Serviço que ajudou a resgatar cães nos EUA anuncia chegada ao Brasil
No meio de 2011, um vídeo do YouTube chegou a 3 milhões de visualizações emocionando a quem o assistia. As imagens mostravam a primeira vez que nove cães da raça beagle pisavam na grama e sentiam o sol (veja aqui). Os animais, que nasceram e haviam passado a vida toda em laboratório, iam ser mortos, mas foram resgatados a tempo. Shannon Keith, que liderou o resgate, não tinha como financiar a liberação e usou uma plataforma de financiamento coletivo para isso, a When You Wish.
“Nós queremos fazer bem enquanto fazemos o certo”, explica David Harvilicz, fundador e CEO da empresa, que anuncia sua chegada ao Brasil. A partir de novembro, os brasileiros terão acesso a uma versão em português do endereço, onde poderão colocar seus projetos para financiamento coletivo. “É o primeiro idioma fora o inglês para o qual traduzimos o site”, contou Harvilicz, em uma conversa exclusiva com o G1, em São Paulo. O carioca Rafael Chaves será o responsável pelas operações da empresa no país.
“Meu plano sempre foi vir para o Brasil primeiro. Os brasileiros são criativos e a classe média está crescendo, diminuindo a desigualdade”, conta Harvilicz, que já arrisca algumas palavras em português. Segundo ele, Chaves já alinhou uma série de projetos locais e está ajudando na estruturação, para que os brasileiros façam o melhor uso da ferramenta.
Na When You Wish, quem tiver um projeto a ser financiado pode ser inscrever para pedir dinheiro para a comunidade. Segundo Harvilicz, não existe um processo de seleção para a escolha dos projetos --eles só não podem ser ilegais ou parte de uma fraude. Além disso, quem quiser contribuir pode colocar à venda serviços e produtos, que serão vendidos e terão os lucros revertidos para o projeto.
A plataforma também não exige que o valor total do financiamento seja atingido para que o valor seja encaminhado. Quem faz a doação pode decidir se quer que o dinheiro seja encaminhado, mesmo que a meta de financiamento não seja atingida. “Quando você está apoiando uma causa, por exemplo, ela precisa de dinheiro, mesmo que a meta não seja atingida”, explica. Qualquer pessoa de qualquer país do mundo pode doar, por meio de plataformas como o PayPal.
A ideia do serviço é “democratizar” o acesso a financiamento, segundo o fundador. Harvilicz tem uma história inusitada para um empreendedor, já que era um advogado antes de criar sua própria empresa. “Trabalhei em Wall Street, com clientes que eram bancos de investimento. Eu pude ver que o capital não era bem dimensionado”, diz. Segundo ele, os mercados tradicionais de capitais não são eficientes de uma “perspectiva ética e democrática”.
Apesar de ter como missão a democratização do capital, a startup não é uma organização sem fins lucrativos. A empresa fica com 5% dos valores que são arrecadados pelos projetos, explica o executivo. Parte desse valor é reinvestido em projetos que a própria companhia aprova.