Por Darlan Helder e Luciana de Oliveira, g1


Conheça o ChatGPT, a tecnologia que viralizou por ter resposta para (quase) tudo

Conheça o ChatGPT, a tecnologia que viralizou por ter resposta para (quase) tudo

Quem já "conversou" com aqueles chats automáticos, o tal do chatbot, sabe que haja paciência... ou você fica só nas opções apresentadas ou a máquina se perde, não sabe o que responder e vai acabar ou encerrando a conversa ou acionando, enfim, um atendente humano.

Só que, de uns dias para cá, um deles começou a virar assunto nas redes: o ChatGPT. Desde que foi aberto para qualquer pessoa testar gratuitamente, há quase uma semana, mais de 1 milhão de usuários já desafiaram o robô de conversação com todo o tipo de pergunta e também com tarefas, como fazer música e poemas.

O ChatGPT vem recebendo elogios como "fenômeno", "assustador" e "ameaça real ao Google". Mas tem seus limites: perguntado pelo g1 se o Brasil vai ganhar a Copa... disse que não sabia.

"Desculpe, eu sou apenas um modelo de linguagem treinado e não tenho conhecimento sobre eventos futuros, como a Copa do Mundo de 2022. Minha capacidade de conhecimento está limitada ao que foi treinado em mim e não posso fornecer informações sobre eventos futuros", respondeu.

Mas é tanta comoção que o acesso à página de testes do ChatGPT apresenta instabilidade desde a última terça (6). Para complementar o "currículo", ele tem um elo com uma das figuras mais polêmicas da atualidade: o bilionário Elon Musk é cofundador da OpenAI, startup de inteligência artificial que criou o recurso.

Mas, afinal, o que o robô faz?

  • É como se fosse uma Alexa/Siri (assistentes de voz do Amazon e da Apple, respectivamente), só que em texto...
  • ... ou o buscador do Google, mas que já dá a resposta sem você ter que clicar em links para ler;
  • Essas respostas são detalhadas e rápidas;
  • O texto é fluente, parece ter sido escrito por uma pessoa;
  • Faz contas de matemática;
  • Consegue escrever código em linguagens de programação;
  • E, segundo os criadores, também "admite seus erros, põe em xeque ideias incorretas e rejeita pedidos inapropriados".

Apesar de usuários já questionarem se o ChatGPT poderia substituir humanos de forma mais eficiente e ampla do que se vê atualmente, ele ainda é só uma versão em testes, com várias limitações.

Nesta reportagem, você vai saber:

1. Como funciona

ChatGPT dá conselhos sobre como lidar com a tristeza — Foto: Reprodução

Disponível neste link como uma página de bate-papo, o ChatGPT foi treinado por inteligência artificial e aprendizado de máquina ("machine learning", em inglês).

A ideia é que a máquina replique automaticamente o pensamento e a atuação de uma pessoa; no caso, conseguindo ter conversas. Aí, quanto mais interação existir com humanos, mais a máquina se aprimora. Por isso a página do ChatGPT incentiva que as pessoas dialoguem com ele.

Essas tecnologias já estão presentes no nosso cotidiano: naqueles chatbots mais simples, de sites e apps de mensagens; nos alto-falantes inteligentes com Alexa, Siri e Google Assistente; e no streaming, quando a plataforma prevê quais filmes/séries a pessoa pode gostar.

Para gerar a informação, o ChatGPT usa uma infinidade de textos disponíveis na internet.

Ao comentar um tuíte sobre a ferramenta, o programador Paul Buchheit, principal criador do Gmail, deu dois anos para que o sistema de buscas do Google seja eliminado pela inteligência artificial.

Ele comparou o evento com a forma como o Google acabou com as "páginas amarelas", o antigo catálogo telefônico onde empresas e comércio divulgavam seus contatos.

No teste do g1 com o ChatGPT foi possível:

  • tirar dúvidas gerais, como checar o número de habitantes no Brasil e o nome do atual presidente do país;
  • receber conselhos a partir da frase "o que fazer quando me sinto triste?";
  • resolver problemas de matemática;
  • pedir para criar um poema sobre paixão (veja no vídeo acima; texto igual não foi encontrado em busca no Google);
  • e para fazer piadas com palavras especificas, como "paçoca" e "gato".

Piada com "gato" feita pelo ChatGPT — Foto: Reprodução

2. Quais são os limites atuais?

O ChatGPT ainda é um protótipo e não está pronto para ser vendido para empresas.

Apesar de ter recebido uma imensa quantidade de informações da internet, na qual baseia suas respostas, a própria OpenAI admite que o chat pode dar informações erradas, ainda que elas pareçam fazer sentido.

Diferente do buscador do Google, ele não revela a fonte das informações.

No Twitter, pessoas compartilharam a experiência com a inovação. "Testei o ChatGPT. Pedi uma redação com o tema do Enem deste ano. Mandei para um amigo que acabou de passar em medicina (sem avisar que não era humano). Ele achou que tirava 800 e respondeu que a 'pessoa' 'escreve muito bem'".

"Ele não consegue responder algumas perguntas científicas complexas", afirmou outra pessoa.

Ainda no Twitter, um usuário postou o robô caindo em uma pegadinha, perguntando qual modelo de carro anda mais rápido a 80 km/h, se uma Ferrari ou um Celta, veja abaixo:

Existem outras limitações no protótipo do ChatGPT. Seus "conhecimentos" são baseados em informações que foram colocadas na internet até 2021.

E, claro, em se tratando de um robô, ele carece de bom senso e do pensamento crítico dos seres humanos.

A aplicação da inteligência artificial em setores como segurança pública, por meio do reconhecimento facial, por exemplo, é alvo de críticas justamente porque esses sistemas podem produzir resultados enviesados ou imprecisos, como mostrou um estudo do governo dos Estados Unidos com mais de 200 algoritmos.

ChatGPT responde a perguntas de assuntos variados, faz contas e cria textos — Foto: Reprodução

3. Como testar

Qualquer pessoa já pode testar o chatbot da OpenAI. A empresa pede para os usuários criarem uma conta antes e, em poucos minutos, já é possível interagir com a inovação.

  1. Acesse o site chat.openai.com/chat;
  2. Toque em "Sign up" para criar uma conta;
  3. Depois, "Create an OpenAI account";
  4. Informe um e-mail, senha e confirme a criação da conta;
  5. Após a confirmação, toque em "Try it" no topo da tela;
  6. Inicie a conversa com o ChatGPT.

Durante o período de teste, pode haver instabilidade devido ao número alto de acessos.

4. Quais as ligações do projeto da OpenAI com Elon Musk

A OpenAI é uma organização de pesquisa em inteligência artificial sem fins lucrativos fundada em 2015 pelo investidor do Vale do Silício Sam Altman e pelo bilionário Elon Musk, em São Francisco, nos Estados Unidos.

Musk, que também é o dono do Twitter, da SpaceX e da Tesla, deixou a presidência da OpenAI em 2018.

Atualmente comandada por Greg Brockman, a empresa atua em diversas áreas da inteligência artificial, prometendo usar suas inovações para "beneficiar toda a humanidade".

A empresa também tem parceria com a Microsoft.

Três dias depois da liberação do ChatGPT para testes em todo o mundo, Musk disse que o recurso é "assustadoramente bom" e que não estamos longe da inteligência artificial perigosamente forte.

Um dia depois, porém, o bilionário tuitou que a OpenAI chegou a ter acesso ao banco de dados do Twitter, com o objetivo de aprimorar o robô.

"Acabei de saber que a OpenAI tinha acesso ao banco de dados do Twitter para treinamento. Eu coloquei isso em pausa por enquanto", disse Musk, sem detalhar quais informações eram compartilhadas.

"Preciso entender mais sobre a estrutura de governança e os planos de receita da organização daqui para frente", completou o homem mais rico do mundo.

"As interfaces de linguagem serão um grande negócio. Em breve, você poderá ter assistentes prestativos que conversam com você, respondem perguntas e dão conselhos. Mais tarde, você pode ter algo que dispara e executa tarefas para você", disse Sam Altman sobre a inovação.

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