O Fantástico celebra a conquista histórica do Botafogo na Libertadores
No sábado, a atuação de luxo do Botafogo na final da Libertadores. No domingo, um espetáculo de jogo na vitória de 3 a 2 do Flamengo contra o Inter – os rubro-negros avassaladores no primeiro tempo, os colorados com um renascimento notável depois do intervalo. Conforme a temporada se aproxima do fim, fico com a sensação de que melhorou o nível do futebol brasileiro nos últimos anos.
Acredito que isso possa ser creditado a dois fatores: ao aumento no investimento em jogadores de qualidade, consequência da injeção de dinheiro vinda das SAFs; e à presença de treinadores estrangeiros, alguns deles muito bons, que elevaram o patamar de nosso jogo.
O Botafogo exemplifica isso. Não lembro, desde o Flamengo de Jorge Jesus, de um time jogando o futebol jogado pelo Botafogo este ano. Claro, teve o Palmeiras de Abel Ferreira (sempre tem o Palmeiras de Abel Ferreira), essa impressionante engrenagem pré-programada para disputar – e conquistar – títulos. Mas o Botafogo pisou um degrau acima em qualidade técnica e envolvimento tático.
Isso aconteceu graças justamente aos dois fatores citados acima: à chegada de dinheiro que possibilitou a montagem de um time que seria impensável para o Botafogo alguns anos atrás; e à presença de um treinador estrangeiro com uma leitura de jogo impecável.
Se o momento mais sublime do Botafogo (e do futebol brasileiro) na temporada foi o segundo tempo do jogo de ida contra o Peñarol, nas semifinais da Libertadores, a principal assinatura do técnico Artur Jorge veio na final. Ao ter Gregore expulso com menos de um minuto, eu, você e a maioria avassaladora dos treinadores sacrificariam um atacante, colocariam um volante e tentariam sobreviver.
O técnico português conseguiu resolver o problema sem fazer substituições. Aproximou Marlon Freitas dos zagueiros, fixou os dois laterais na linha baixa e deixou o trio de meias se dividindo entre o auxílio defensivo e a flutuação ofensiva. Com isso, mostrou domínio absoluto das possibilidades de seu elenco – e essa talvez seja a maior qualidade de um treinador.
Artur Jorge transforma o Botafogo taticamente e é coroado com título inédito da Libertadores
E mesmo assim o Botafogo pode perder o título brasileiro. Terá um jogo duríssimo contra o Inter nesta quarta-feira (que seria ainda mais difícil se o time gaúcho mantivesse esperança de título, um sonho encerrado ao perder para o Flamengo), e o Palmeiras está sempre à espreita, sempre farejando algum vacilo dos rivais. O alto nível dos concorrentes ao título deixa tudo aberto: a quarta-feira pode terminar com o Botafogo campeão, líder ou vice – e nada disso será surpresa.
Esse cenário me deixa otimista para 2025 – apesar dos problemas de sempre: calendário, violência, arbitragem, suspeitas e por aí vai. O Flamengo tem perspectivas animadoras com Filipe Luís, o Inter começará o ano com um time montado (apesar da inevitável perda de pelo menos um titular), o Cruzeiro investirá pesado em contratações, o Fortaleza provavelmente continuará muito bem organizado, o Atlético-MG poderá aproveitar a base de um elenco forte. E lá estarão Botafogo e Palmeiras, diferentes entre si, mas ambos exemplares de um momento de evolução no futebol brasileiro.
Gols do Fantástico: quem leva o brasileirão? Botafogo ou Palmeiras?
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