Barra reta ou W, qual é a melhor? Trata-se de uma dúvida comum a quem treina na academia. Segundo educadores físicos, a resposta é complexa, com cada uma das barras podendo ter diferentes usos e influências na execução do movimento. Entretanto, a opção pela barra reta ou pela barra em W vai muito mais da preferência e do conforto.
— A diferença entre as duas barras ocorre principalmente na posição das mãos, o que influencia diretamente no estiramento do músculo do bíceps, visto que esses dois exemplos de barras são direcionados para exercícios de bíceps e tríceps — explica o personal trainer Lincoln Cavalcante.
— Quando utilizamos a barra reta no exercício de bíceps, seja com a pegada pronada (palma da mão para baixo) ou pegada supinada (palma da mão para cima), existe um estiramento maior do bíceps comparado com a barra W. Isso afeta diretamente o acionamento das fibras musculares, recrutando mais fibras musculares com a barra reta — complementa o especialista.
Apesar das diferenças na maneira em que as barras trabalham os músculos, é essencial que o praticante se sinta confortável durante o exercício.
— Embora tenham diferenças biomecânicas, é importante ser escolhido o que traz mais conforto. Podem existir indivíduos que realizam o exercício com a barra reta a vida inteira e que, quando realizam com a barra W, se machucam e vice-versa — ressalta o personal trailer Matheus Vianna.
— Tão importante quanto a prescrição do treinamento é a avaliação física. A barra reta pode causar desconfortos ou lesões quando executamos o exercício de forma errada ou já temos um histórico de lesões prévias. Lesões como a tendinite nos punhos e cotovelos, que é uma inflamação nos tendões das articulações, podem ser causadas pela prática inadequada — aponta o especialista.
Barra reta ou W
Pensando no melhor rendimento e aproveitamento dos treinos de musculação, os dois profissionais afirmam que a melhor opção é, sempre que possível, criar uma variação das barras e dos exercícios realizados.
— Não existe a melhor barra ou o melhor exercício, visto que o corpo humano sempre busca a adaptação e, se não houver variação do tipo de pegada na barra, por exemplo, pode acontecer de o resultado se estagnar — pontua Lincoln.
— As duas barras são muito bem vindas, com a finalidade de darem diferentes estímulos ao músculo trabalhado. A barra W com a pegada pronada ou supinada é mais proveitosa quando há uma lesão na região do punho, devido à posição mais anatômica das mãos. Agora, desde que não exista qualquer estrutura óssea ou cartilaginosa do punho, estando com as articulações saudáveis, vale a pena utilizar a barra reta para obter novos estímulos — complementa.
Matheus reforça que, a depender do exercício praticado, a troca nem sempre é interessante.
— Se for um exercício convencional para trabalhar o tríceps, sem dúvidas a barra W permite mais conforto para as articulações no momento que o indivíduo estará estendo os cotovelos. Já para um exercício focado no bíceps, a barra reta mostra-se mais confortável.
Os profissionais concordam que não há exercícios em que um dos dois tipos de barras não possam ser utilizados. Porém, é importante que o aparelho escolhido não gere prejuízo ao usuário.
Lincoln destaca, por exemplo, que pessoas que possuem lesão ou tendinite na articulação do cotovelo ou punho devem evitar a barra W, já que ela cria maior pressão nos tendões e ligamentos da região. Já quem sofre de epicondilite pode apostar na barra W, que proporciona uma posição mais anatômica na articulação do cotovelo.
— Embora o uso da barra W e da barra reta possa ser realizado em qualquer treino, vale lembrar que o treinamento não é composto em apenas pensar em qual músculo o praticante deseja trabalhar, mas também no que ele considera mais confortável, além de considerar o seu nível de condicionamento físico — conclui Matheus.
Fontes:
Lincoln Cavalcante (@lincolncavalcante) é personal trainer fundador da Neuro Performance EMS e criador do método TOP10Rounds, com 15 anos de experiência no mercado Fitness e Wellness, além de ser conhecido por treinar celebridades.
Matheus Vianna é personal trainer do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), ecriador do método Performance+. Graduado em Educação Física pela Universidade Estácio de Sá, pós-graduado em Ciência da Performance Humana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Ciências pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp).
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