Jovens de 18 anos abrem mão de ir a Stanford para tocar startup no Brasil
Dois brasileiros de 18 anos conseguiram ser aprovados por uma das universidades mais top do mundo, mas resolveram --por enquanto-- não ir: querem antes que a startup deles seja líder em pagamento on-line no Brasil.
A universidade: Stanford, na Califórnia (EUA), no coração do Vale do Silício. A startup: a Pagar.me. A dupla: Henrique Dubugras e Pedro Franceschi, que, juntos, querem superar PayPal, Braspag entre outros.
O primeiro passo nessa jornada, diz Dubugras, deverá vir até o fim do ano, quando esperam que a empresa chegue ao equilíbrio financeiro. Para o próximo ano, planejam que o serviço que oferecem já tenha movimentado R$ 500 milhões. Como os dois não abandonaram de vez a possibilidade de estudar em Stanford, terão até dois anos para entrar na universidade. Dugubras diz que a decisão será tomada conforme o andamento da empresa. A dupla, no entanto, tem planos diferentes: “Daqui a dois anos a gente quer ser o principal meio de pagamento do Brasil”, afirma ao Start.up.
PayPal, 2º
Em março deste ano, os dois já deixaram o PayPal em segundo lugar. Foram apontados como os mais inovadores no setor de pagamentos em uma premiação promovida na Universidade de Harvard. Criada em dezembro de 2013, a Pagar.me já possui quase 200 clientes. O sistema faz as vezes da intermediação de pagamentos, o que permite a lojas on-line aceitarem cartão de crédito, e também funciona como o próprio sistema, o que inclui o contato junto a bandeiras de cartão de cartão de crédito e a bancos, além de sistema antifraude.
É por entregar aos clientes as duas funções, geralmente contratadas separadamente, que os dois jovens apostam tão alto. “A gente está nessa onda de sonho grande. Tudo que você usa hoje é feito nos Estados Unidos. Você usa um PC que é um Microsoft, ou um Apple. Um celular Android. A gente quer que um americano use as nossas coisas”, diz Dugubras.
#Treta
A amizade que culminou na startup começou de uma briga pelo Twitter ainda em 2012, sobre qual o melhor editor de texto para escrever programas de computador. “A gente viu que que não dava para brigar em 140 caracteres, então foi pra o Skype. Depois viu que não conseguíamos mais brigar e viramos amigos.”
Na época, Franceschi trabalhava na empresas de pagamentos móveis M4U, comparada pela Cielo em 2010. Dugubras tinha uma startup que dava dicas a interessados em estudar nos EUA –que ironia! Em viagem a uma conferência de investidores de capital de risco, realizada em Miami, ele participou de uma maratona de desenvolvimento, as chamadas hackaton. Com a equipe da empresa, criou um aplicativo chamado “Ask me out” --era um “Tinder” before it was cool, com a diferença de que "matchs" eram avisados por e-mail. Ao notar o (mal) comportamento padrão dos homens (“curtiam” todas), enquanto as mulheres realmente selecionavam seus preferidos, decidiram cobrar dos homens por cada “match”. Aí começou o problema. “Implementar o meio de pagamento foi mais difícil do que fazer o aplicativo”, diz Dugubras.
Stanford, se pá
Já amigos, os dois trocaram ideias sobre suas experiências com o mundo dos pagamentos on-line e daí surgiu a ideia do Pagar.me. Em julho do ano passado, a ideia foi encampada pelos fundos Arpex Capital e Grid Investments, que aportaram juntos R$ 1 milhão na startup.
Ainda que não se mudem neste ano para a Califórnia e compareçam às aulas de Stanford, ir à universidade não saiu do horizonte. “Lá em Stanford, a gente está no meio do Vale do Silício, convivendo com os melhores na nossa área. Tem palestra do fundador do Facebook duas vezes por ano. É perigoso você estar numa palestra e ser a do fundador do PayPal”, diz Dugubras. "Eu não chamaria de desistência, a gente só postergou um pouquinho."
Foto: Henrique Dugubras e Pedro Franceschi, fundadores da startup Pagar.me, responsável por sistema de pagamento on-line. (Divulgação/Pagar.me)