Por Leonardo Miranda

Jornalista, formado em análise de desempenho pela CBF e espe... ver mais

Entenda o estilo tático de Pedro Caixinha, novo técnico do Santos

Com trabalhos de destaque no México, Pedro Caixinha é conhecido por times ofensivos e objetivos. Veja como ele pode montar o Santos.


Pedro Caixinha no Santos: Veja a trajetória do técnico português

O Santos anunciou o português Pedro Caixinha como novo treinador da equipe.

Na tarde da segunda (23), o presidente Marcelo Teixeira e o CEO Pedro Martins comunicaram a contratação do treinador, com contrato vigente até dezembro de 2026.

Aos 54 anos, Caixinha treinará o segundo clube no Brasil, após passagem longeva pelo RB Bragantino. Jogador com carreira tímida em Portugal, ele foi assistente no Sporting, Al-Hilal, Panathinaikos, Rapid București e na Seleção Saudita e fez sucesso como treinador principal na América Latina, em clubes como Talleres e Cruz Azul.

Curiosamente, o melhor trabalho de sua carreira foi num clube homônimo - o Santos Laguna, do México, pelo qual venceu três títulos.

Pedro Caixinha, técnico do Red Bull Bragantino, durante treino no CPD — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Seu estilo de jogo é marcado por times agressivos, rápidos e ofensivos, com um forte trabalho de base. Confira mais detalhes abaixo:

Esquema tático preferido é o 4-2-3-1

Caixinha gosta de montar seus times no 4-2-3-1. No RB Bragantino, ele usou o esquema em praticamente todos os jogos, com Sasha como centroavante. No Talleres e no Cruz Azul, ele usou o esquema em boa parte dos jogos, como no exemplo abaixo, de um jogo do Talleres em 2022.

4-2-3-1 é o esquema preferido de Caixinha — Foto: Reprodução

Construção rápida, com a chamada "saída de três"

O treinador gosta de uma saída de bola rápida e objetiva. A bola sempre sai dos pés do goleiro, mas sem sair curto ao estilo Fernando Diniz. A ideia é chamar a marcação para a defesa e sair rápido, normalmente pelos lados. Uma das movimentações que mais acontecia no RB Bragantino e no Cruz Azul é a saída de três, quando um lateral vai para a linha dos zagueiros.

No RB, o time fazia um 3-2-5 para iniciar as jogadas. Um lateral jogava com os zagueiros na primeira linha. Os dois pontas abriam bastante o campo. Já Aderlan, que passou pelo Santos, virava um segundo volante junto com Matheus Nascimento nessa fase. Curiosidade: o ex-treinador Fabio Carille sempre citava Caixinha como responsável pela chegada de Aderlan.

Saída de três do Bragantino, com Aderlan como meia: destaque do time — Foto: Reprodução

Ataque em bloco, com muita velocidade

Caixinha é um treinador objetivo. Seus times são ofensivos, mas sem uma grande posse de bola. No ataque, a ideia é chegar com muitos jogadores: os volantes são apoiadores, saindo lá de trás, e até os laterais apoiam. No Bragantino, eram sempre cinco chegando, com muita liberdade de movimentação para Sasha sair da área.

Chegada do Bragantino: mais jogadores que a defesa do rival — Foto: Reprodução

Já no Talleres, a chegada privilegiava a rapidez e explorava muito os lados do campo. Um dos movimentos mais frequentes era uma triangulação entre o ponta, o volante e volante do lado. Toques rápidos e a bola já chegava na área para uma possível finalização. Todos os trabalhos de Caixinha consagram os pontas, que aliás são fundamentais ao dar drible e ficarem sempre abertos, buscando os lados.

Talleres: chegada rápida e pelos lados — Foto: Reprodução

No RB, a liberdade de movimentação era tão grande que Juninho Capixaba chegava no ataque, dentro da área, em vários momentos no jogo.

Defesa com duas linhas de quatro e forte pressão na bola

Os times de Caixinha gostam de se defender com duas linhas de quatro. O Bragantino se defendia num 4-2-4, com o cinturão da frente se deslocando para pegar os zagueiros e volantes do adversário. Avança, sufoca, vai marcando até obrigar a bola a voltar para trás. Talleres e Cruz Azul também mostravam o mesmo estilo de jogo na defesa.

Pressão alta do Bragantino em 4-2-4 — Foto: Reprodução

Campeão da Série B com duas rodadas de antecedência, o Santos demitiu Fábio Carille no dia 18 de novembro.

A diretoria apresentou propostas ao português Luís Castro e aos argentinos Gustavo Quinteros, do Vélez Sarsfield, e Gustavo Costas, do Racing, e depois de recusas, enfim concluiu a operação com o anúncio de Caixinha.

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