Todos os anos, a Maratona do Rio de Janeiro reúne um time de especialistas para fazer o planejamento do evento, composto por cardiologista, psicólogo do esporte, nutricionista, entre outros. Ortopedista credenciado pelo evento, o dr. Sérgio Maurício está acostumado a acompanhar as agruras de quem se dedica aos 42km.
Veja os principais pontos de perigo, e como saber se é preciso deixar a prova:
1) Quais as lesões mais frequentes na Maratona do Rio?
As lesões são mais comuns durante os três meses de treinamento intenso que antecedem a maratona do que no dia da prova em si - fraturas por estresse, fascite plantar e tendinites, raramente ocorrem no dia da prova. Assim, se você chegou até a linha de largada, suas pernas já aguentaram bastante.
Durante a corrida, a incidência é maior de cãibras, desidratação, hipertermia, torções e estiramentos musculares. Mesmo o Rio de Janeiro sendo uma cidade quente, em dias chuvosos ocorrem casos de hipotermia, quadro muito mais comum em cidades frias.
2) Qual o ponto que merece mais atenção da equipe médica e dos corredores?
O ponto com mais incidentes é a descida da Niemeyer, quando os maratonistas já passaram dos 30km, e o corpo sente mais o declive do terreno. Após essa barreira os estoques de energia começam a ficar baixos, o calor tende a incomodar e o corpo precisa de mais esforço para manter a temperatura equilibrada.
Com o cansaço, alguns atletas mudam a mecânica da corrida, a fadiga muscular leva à uma má estabilização dos quadris e joelhos, com sobrecarga nas articulações. O corredor sente maior impacto de suas pisadas com o solo, o que aumenta a chance de um estiramento ou contratura muscular.
3) Como saber se você teve uma câimbra (e pode continuar a prova) ou se foi um estiramento (e terá que parar)?
A câimbra se manifesta como se o músculo estivesse dando um "nó". Ela é resultado de fadiga da musculatura por algum motivo, o principal deles é desidratação, não só pela falta de água, mas também pela falta de reposição de sais, que ajudam a “segurar a água” dentro das células musculares. O melhor a fazer é parar, alongar para desfazer o espasmo da musculatura, ingerir uma cápsula de sal ou gel e beber água. Errar na estratégia alimentar no dia da prova, após tanto treinamento não é algo que você possa se permitir.
O estiramento se manifesta como uma fisgada ou sensação de "pedrada", que não melhora com o repouso e piora se tentar insistir correndo. Neste caso, o conselho é buscar ajuda médica e interromper a prova, seguir mancando só vai piorar o problema.
4) E para evitar a hiportemia, qual a sugestão?
Roupas leves e boa hidratação. A cada copo de água, jogue um pouco em sua cabeça. Se estiver muito quente, vale até colocar uma pedra de gelo dentro do boné. Perdemos muito calor por nosso couro cabeludo, e seu resfriamento vai te manter mais disposto. No caso de uma torção ou fisgada na perna que sugira um estiramento muscular, o melhor é parar e aguardar ajuda médica.
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