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Por Sidney Garambone

Futebol & Cultura & Vice-Versa


Não é mitologia. É história. Que virou filme em 1962 e 2006. Os 300 de Esparta. Liderados pelo rei Leônidas, os trezentos gregos resistiram aos milhares de soldados do muito mais numeroso exército persa, na famosa Batalha de Termópilas. Não eram só 300… mas eram uma minoria avassaladora. Heródoto deu lá uma exagerada, mas isso Nelson Rodrigues também fazia e só ouvia aplausos.

Nelson Rodrigues. Tricolor.

Foi pro céu em 1980 sem conhecer a alcunha “time de guerreiros”, que seu Fluminense ganhou em 2009, por ter escapado do mais certo e pétreo dos rebaixamentos do Brasileirão.

Germán Cano comemora gol da virada do Fluminense contra o Internacional — Foto: Gustavo Garcia

Ultimamente, a torcida do Flu nem tem entoado muito o grito “Guerreiros, Guerreiros, time de Guerreiros…”. Talvez por achar que o dinizismo e sua maneira e mania de carinhar a bola de forma mais filosófica não combinasse com o espírito bélico de um guerreiro espartano.

Porém, amigos, a quarta-feira à noite não só ressuscitou a mística como acrescentou uma pimenta histórica. Os 300 de Laranjeiras estão vivos na Libertadores. A terceira ressurreição numa mesma competição.

Primeiro, contra o Argentinos Juniors, nas oitavas, em plena Buenos Aires, quando perdeu um jogador expulso, Marcelo, mas não se entregou, buscou o empate, viu o rival também perder um atleta por cartão vermelho, e no Rio classificou.

Segundo, contra o Internacional, no jogo de ida da semifinal, no Maracanã, quando a torcida se calou desesperada ao ver Samuel Xavier expulso e o Colorado virar. Mas os 300 novamente foram resilientes, guerreiros, buscaram força sabe-se lá de que mitologia, e empataram com menos um.

Terceiro, contra o mesmo Internacional, em Porto Alegre. Havia maioria esmagadora de colorados no estádio, claro. Mas havia também uma superioridade tática e emocional do time gaúcho, que jogou o primeiro tempo envolvendo o Fluminense, fazendo um gol no começo, dominando as trincheiras e vislumbrando uma classificação merecida.

Aí aconteceu.

Das profundezas do túnel do vestiário do Beira-Rio não voltaram 11 jogadores. Voltaram os tais 300 de Laranjeiras. O rei Fernando Leônidas mudou um pouco a estratégia e começou a atacar também. Entretanto, sofreu. Sofreram. Os 300 viram o exército do persa Xerxes, ou melhor, do equatoriano Enner Valencia, chegar perto do triunfo final uma, duas, três vezes.

E o Flu resistiu.

Sobreviveu.

E não desistiu.

Em 6 minutos, empatou e virou. Não queria os pênaltis.

E foi para a final.

Agora é outra história.

Sem maiorias e sem minorias no Maracanã.

Dois times. Dois exércitos. Duas academias.

Só um campeão.

Afinal, é impossível agradar a gregos e troianos.

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