Cofundadora do ‘Happier’ fala sobre rede social de momentos felizes
Uma flor que brota no meio da calçada, lentes de contato ou simplesmente o céu azul são pequenos momentos de felicidade que merecem um lugar especial na rede. Esta é a proposta da empreendedora Nataly Kogan com a criação da rede social “Happier”. O projeto, que entrou no ar em fevereiro e ganhou um aplicativo para iOS neste mês de agosto, captou, segundo o site do jornal "The New York Times", US$ 2,4 milhões dos fundos Resolute.VC e Venrock.
A empresa sediada em Boston, nos Estados Unidos, conta com sete colaboradores, mas o número de usuários cadastrados ainda é segredo. “Em menos de cinco meses de lançamento, nossos usuários compartilharam 1 milhão de momentos felizes”, diz Nataly, CEO e cofundadora do Happier em entrevista ao blog Start.up.
Nascida na União Soviética, Nataly contou ao blog que a inspiração para criar uma rede social sobre momentos felizes nasceu de sua própria história e que já tem brasileiros interessados no projeto. Veja a entrevista completa.
Start.up: Como você teve a ideia de criar o Happier?
Nataly Kogan: Cresci na União Soviética e, em 1989, imigrei com meus pais para os Estados Unidos. Após viver em campos de refugiados pela Europa, passamos um ano vivendo em Ypsilanti, no estado do Michigan. Despois dessa experiência bastante difícil eu decidi buscar o “Sonho Americano” de felicidade. Achei que você se tornava feliz conseguindo uma série de coisas e ganhando muito dinheiro e, por 15 anos, persegui aquele caminho: tive uma série de empregos de alto perfil, criei e vendi empresas, e sim, consegui um monte de dinheiro. Nada disso me fez feliz então me voltei para a ciência, para ver se eu poderia encontrar a resposta.
Acontece que, com foco em pequenas coisas positivas em nossas vidas cotidianas, conectar-se com e compartilhar coisas boas com os outros e interagir com pessoas positivas são algumas das coisas simples que, conforme já foi cientificamente comprovado, tornam as pessoas mais positivas, otimistas, felizes e saudáveis. Eu fui realmente inspirada por esta pesquisa para criar uma empresa e incentivar milhões de pessoas a serem mais felizes em suas vidas cotidianas.
Start.up: Como você pretende atrair pessoas que já usam redes como Facebook, Instagram e Twitter?
Nataly Kogan: O “Happier” se trata somente de compartilhar pequenos momentos felizes, todos os dias. Pensamos nisso como uma estante emocional para incentivar e inspirar você a focar e capturar os muitos pequenos momentos felizes que fazem parte do seu cotidiano e ser lembrado sobre o que faz você feliz.
Não há muito deste conteúdo no Facebook - onde os nossos amigos gastam muito tempo ou se gabando e fazendo parecer que suas vidas são realmente incríveis - ou no Twitter, que é incrível para descobrir notícias interessantes ou links sobre o que as pessoas fiozeram para o jantar, mas não para fazer você mais feliz. E o Instagram é um ótimo aplicativo focado em fotos bonitas e interessantes.
Mas nenhum desses grandes sites sociais se trata de promover uma única comunidade que incentiva uns aos outros a encontrar pequenos momentos felizes a cada dia. Quando você chega ao “Happier” você recebe essa dose imediata de inspiração ao ver o que está fazendo as pessoas ao redor do mundo mais felizes e se sentir encorajado a encontrar os momentos felizes que fazem parte do seu dia.
Start.up: Os brasileiros têm uma taxa alta de adesão às redes sociais. Vocês já têm usuários brasileiros cadastrados no “Happier”?
Nataly Kogan: Temos alguns usuários brasileiros no “Happier” e mal podemos esperar para ter mais. Recentemente, na conferência Fortune Tech, em Aspen, tive a chance de conversar e me reunir com alguns representantes brasileiros do setor de tecnologia. Eles adoraram o “Happier” estamos falando sobre como ajudar mais brasileiros a nos descobrirem e se juntarem à nossa comunidade.
Start.up: Há algum risco de as pessoas ficarem entediadas vendo somente momentos felizes em uma rede social?
Nataly Kogan: Bom… talvez se a pessoa for muito mal-humorada não goste de ver tantos pequenos momentos felizes.
Nós temos mais de 1.600 opiniões com cinco estrelas na App Store que nos mostram o quanto os usuários gostam de ver momentos felizes de outras pessoas. Recebemos milhares de e-mails toda semana de pessoas nos dizendo que o “Happier” mudou suas vidas, tornou-as mais felizes e as inspirou.
Então eu não acho que ver o que torna as pessoas mais felizes pode ser entediante. Mas se alguém quiser mais variedade há uma abundância de mensagens negativas em outras redes sociais.
Start.up: Se alguém postar um momento triste no “Happier” pode ser punido?
Nataly Kogan: Nós não fazemos nada para restringir o que nossos usuários publicam. Mas tendo em vista que a expectativa é de que tudo seja positivo no “Happier”, se as pessoas postam coisas negativas não terão muito engajamento da comunidade.
Achamos que muitas pessoas acessam o “Happier” para ver momentos felizes dos outros e serem inspiradas a encontrar momentos felizes em suas próprias vidas. Se alguém está tendo um dia difícil ver os pequenos momentos que estão fazendo os outros felizes é uma ótima maneira de ser encorajado a encontrar alguns momentos felizes na sua própria vida.