja compreensível a queda de produção das jogadoras, até pelo intervalo pequeno entre os jogos. O foco já devia estar na final.

Domingo, o Brasil pode voltar a conquistar um título quase dois anos após vencer a Copa América, em uma competição inédita para a seleção - é a primeira vez que a Concacaf convida equipes da América do Sul para a Copa Ouro. No entanto, só por ter chegado à decisão em um torneio cuja prioridade declarada era observar jogadoras, pensando nos Jogos Olímpicos de Paris, no meio do ano, dá ao Brasil a garantia de que o saldo da Copa Ouro, salvo um resultado desastroso domingo, já é positivo.

Brasil 5 x 1 Argentina - Melhores momentos - Copa Ouro Feminina