Empreendedor recusa convite do Vale do Silício para ficar no Brasil
Lar de companhias como Google, Apple e Facebook, a região do Vale do Silício, na Califórnia (EUA), é o maior celeiro da inovação tecnológica e polo de atração de novos talentos, que ajudam a arejar as ideias.
O local não é só o sonho de consumo dos empreendedores em tecnologia, mas também é o ponto onde o governo brasileiro instala dois escritórios, um da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), outro do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O primeiro é parte de esforços para exportar mais tecnologia brasileira e o segundo, um braço do programa de fomento ao ecossistema de startups no país. Um exemplo da urgência que as empresas iniciantes em tecnologia veem em ir para lá: assim que foi criado, o australiano 99Designs se mudou para o Vale. “É muito grande. Não dá para competir. Então, é melhor nos juntarmos a eles”, disse ao Blog Start.up o presidente-executivo da empresa, Patrick Llewellyn. O Vale é, sem dúvida, o parque de diversão das startups.
Samir Iásbeck, presidente-executivo do Qranio, sabe disso. Mas recusou um convite de uma aceleradora local. Preferiu permanecer no Brasil por mais um tempo. “Agora, a decisão sábia é não ir”, contou ao Start.up.
Segundo Iásbeck, o Qranio foi convidado a se instalar na aceleradora Plug and Play, que já abrigou o Skype (hoje o serviço de mensagens instantâneas oficial da Microsoft) e que, desde 2006, já ajudou startups a receberem US$ 1,6 bilhão em investimento.
“Com nossos projetos acontecendo no Brasil, é necessário muito do apoio comercial de quem entenda muito da plataforma e da área comercial”, explica. Okay, Samir não abriu mão da oportunidade à toa. A empresa de quiz via mensagens de texto e aplicativo se comprometeu a atingir um milhão de usuários até o fim do ano.
E tem avançado: em maio, eram 75 mil usuários. Agora, são 400 mil. De seis milhões de perguntas respondidas, a plataforma saltou para 11 milhões –superior à meta de dez milhões ao fim de 2013.
Segundo Iásbeck, a arrancada se deve às parcerias com empresas para desenvolver quiz temáticos, que rodem sobre a plataforma do Qranio. O projeto já foi feito para a Porsche Cup, para os vestibulares da Fiap e para a Junior Achievement, que auxilia 500 mil empreendedores todos os anos.
Ao fazer essas parcerias, além de garantir renda extra, novos usuários são atraídos para o jogo. De acordo com Iásbeck, há negociações com clubes de futebol que podem fazer a estratégia deslanchar. “Eu tinha que alcançar um milhão de usuários até o fim do ano, tive que usar a criatividade.”
Com isso, à exemplo do que já acontece com os clientes da Vivo, pagando uma mensalidade de R$ 11,90, os usuários dessas operadoras respondem às perguntas via torpedo e não pagam por mensagem.
Com todos esses projetos em andamento, conta Samir, a ida ao Vale do Silício teve de ser postergada. Mas não a expansão internacional. A operação no México está para começar a funcionar; a de Portugal, Argentina e Colômbia estão sendo iniciadas.
Ir à Califórnia também não é carta fora do baralho. “Com o Qranio evoluindo, eu vou ter um escritório permanente lá. Eu estou atrasando isso mais pra frente. O objetivo é ir para lá, abrir uma operação comercial e angariar usuários norte-americanos, parceiros de prêmios norte-americanos. Eu não quero ir ao Vale para arrumar investimento. O objetivo é ficar onde está o fervor do negócio, mas para fazer tratados comerciais, coisas que me tragam usuários também”, conta Iásbeck.
A pergunta que fica é: vale a pena ir para o Vale a todo custo?
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