Prédio da Nvidia em Taiwan — Foto: REUTERS/Ann Wang
A alta demanda por chips usados por modelos de inteligência artificial mexeu com o ranking das empresas mais valiosas do mundo: a Nvidia, que domina o segmento, tomou a 4ª posição da lista, superando Amazon e Alphabet (controladora do Google).
O feito aconteceu na quarta-feira (14), quando a Nvidia alcançou a marca de US$ 1,8 trilhão (quase R$ 9 trilhões) em valor de mercado, crescendo 49% só em 2024. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta é ainda maior: 223%.
O crescimento também deixou ainda mais rico o fundador e presidente-executivo da empresa, o taiwanês Jensen Huang. Sua fortuna aumentou em US$ 20 bilhões (R$ 100 bilhões) neste ano, totalizando US$ 64 bilhões (R$ 318 bilhões). Ele é o 23º mais rico do mundo, segundo a Bloomberg.
Entenda nesta reportagem:
O boom da Nvidia em 2024 — Foto: Ana Moscatelli/Arte g1
O que faz a Nvidia?
A companhia controla cerca de 80% do mercado de chips de inteligência artificial de ponta, segundo a Reuters.
Seus principais produtos neste setor são as unidades de processamento gráfico (GPU, na sigla em inglês) H100 e A100.
E a fabricação de GPUs vai além da inteligência artificial: a Nvidia produz versões para computadores pessoais desses componentes, importantes especialmente para o funcionamento de games. Foi nesse setor, inclusive, que a empresa ficou mundialmente conhecida.
Por que a Nvidia está crescendo?
Os resultados da Nvidia são explicados principalmente pelos altos investimentos de outras companhias em sistemas de inteligência artificial. O departamento que produz chips usados por este setor foi um dos destaques do balanço mais recente da empresa:
- 💰 A Nvidia faturou US$ 18,1 bilhões no trimestre encerrado em outubro de 2023, o que representou crescimento de 206% sobre o mesmo período do ano anterior
- 💵 Do faturamento total, US$ 14,5 bilhões vieram do setor de data center, que inclui chips usados para inteligência artificial
- 📈 O lucro líquido, que desconta as despesas da empresa, cresceu 1.259% e chegou a US$ 9,2 bilhões
Na próxima quarta-feira (21), a Nvidia divulgará um novo balanço, agora sobre ao trimestre encerrado em janeiro. A projeção de analistas é de que o faturamento da empresa cresceu 118% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo a CNBC.
"A Nvidia é uma das poucas que vende chips usados no treinamento de modelos de inteligência artificial como Llama 2 [da Meta] e GPT-4 [da OpenAI]", disse ao g1 Matheus Popst, sócio da gestora de investimentos Arbor Capital. "Agora, o mercado está tentando entender o quão grande será o mundo de IA".
A construção desses sistemas depende de milhares de chips como o H100. A Meta, por exemplo, pretende chegar a 350 mil unidades do componente até o fim de 2024, segundo a Reuters.
O preço de cada H100 não é revelado pela empresa, mas gira entre US$ 16 mil e US$ 100 mil, ainda de acordo com a Reuters.
A relação do crescimento da Nvidia com mais investimentos do mercado em inteligência artificial é confirmada pelo presidente-executivo da empresa, Jensen Huang.
"Nações e provedores regionais de soluções em nuvem estão investindo em nuvens de IA para servir à demanda local, e empresas de software empresarial estão adicionando copilotos e assistentes de IA às suas plataformas", disse Huang em outubro, quando o balanço mais recente foi anunciado.
Jensen Huang, presidente-executivo da Nvidia, em foto de 12 de fevereiro de 2024 — Foto: Reuters/Amr Alfiky
O que vem a seguir?
A Nvidia pode enfrentar um cenário menos favorável nos próximos meses: além de AMD e Intel, duas fabricantes tradicionais de chips, a empresa terá que lidar com o surgimento de componentes produzidos por seus clientes.
Microsoft, Google, Amazon e Meta são algumas das que já anunciaram planos de fabricar seus chips de inteligência artificial e se tornarem menos dependentes de terceiros.
Por isso, a Nvidia planeja entrar em um novo setor, o de componentes sob medida para empresas de computação em nuvem. Segundo a Reuters, a ideia é criar uma alternativa de receita para contornar a redução dos gastos com chips de uso geral, como o H100.
Algumas empresas têm deixado esses componentes e apostado em chips personalizados conforme suas necessidades porque, entre outros fatores, a mudança ajuda a reduzir o consumo de energia e, consequentemente, os custos de operação.
O setor de chips personalizados para data centers deve crescer em 2024 e ser avaliado em US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões), segundo a Reuters. A alta deve continuar em 2025 e poderá contribuir para novos resultados expressivos da Nvidia.
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