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Por Marco Condez

Rafael Ribeiro / CBF

É de alívio, um dos sentimentos que fica após a vitória da Seleção Brasileira sobre o Equador, por 1 a 0, na sétima rodada das Eliminatórias da Copa 2026 - América do Sul. Mais por conta do resultado, que fez com que o Brasil subisse duas posições na tabela de classificação e tornasse mais palpável sua participação na Copa do Mundo de 2026.

O outro sentimento é de preocupação, uma vez que o time brasileiro foi dominado pelos equatorianos no segundo tempo da partida. Este domínio se torna mais preocupante, pois o Equador habitualmente adota postura conservadora e estava jogando com uma linha de cinco defensores, o que pressupõe que a equipe não pretendia exercer domínio sobre o adversário.

Mas a postura da Seleção Brasileira no segundo tempo permitiu que o Equador, mesmo com sérias limitações táticas, tornasse o jogo indefinido em alguns momentos. Como a vantagem brasileira era de apenas um gol, foi ameaçada principalmente pela atuação do equatoriano Kendry Páez, que promoveu maior qualidade à distribuição das jogadas no meio-campo, obrigando o Brasil a jogar com as linhas mais baixas.

Boa parte do otimismo gerado na convocação de Dorival Júnior, não se concretizou, pois, apesar de ter boas opções no setor ofensivo, a equipe brasileira foi pouco criativa e só não colocou o resultado mais em risco porque o Equador errava nas finalizações ou nos chamados “últimos passes”.

No primeiro tempo da partida, ocorreram alguns movimentos que denotam um crescimento na formação de um DNA, como por exemplo, a movimentação de Rodrygo para sair da função de falso 9 e atuar como mais um armador na equipe. A alternância de posições entre Vini Jr. e Rodrygo foi interessante e deu dinamismo à equipe. Mas, no segundo tempo, esse dinamismo desapareceu, dando lugar à uma monotonia que perdurou pelos 45 minutos finais do jogo.

A boa atuação do atacante Luiz Henrique, do Botafogo, que estreou na Seleção neste jogo, trouxe mais uma opção para compor a equipe na ala direita ofensiva, uma vez que a lateral esquerda do ataque já tem como titular Vini Jr. Luiz Henrique mostrou-se incisivo, sem medo de escapar da marcação, quebrando linhas e abrindo espaços na defesa adversária.

A grosso modo, o problema da Seleção Brasileiro parece ser tático, pois, com exceção de Luiz Henrique, Lucas Moura e Estêvão, os demais atletas atuam em alto nível em grandes ligas europeias, mas na Seleção não evoluem coletivamente.

Em resumo, houve falta de linearidade de desempenho entre o primeiro e o segundo tempo do jogo. No primeiro tempo, a Seleção Brasileira teve melhor desempenho, apresentou maior volume de jogo, finalizou mais vezes que o Equador, apesar de mostrar lentidão no setor de meio-campo. Até o lance que originou o gol do Brasil foi “chorado”, no qual a bola antes de entrar no gol, desviou sua trajetória após o chute de Rodrygo.

Já no segundo tempo, o time equatoriano teve maior quantidade de opções ofensivas, mas acabou esbarrando na sua baixa qualidade tática. O time brasileiro, por sua vez, não conseguiu ser incisivo porque optou por uma postura conservadora.

Como espectador, confesso que foi difícil acompanhar a segunda etapa, pois o nível tático, que já não era dos melhores na etapa inicial, caiu ainda mais. Esse jogo, que tinha alta expectativa, acabou decepcionando e trouxe mais dúvidas do que certezas. Mas isso parece ser uma constante no momento atual da Seleção Brasileira.

Foi importante vencer, mas o Brasil tinha potencial humano para demonstrar um nível tático melhor do que apresentou. Entendo que o momento é de formação de elenco e, consequentemente, de um DNA, mas esses jogadores ainda não conseguem mostrar, por longo tempo, um esquema coletivamente organizado.

Talvez estejamos mesmo em um patamar abaixo de outras potências mundiais. Essas oscilações de rendimento podem até não causar prejuízos imediatos, mas, se não forem corrigidas a tempo, fatalmente poderão causar dificuldades quando o Mundial começar, isso se for garantida a classificação.

A sequência das Eliminatórias para a Copa do Mundo é preocupante porque o Paraguai, Chile e Peru próximos adversários na fase das Eliminatórias da Copa - América do Sul, tendem a atuar mais fechados que o Equador, o que exigirá protagonismo técnico e tático da Seleção Brasileira.

Como a maioria das Seleções que possuem menor poderio técnico costumam adotar esta postura mais conservadora, já era esperado que o sistema tático brasileiro tivesse um antídoto para este estilo de jogo, haja visto que os erros cometidos na Copa América estão voltando a ocorrer.

Um plano "B", como atuar com maior velocidade para trocar os passes, a fim de envolver a defesa adversária e chegar ao gol com maior facilidade, poderá ser a solução para vencer os próximos três adversários.

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