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Por Ricardo Gonzalez

Comentarista dos canais sportv


Entre o primeiro e o segundo turno da Série A é aquela hora saborosa de cada jornalista esportivo montar a sua seleção da primeira etapa do campeonato. Brincamos de treinador. E este blogueiro aproveita o início da era Fernando Diniz (apenas a coincidência de "convocações", já que a lista do técnico é bem "europeia" como tem de ser mesmo) para fazer a sua seleção do primeiro turno da Série A 2023. Uma óbvia e justa homenagem ao Botafogo, disparado o melhor time desta edição até aqui. O líder, que não vê ninguém à frente e nem atrás (no retrovisor só há poeira...) tem cinco escolhidos (poderiam ser seis), o craque, a revelação e o técnico. Completam o meu bom time, com o perdão da imodéstia, dois palmeirenses, um gremista, um ex-corintiano, mais um representante do Athlético-PR e do excelente Bragantino. Vamos aos nomes:

Seleção elege Tiquinho como craque do primeiro turno do Brasileirão

Seleção elege Tiquinho como craque do primeiro turno do Brasileirão

GOLEIRO - LUCAS PERRI (Botafogo) - Foi um dos pilares do Alvinegro, importante na espinha dorsal gol - zaga - meio - ataque. Teve excelentes concorrentes neste campeonato, e valem menções muito honrosas para Fábio, do Fluminense, e Bento, do Athlético-PR. Mas se alguém ficou em dúvida em apontar Perri, os 15 minutos finais do goleiro no jogo contra o Cruzeiro, no Mineirão, foram decisivas e salvadoras, ali ele mostrou sua capacidade de operar milagres.

LATERAL DIREITO - MAYKE (Palmeiras) - Não é de hoje que se mostra um jogador moderno, capaz de várias tarefas. Cresceu muito pelas mãos de Abel Ferreira, tanto produzindo bem como lateral como na ala, construindo ou defendendo. Pode jogar com Marcos Rocha, mas se for necessária a opção, Mayke passou à frente.

ZAGUEIRO CENTRAL - ADRIÉLSON (Botafogo) - Um monstro, um dos melhores jogadores de todo o campeonato, tanto que sua trajetória está encaminhada na direção do futebol francês e, mantendo a performance, a outros centros europeus maiores. Impressionante a sua colocação, capacidade de cobertura, excelência nas bolas aéreas defensivas e ofensivas, noção precisa nos botes. Também um pilar na campanha histórica do Alvinegro.

QUARTO ZAGUEIRO - GUSTAVO GOMES (Palmeiras) - A dupla de zaga do Botafogo poderia ter sido preservada na minha seleção sem grandes dramas, escalando eu o excelente Victor Cuesta. Mas Gomes é um sujeito que já entrou, para mim, na seleção de todos os tempos do Palmeiras. É um zagueiro que faz o futebol parecer fácil, que se encaixa na frase normalmente dita a meias e atacantes: a bola procura o craque, tal é sua noção de posicionamento.

LATERAL ESQUERDO - JUNINHO CAPIXABA (Bragantino) - Numa posição sem grandes destaques, achei aqui um espaço para homenagear o brilhante Bragantino de Pedro Caixinha. Juninho fez um bom campeonato, e já vinha de brilhante trajetória num time também com poucos recursos, pouca mídia, que otimiza todas as condições para pensar (e jogar) grande: o Fortaleza.

PRIMEIRO VOLANTE - VILLASANTI (Grêmio) - A camisa tricolor lhe caiu à perfeição. Um jogador que, além da marcação firme, tem ótima saída de bola, distribui jogo como poucos, virando o jogo com muita facilidade, e ainda surpreende bem quando se arrisca mais próximo à área adversária. Os momentos de oscilação do time de Renato Gaúcho coincidiram com a ausência de Villasanti por contusão ou suspensão.

SEGUNDO VOLANTE - MARLON FREITAS (Botafogo) - Outro integrante fundamental da espinha dorsal do melhor time do campeonato. Já fizera uma boa temporada no Atlético-GO, mas no Botafogo cresceu como marcador, passador e responsável por iniciar a transição ofensiva. Não é um primor de técnica, aparece pouco para o torcedor, mas é fundamental para o sucesso alvinegro.

MEIA - EDUARDO (Botafogo) - Outro a se beneficiar com o esquema montado por Luís Castro, no qual virou protagonista. Jogou muito mais do que se esperava quando chegou, a ponto de ditar o ritmo e a dinâmica do meio-campo alvinegro. Quando precisou substituir Tiquinho Soares e atuar como um falso 9 também funcionou. É um dos melhores exemplos do que se costuma definir como um jogador funcional e moderno.

ATACANTE DE LADO - VITOR ROQUE (Athlético-PR) - É fácil a maior revelação do futebol brasileiro nos últimos anos, mais consolidado do que o palmeirense Endrick - a ponto de ter sido contratado aos 19 anos pelo gigante Barcelona. Chegou consolidado a esta edição da Série A e, como de hábito, foi brilhante, decisivo, fazendo gols de tudo quanto é jeito. Ao lado de Fernandinho, eleva o Athlético-PR a outro patamar.

ATACANTE DE LADO - ROGER GUEDES (Corinthians) - Dificilmente o Corinthians conseguiria sair da zona de rebaixamento tão rapidamente (além de construir uma invencibilidade que chegou a 11 jogos) sem Roger Guedes. Ele levou praticamente sozinho o time nas costas - o "praticamente" fica por conta das muitas vezes em que Renato Augusto não pôde jogar - seja voltando para marcar como conduzindo, tabelando, atacando espaços, driblando e fazendo muitos gols. Optou legitimamente por garantir o futuro da família no eldorado árabe e vai fazer muita falta.

ATACANTE - TIQUINHO SOARES (Botafogo) - Artilheiro da Série A, mesmo sem ter jogado todos os times, é o melhor retrato desse Botafogo: o melhor do campeonato sem grandes lances de técnica, sem mídia, mas com eficiência plena, dedicação, fazendo muito bem o pivô, a busca de jogo no meio ou no lado, e com enorme facilidade para colocar a bola nas redes. O período em que ficará fora, por causa da lesão no joelho, será o grande teste do campeonato para o Botafogo.

TREINADOR - LUIS CASTRO (Botafogo) - Conquistou o "título" mesmo tendo saído para dirigir CR7 antes do fim do turno. Uma campanha que tem suas dez digitais, depois de uma temporada e meia buscando o ajuste desse time. O achado foi tão consistente que o time não precisa mais de seu comandante. Funcionou com Caçapa, funciona com Bruno Lage, mas com os conceitos de Castro e o foco que ele conseguiu dar ao elenco.

REVELAÇÃO - EDUARDO (Botafogo) - O ilustre leitor do blog há de questionar: estará o blogueiro doido ao apontar como revelação um jogador de 33 anos? Humildemente tento explicar: primeiro, uma pontinha de doidice não chega a fazer mal. Mas, mais importante, o ser humano é perfeitamente capaz de se revelar em qualquer idade. Renato ficou muito maior do que era quando chegou ao Botafogo ainda como Carlos Eduardo, apesar dos seus 5 anos de Europa e 10 de mundo árabe. Se o Botafogo confirmar a conquista do título, Eduardo será reconhecido como, quem sabe, tão relevante quanto Adriélson e Tiquinho Soares.

CRAQUE - TIQUINHO SOARES (Botafogo) - O melhor jogador da Série A não se encaixa na definição clássica de craque: estilo refinado, dribles, armação de jogo... Mas Tiquinho é craque porque é muito bom no que se espera dele. É o craque dos tempos atuais, eficiente, objetivo, pragmático, um jogador que mete medo e faz os adversários jogarem diferente quando ele está ou não em campo.

Gostei desse time, faria frente ao de Fernando Diniz, com o perdão da imodéstia. Os amigos que quiserem comentar e mandar a sua seleção, estão convidados. Que o returno da Séria A seja tão bom quanto foi o turno.

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