Após 14 anos, desde a disputa da primeira edição do Campeonato Capixaba Feminino, a modalidade enfim ganhou uma competição oficial para as categorias de base. Neste final de semana foi realizada a rodada de abertura do Estadual Sub-17, com a participação de cinco times. A iniciativa foi elogiada pelo técnico da seleção brasileira feminina, Arthur Elias, e pela lateral-esquerda Tamires, medalhista de prata em Paris e multicampeã pelo Corinthians.
No Espírito Santo, com a seleção, para a disputa dos amistosos contra a Colômbia, o técnico Arthur Elias recebeu a novidade positivamente. O comandante analisou as diferenças existentes dentre as atletas que possuem a formação nas categorias de base, daquelas que chegam ao nível 'de cima' sem esse tipo de preparo.
- A principal diferença é do entendimento do jogo, coletivo e como o futebol se desenvolveu. São conceitos difíceis de você entender e executar bem. Então quem não tem a formação, costuma apresentar um déficit nisso. Claro que eu nunca vejo as situações de forma fechada. Esperamos que todas elas tenham essa oportunidade daqui para frente, com um processo de categoria de base, estrutura, conformação, tanto no aspecto atlético, quanto no aspecto social, pessoal, que é tão importante - disse o treinador da seleção ao ge.globo.
“Infelizmente não tive esse privilégio”, diz Tamires
Ícone da seleção brasileira e medalhista olímpica, a grande lateral-esquerda Tamires viveu os dois lados do futebol feminino. Ainda adolescente, o tradicional Juventus-SP acolheu uma futura craque, que já chegou ao clube diretamente no profissional, devido à falta de categorias de base.
- Sabemos que a diferença física, técnica, até a leitura do futebol mesmo, é muito diferente quando você está numa principal e quando você está numa seleção de base. Então, todo esse trabalho, de minutagem, de trabalho tático, de trabalho físico, para as atletas de base, isso deixa elas muito melhores, preparadas para quando chegam na principal. Eu infelizmente não tive esse privilégio. Quando eu entrei no Juventus-SP, eu tinha 15 anos, mas já fui para o time principal. Sofríamos muito para jogar contra equipes de meninas mais experientes - contou Tamires ao ge.globo.
Por fim, Tamires vê o futuro com bons olhos. A lateral afirma que mais investimentos vêm sendo feitos, pela CBF, apesar de ainda existirem claras limitações.
- As meninas acabam não tendo essa oportunidade de fazer a base em todos os lugares do Brasil, e isso acaba dificultando principalmente aos 15 e 16 anos. E a gente agora está conseguindo, com muitos projetos de base, com a CBF incentivando cada vez mais. É algo que ainda se limita a alguns lugares do Brasil, mas a gente vem nesse crescimento, e esperamos aí que futuramente a gente tenha cada vez mais equipes de base, mostrando o potencial e trazendo cada vez mais meninas também mais novas para campeonatos de alto nível - finalizou a lateral ao ge.globo.
Técnico Arthur Elias fala da importância da seleção feminina jogar no Brasil
A primeira rodada do Capixaba Feminino Sub-17
O Campeonato Capixaba Feminino Sub-17 começou no sábado com a vitória do MDE sobre o Harpia, por 4 a 3, no estádio Sernamby, em São Mateus. No domingo, o Vilavelhense derrotou o Vila Nova, por 5 a 4, no CT Solvive, em Vila Velha. O FC Estadual folgou. A competição de base vai até o dia 30 de novembro, data prevista para a final.
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