Faltou perna. Faltou organização. Faltou futebol. Com uma série de problemas que passaram por suspensões de jogadores importantes, lesões e dificuldades no deslocamento para San Juan, o Brasil sucumbiu diante de Israel, neste sábado, e está fora do Mundial Sub-20.
Israel 3 x 2 Brasil - Gols - Quartas de final do Mundial Sub20
A derrota por 3 a 2 é muito fruto das dificuldades que o time de Ramon Menezes teve para se encontrar com desfalques na linha defensiva. Arthur e Robert Renan, suspensos, e Kaiki Bruno, lesionado, foram substituídos por André Dhominique, Douglas Mendes e um Guilherme Biro improvisado. Mudanças que impactaram na postura e na saída de bola do Brasil.
Mesmo com o cenário desfavorável, a Seleção esteve na frente do placar em duas oportunidades, mas pecou pela desatenção e sofreu o empate quase imediato em ambas. Com apenas cinco opções de substituição no banco – todas utilizadas – e com Marlon Gomes baleado na prorrogação, faltou perna para seguir caminhando na tentativa do hexacampeonato.
Os perigos em jogadas aéreas logo no começo até iludiram que o Brasil seria dominante contra Israel. Puro engano. Fosse pelo cansaço da viagem de La Plata para San Juan, fosse pelos desfalques, fosse pela organização do adversário, a etapa inicial foi toda israelense diante de uma seleção que praticamente se restringiu a correr atrás da bola.
Israel x Brasil
- Finalizações: 21 x 20
- Finalizações no gol: 7 x 9
- Posse de bola: 55% x 45%
- Passes trocados: 561 x 452
- Faltas cometidas: 15 x 22
- Escanteios: 10 x 11
A marcação alta, com perde e pressiona eficiente que ditou o ritmo nas vitórias sobre República Dominicana, Nigéria e Tunísia não existiu. O Brasil baixou as linhas e viu o outro time trocar passes até com certa tranquilidade. Savinho, válvula de escape e desequilíbrio neste Mundial, foi pouco acionado, e aos 30 minutos o número de passes trocados impressionava: 135 de Israel contra apenas 39.
Menos mal que a Seleção defendia bem, e Kaíque praticamente não era acionado. Na base da individualidade, o time de Ramon ainda conseguiu levar perigo com Marquinhos, após jogada individual de Sávio, e Marcos Leonardo. Pouquíssimo para 45 minutos em que a preocupação de não dar brechas a partir da linha defensiva toda mudada travou o Brasil.
"Referee pega la camiseta de Israel" - Andrey reclama com juíz depois da eliminação
Na volta do intervalo, Ramon colocou Ronald na vaga de Biro, deslocou Marquinhos para a esquerda, e avançou Andrey. Deu certo no começo. Ronald foi peça importante para auxiliar na saída de bola a três, sempre se posicionando entre os zagueiros, e tinha qualidade para quebrar linhas. Foi assim que encontrou Matheus Martins para servir Marcos Leonardo, que abriu o placar aos 11.
O gol, por sua vez, esteve longe de tornar o jogo controlado para o Brasil. Na verdade, nem deu para sentir o gosto da vantagem. Israel abusava das jogadas no lado esquerdo improvisado na defesa brasileira. Quando a construção não acontecia por ali, os lances terminavam com investidas de atacantes no setor. E foi assim, nas costas de Marquinhos, que Khalaili escorou de cabeça para empatar já aos 15.
Com um jogo por dentro eficiente, o Brasil ao menos retomou as rédeas da partida e tinha maior aproximação. Ramon tentou abrir o campo colocando Giovane, do Corinthians, e Giovani, do Palmeiras, nas pontas. O time até ganhou velocidade, mas ficou exposto ao ponto de Kaíque ter que fazer milagre em chute de Turgeman após contra-ataque.
Jean Pedroso ainda teve oportunidade de evitar a prorrogação após bate e rebate na área. Mas o 1 a 1 ficou de bom tamanho para o que foram 90 minutos oscilantes do Brasil.
Faltou perna, faltou atenção
Com tantos jogadores fora de posição e desgastado fisicamente, o Brasil se via dependente das individualidades para atacar e guardava suas forças para evitar correr riscos. Logo no primeiro minuto da prorrogação, deu certo. O entrosamento de quase uma década na base do Vasco fez com que Andrey Santos e Marlon Gomes tabelassem, até o capitão achar passe de letra para Matheus Martins abrir o placar.
Era tudo que o Brasil precisava para tentar controlar o jogo, respirar, e jogar com o desespero israelense. Mas ficou na teoria e a história do tempo normal se repetiu. Israel forçou o jogo no lado esquerdo improvisado, tabelou para cima de Marquinhos, e o cruzamento encontrou Shibili para empatar logo aos três.
Como já vinha acontecendo no segundo tempo, o Brasil manteve a posse de bola e o controle diante de Israel que verticalizava nas bolas recuperadas. Neste cenário, Giovane até assustou em chute cruzado, mas foi o adversário quem virou o placar com Turgeman ao fazer fila para cima de defensores brasileiros já sem forças.
A esta altura, o Brasil já tinha Marlon Gomes em campo apenas fazendo figuração por conta de problemas musculares. Cansado, com praticamente um a menos, e carente de organização, o empate passou a ficar distante. Israel ainda desperdiçou dois pênaltis em sequência, mas o Brasil não teve gás para reagir. O sonho do hexa ficou para 2025.
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