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Por Ricardo Gonzalez

Comentarista dos canais sportv


Nenhum dos três resultados possíveis num jogo de futebol poderá surpreender alguém neste sábado em São Januário. Assim como qualquer um dos dois, Vasco ou Atlético-MG, pode garantir sua vaga na final da Copa do Brasil sem que ninguém ache estranho. Será uma das disputas mais equilibradas dos últimos tempos, cada um disputando no limite com as armas que possui. Se o critério fosse apenas qualidade individual dos times, o Galo da Massa poderia estar bem otimista. Só que não é. O Vasco, mesmo obrigado a vencer e com um time com menos de onde tirar, tem uma trajetória marcada nesta competição pela superação. A goleada sofrida pelo time de Rafael Paiva contra o São Paulo não deve fazer o Galo cair na armadilha do "já ganhou".

Atlético-MG x Vasco - Melhores Momentos

Atlético-MG x Vasco - Melhores Momentos

Se fizéssemos aqui a famosa comparação jogador por jogador, de que tanto gostam as resenhas esportivas, sem dúvida a vantagem seria dos mineiros. Até pela diferença de investimentos desde 2021, o Atlético-MG tem muito mais de onde tirar, possui um técnico de nível internacional e mais experiente do que seu colega vascaíno, e talvez a melhor dupla de ataque do país (não necessariamente isolados, mas a soma de Paulinho com Hulk). Mais: neste ponto da temporada, começa a recuperar o encaixe que Gabriel Milito havia conseguido logo que assumiu às vésperas da conquista do Estadual. Esse bom jogo derreteu a partir da Copa América, especialmente pela falta que fazem Zaracho e Arana - este último cuja ausência obrigou Scarpa a trocar o lado direito, um achado de Milito, pela esquerda.

Agora, o Galo é de encarar o consistente Fortaleza, no Castelão, com um time reserva (Alisson, Igor Gomes, Palácios e Alan Kardec na frente). Porque a engrenagem recomeçou a funcionar independentemente de nomes. O time ganhou opções de ataque, especialmente Deyverson, mas que não poderá enfrentar o Vasco, já que atuou na Copa do Brasil pelo Cuiabá. Essa qualidade de elenco e treinador, somada ao gol de saldo que conquistou na ida em Belo Horizonte, é a grande arma do Atlético-MG na disputa deste sábado no Rio de Janeiro.

O Vasco tem uma trajetória distinta. Mais ou menos na mesma época em que o Galo batia o Cruzeiro na final do Mineiro e Milito começava a montar um time que ameaçava comparar-se ao de 2021 (campeão brasileiro e da Copa do Brasil), o time então dirigido por outro argentino, Ramon Diaz, era eliminado pelo frágil Nova Iguaçu na semifinal do Carioca. Ali, se alguém ousasse prever que o Cruzmaltino seria dirigido pelo técnico do sub-20 por mais de um turno no Brasileiro, não correria com ele mais risco de degola, e ainda chegaria no jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil vivo e com com chances de disputar a final, esse alguém seria muito zoado.

Apesar do quase milagre perpetrado por Rafael Paiva (em 24 jogos, expressivas 10 vitórias, mais 7 empates e 7 derrotas), o momento do Vasco não é dos mais encantadores. O time não vence há oito jogos no Brasileirão, e vem de uma goleada incontestável para o São Paulo por 3 a 0. Os cariocas vem perdendo consistência defensiva, e na outra ponta ficou claríssimo que juntar Philippe Coutinho e Payet não só não compensa a falta absoluta de jogo pelos lados como ainda inviabiliza a recomposição defensiva - em termos ofensivos o time vem perigosamente se resumindo a bolas aéreas para o impressionante artilheiro Vegetti. Então o Galo é favorito para avançar? Para mim, não. Como disse no início do post, nenhum resultado vai surpreender, e isso inclui classificação dos mineiros. Mas o Vasco também têm suas armas.

Uma é São Januário. O palco do jogo será, não tenho dúvidas, mais uma vez um caldeirão a intimidar os adversários e dar um força invisível ao time carioca. Outra é Léo Jardim, que poderia por antecipação ser candidato a um dos três melhores jogadores da atual edição do torneio. Mas o que mais me faz acreditar que o Vasco tem chance contra um rival tecnicamente bem superior é o foco. Que em outros tempos era chamado de raça. Na coletiva pós-jogo contra o São Paulo, Rafael Paiva repetia como um mantra (fosse uma pergunta sobre o Galo, fosse uma pergunta sobre a vida em Marte): "Precisaremos competir. Vamos competir. Competir, competir..."

Exemplos de como o time é mentalmente muito forte não falta. Fiquemos apenas na Copa do Brasil, em que o time avançou por três vezes na cobrança de pênaltis. Na segunda, tomou o gol de empate do Fortaleza, com Hércules, no finzinho da partida - portanto, momento psicológico teoricamente mais favorável ao Leão do Pici: deu Vasco. Depois, começou perdendo para o Athlético-PR, na Arena da Baixada (verdade que o Furacão já viveu dias melhores) por 2 a 0 e foi buscar com Vegetti, sempre ele, um gol que levou mais uma vez o time à disputa de pênaltis. E, adivinhem, deu Vasco de novo...

Não sei qual será a escalação do Galo, mas sou capaz de apostar que Arana vai para o jogo, a menos que tenho menos de 50% de condições físicas. Tampouco sei quem começa jogando no Vasco, mas não me surpreenderia se entrassem Hugo Moura, Matheus Cocão e Sforza no meio - com isso, haveria cobertura para as subidas de PH e Piton (o time precisa demais deles, mas não pode deixar Arana e Scarpa livres), e até poder-se-ia imaginar, caso o gol não saia até o segundo tempo, uma nova tentativas simultânea com Payet e Coutinho. Pelos lados, nenhum dos estrangeiros trazidos na janela já consegue inspirar confiança, Rayan continua sendo, para mim, a melhor opção.

Só sei que nada sei e que será um baita jogo de futebol. Brigado e disputado até o apito final. Certamente indefinido até a definição, com ou sem pênaltis. Não perderei esse duelo por nada...

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