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Por Redação do ge — São Paulo


Adversária da seleção brasileira nas oitavas de final da Copa do Mundo no Catar, a Coreia do Sul é uma potência nos esportes eletrônicos - como são chamados os jogos de videogame jogados competitivamente. Foi a partir de lá que o cenário competitivo de esports se desenvolveu no Oriente, servindo de referência para o mundo inteiro por conta do alto nível de profissionalização em diversas modalidades. Um exemplo desse sucesso é o League of Legends, no qual times sul-coreanos venceram sete, das 12 edições do Campeonato Mundial.

Faker, jogador de LoL da T1, ao lado de Son, da seleção sul-coreana de futebol — Foto: Divulgação/T1

Na Coreia do Sul, os games são reconhecidos como esportes, com jogadores alçados aos postos de celebridades, e existe uma entidade do governo para cuidar do tema no país, a Korea e-Sports Association (KeSPA), criada em 2000.

Isso se tornou possível porque, em meados da década de 1990, os políticos coreanos decidiram desregulamentar o mercado de telecomunicações, o que propiciou o crescimento da infraestrutura de banda larga, que precisou ser preenchida por conteúdo. Investiu-se em jogos online e televisão digital. A internet na Coreia do Sul é uma das mais baratas, rápidas e acessíveis do mundo.

Inicialmente, a Coreia do Sul virou uma potência no StarCraft, jogo de computador do gênero Real Time Strategy (estratégia em tempo real, em português) lançado em 1998 pela empresa norte-americana Blizzard Entertainment. Historicamente, os campeonatos de StarCraft foram amplamente dominados pelos sul-coreanos.

Jogadores de StarCraft são considerados ídolos por lá, com o mesmo reconhecimento - e às vezes até maior - de atletas de esportes tradicionais.

Outro ídolo sul-coreano, inclusive a nível mundial, é Sang-hyeok "Faker", jogador de League of Legends, game de computador do gênero Multiplayer Online Battle Arena (Arena de batalha online multijogador, na tradução para o português) desenvolvido pela norte-americana Riot Games. Ele é o único tricampeão mundial de LoL e tem sete participações nos campeonatos mundiais da modalidade, competindo em alto nível desde que iniciou a carreira e conquistou o primeiro título, em 2013.

Faker com três troféus do Mundial de LoL e dois do MSI, campeonato de meio de temporada — Foto: Reprodução

Considerado o maior jogador de League of Legends da história, além de ser o mais vencedor, Faker tem status de lenda na Coreia do Sul, indo além da bolha de esports. Em um país que valoriza e incentiva os esportes eletrônicos, Faker é ídolo nacional.

O astro já entrou para a lista "Forbes Under 30", virou garoto-propaganda de uma marca de sorvetes, jogou LoL e cantou com a banda de k-pop BTS em uma plataforma de streaming sul-coreana e estampou outdoors.

Ídolo da seleção sul-coreana de futebol, o atacante Son Heung-min trocou camisa com Faker em julho deste ano, depois de ter estrelado um comercial ao lado do ídolo dos esports em 2020.

PC Bang em Seul, na Coreia do Sul — Foto: Gabriel Oliveira

O incentivo por lá não é burocrático. A KeSPA, responsável por cuidar dos esports na Coreia do Sul, administra tudo que envolve o cenário competitivo, promove campeonatos, dá assistência aos competidores e fomenta o mercado. A LCK, a liga sul-coreana de LoL, é uma das mais assistidas do mundo e tem o maior nível de competitividade, ao lado da competição chinesa, a LPL. Tanto é que, de 12 campeonatos mundiais realizados, equipes sul-coreanas venceram sete.

No Worlds 2022, o último campeonato mundial realizado, a final teve duas equipes sul-coreanas disputando o título: a T1, do astro Faker, e a DRX, a campeã. Jogadores sul-coreanos são exportados para todas as outras regiões do LoL, inclusive o Brasil, onde o Campeonato Brasileiro (CBLOL) costuma contar com dezenas de profissionais oriundos da Coreia do Sul.

Overwatch, jogo de computador do gênero First-Person Shooter (tiro em primeira pessoa, em português) da Blizzard, também teve enorme popularidade na Coreia do Sul. Tanto é que, de quatro Copas do Mundo da modalidade, a seleção sul-coreana venceu três. Na Overwatch League, a principal competição de jogo, times sul-coreanos venceram as cinco temporadas realizadas.

O desenvolvimento de novos competidores é incentivado pelos clubes de esports, que possuem categorias de base, e pela enorme rede de lan houses, onde os sul-coreanos têm o hábito de jogar diferentes games. Assim como os campinhos de futebol do Brasil, as lan houses também estão por toda parte nas cidades da Coreia do Sul.

Nesses locais, comuns no Brasil no início dos anos 2000 e chamados de "PC Bans" na Coreia do Sul, paga-se pelo uso de computadores de alta performance onde estão instalados uma série de jogos. Se por aqui a febre já passou, por lá as lan houses continuam muito populares, sendo ponto de encontro de jovens para longas horas de jogatinas, amparadas por infraestrutura de alimentação disponível nos próprios PC Bangs.

Em busca do hexa, o Brasil enfrenta a Coreia do Sul pelas oitavas de final, nesta segunda-feira, às 16 horas (no horário de Brasília), no Estádio 974.

A seleção brasileira terminou a primeira fase na liderança do Grupo G, mas perdeu para Camarões, por 1 a 0, na última rodada ao sofrer o único gol na competição, depois de vencer a Sérvia na estreia por 2 a 0 e a Suíça, na segunda rodada, por 1 a 0.

Lesionado, o craque Neymar treinou com bola e, possivelmente, voltará a campo após dois jogos ausente. Já os sul-coreanos garantiram vaga nas oitavas de final de forma dramática ao vencer, de virada, Portugal, por 2 a 1, com gol nos acréscimos. O time liderado por Son ficou em segundo no Grupo H e superou o Uruguai pelo número de gols pró (4 contra 2).

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