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Por Ana Paula Simões

Professora instrutora e mestre em Ortopedia e Traumatologia do Esporte pela Santa Casa de São Paulo e diretora da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

São Paulo


No último final de semana, participei do Bota Pra Correr, projeto criado em 2019 que tem como foco levar a corrida para lugares inovadores do Brasil e que preza pelo incentivo ao esporte e nossa cultura. Para nossa surpresa, sábado (21/10) aconteceu sua maior edição, com inscrições limitadas a 800 pessoas e esgotada semanas antes. As edições anteriores tiveram passagens por paraísos como Jalapão, Alter do Chão, Chapada dos Veadeiros e tive a honra de ter participado da etapa no Pantanal.

Ana Paula Simões no Bota pra Correr em Milagres, Alagoas — Foto: Divulgação

Dessa vez o projeto desembarcou na Rota Ecológica de Milagres, em Alagoa, e uniu corredores amadores, profissionais e influenciadores digitais. Mas o melhor ficou para a população local, que compareceu em peso nas ruas. O marco oficializa a etapa como uma edição histórica do evento, somando o maior número de participantes dentre todos os destinos já visitados. E realmente foi marcante.

Sustentabilidade

Entre as iniciativas socioambientais do evento, além dos tênis fabricados com 100% de energia limpa, a tradicional reciclagem de resíduos foi realizada via cooperativa local, a Recicla Milagres, somando mais de 190kg de materiais, sendo 123kg de papelão, 34kg de latinha e 38kg de plástico.

Todos os inscritos receberam copos de silicone para minimizar o impacto no meio-ambiente — Foto: Divulgação

Todos os inscritos para o Bota pra Correr Rota Ecológica dos Milagres recebemos, no kit de inscrição, copos retráteis de silicone para serem utilizados nos postos de hidratação, reduzindo a produção de lixo e evitando o desperdício de plástico. A água era servida pelo staff local em jarras com gelo, o que acabou ajudando também a refrescar e aliviar o calor quando jogada na nuca, para amenizar o calor.

Riquezas do Brasil

As cores cristalinas de Milagres inspiraram a paleta de cores dos tênis e das roupas. O Bota pra Correr Milagres veio nos mostrar e reafirmar o quanto nosso país é rico de natureza, de paisagens, de vida! E é isso que faz com que cada etapa seja única, até agora não se repetiu e fica o gostinho de: quando será a próxima?

A comunidade local participou ativamente do percurso, aplaudindo, cantando, celebrando e motivando os corredores — Foto: Divulgação

Nessa etapa , tivemos o protagonismo das pessoas da comunidade local, que acordaram cedo para nos ver correr e fizeram um corredor humano nas calçadas com torcida, gritos de incentivo e até acolhimento para quem cansava. Eles foram para as ruas com música, foram para frente das casas para incentivar e vibrar com cada um que passava. Tenho certeza que isso vai ficar na memória de cada um. Para mim, foi a conexão, o toque de mão com as crianças, que olhavam admiradas vendo talvez pela primeira vez uma pessoa correr sem parar por tantos quilômetros.

A prova

Dividido em percursos de 10 km e 21 km, o Bota Pra Correr na região alagoana contou com largada e chegada na areia da praia e trajetos contemplando de subidas leves e decidas de terra batida a asfalto e cenários cinematográficos, com coqueiros de fundo. A prova aconteceu debaixo de muito sol e calor, mas posso dizer que foi uma das etapas mais marcantes do circuito, mesmo tendo achado a do Pantanal bem mais quente (até porque passei mal e desidratei na primeira).

A prova aconteceu debaixo de muito sol e calor — Foto: Divulgação

Nessa, eu estava melhor e fui mais bem preparada. Todos os postos de hidratação foram devidamente aproveitados. E terminar a prova no mar não tinha que ser diferente: o mergulho e refresco estava garantido!

A comunidade local participou ativamente do percurso, aplaudindo, cantando, celebrando e motivando os corredores a cruzarem uma das linhas de chegadas mais emocionantes de que já participei, com uma grande tenda de café da manhã nos esperando no hotel, para todos os participantes. E seguimos confraternizando até a premiação com várias ações e emoções, que fomos dividindo com cada um que chegava com a superação de ter realizado o feito.

Estamos nos aproximando da comunidade corredora de todo o país e cada cidade tem um corredor local que inspira a prova e vira referência. Nesta, foi a Fernanda de Oliveira, que estava nervosa na largada e para quem tive a oportunidade de transmitir um pouco dos meus anos de corrida e dizer a ela que tudo daria certo nos seus primeiros 21km da vida. E assim ela fez! Terminou lindamente a prova e representando muito bem sua cidade! Quem sabe não sai um corredor de Milagres nos próximos anos inspirados pela experiência, pelo nosso sorriso, nosso toque, nosso “legado”.

A corrida de sábado mais uma vez promoveu a sensação de dever cumprido para todos os participantes, que olham além da competição: vide Giovani dos Santos e Wellington Cipó, que chegaram de mãos dadas no primeiro lugar dos 21km masculino geral.

Tenho certeza que todos saímos orgulhosos de completar o percurso e, com muita, parceria e emoção, construímos uma base sólida de senso de comunidade, uma das premissas do evento que busca conectar pessoas, memórias e corrida com uma atmosfera única.

Fechando com chave ouro, o Bota pra Correr Milagres realizou uma festa de encerramento para comemorar o corre, também para todos inscritos, que contou com um show surpresa da cantora Iza, um dos nomes mais relevantes da música pop brasileira. E quem disse que era só botar pra correr? Ë muito mais que ‘’só “uma corrida!

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do ge / Eu Atleta.

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