O ano era 2013. Rafaela Patallo, na época jogadora de vôlei do Joseense, estava nas arquibancadas do estádio Anísio Haddad assistindo ao jogo da Formiga, sua maior inspiração no futebol, pelo São José, sonhando com o dia em que seria ela nos gramados. Essa realização aconteceu domingo, quando estreou no Carioca Feminino de 2021 como capitã do Boavista na vitória por 1 a 0 sobre o Bangu.
Nascida em Patrocínio, em Minas Gerais, Rafaela sempre foi apaixonada por esportes e iniciou a carreira no vôlei. Recebeu propostas para atuar fora de sua cidade natal e, aos 12 anos, viveu a experiência de deixar a casa dos pais e construir sua trajetória nas quadras. A ponteira jogou em clubes como o Sesi-MG, Praia Clube, Araraquara, Barueri e Fluminense - seu último clube no Brasil, em 2016. Foi para a França, onde atuou por quatro temporadas e defendeu o VC Harnesien.
Durante a pandemia, decidiu não seguir na França e voltou para o Rio de Janeiro para ficar com a família. Em maio deste ano, para manter o físico, começou a treinar futebol em um centro de intercâmbio de atletas, em Niterói. Chamou a atenção do seu treinador na época, que disse que ela tinha talento e precisava jogar o Carioca 2021. O que sempre foi uma grande vontade, tomou forma e chegou a hora da difícil e grande decisão: trocar as quadras pelos gramados.
- Quando a Rafa me contou que jogava vôlei, fiquei sem entender. Foi começar o treino, e ela pegar na bola que percebi que tinha condições reais de jogar futebol. A Rafa traz a experiência e o físico de uma atleta de alta performance com a habilidade que já nasceu com ela. Então, a sua adaptação foi muito rápida. Dei muito apoio e acho que ela vai longe, com a dedicação e o foco que tem - conta Bernardo França, treinador do centro de intercâmbio de atletas.
O futebol está presente na vida de Rafaela desde a infância. A zagueira cresceu jogando bola com os meninos na rua, mas, naquela época, não tinham tantas oportunidades e ela acabou escolhendo o vôlei.
- O futebol é uma paixão e, sempre que podia, eu estava jogando. É uma grande realização profissional e pessoal poder jogar hoje. Quando decidi mudar de esporte, falavam para mim que era uma ideia maluca. Ter a minha família me apoiando fez a diferença. Então, segui em frente e quero construir uma trajetória de muito sucesso no futebol.
Aos 29 anos, Rafaela começou a jogar pelo Boavista no Carioca Feminino de 2021 e trouxe na bagagem toda a experiência de anos como jogadora de vôlei.
- É engraçado quando perguntam: "Em que clube você jogava?" E eu falo: "Então, na verdade, eu jogava vôlei". Está sendo um momento de muita realização. Empenho e vontade não vão faltar e sou muito grata ao Boavista e toda comissão por terem aberto as portas para mim e me dado a oportunidade de começar essa história com eles.
O Boavista volta a campo pelo Carioca Feminino 2021 na quarta-feira, às 15h contra o Vasco, no CT Artsul.
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