Pacotão: vírus Chernobyl, badBIOS e infecção do BIOS
Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.) vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quintas-feiras.
>>> Vírus 'Chernobyl'
Sobre o vírus badBIOS, que essa coluna descreveu (leia aqui), um leitor deixou um comentário:
Existiu um vírus bem disseminado que atingia a BIOS sim. O nome dele é Chernobyl ou CIH.Chernobyl. Houve outros vírus do tipo CIH, mas esse foi o primeiro. O autor errou.
Rogerio
Não ficou claro de que forma a coluna "errou" ao descrever o badBIOS, já que em nenhum momento foi dito que ele foi o primeiro código a infectar o BIOS (que é o software básico que inicia o computador e que fica armazenado em um chip da placa-mãe).
Em todo caso, o vírus Chernobyl ou CIH, disseminado em 1998, não era capaz de "infectar" a memória do BIOS de nenhuma forma. O vírus infectava arquivos executáveis (programas) normais, apenas. Ele utilizava uma técnica bastante interessante, preenchendo espaços "vazios" dentro do arquivo. Por conta disso, e do tamanho reduzido do vírus, os arquivos após infectados não ficavam maiores.
A característica mais notória do vírus, e que dá a ele o nome de "Chernobyl", é a de tentar gravar lixo na Flash ROM (memória) que armazena o BIOS da placa-mãe no dia 26 de abril, aniversário do desastre da usina nuclear de Chernobyl, que ocorreu em 1986. Detalhe: ele gravava "lixo". De nenhuma forma ele tentava "infectar" o BIOS, colocando ali qualquer código que mantivesse o computador sob o domínio do vírus. Esse tentativa de escrita no chip nem sempre funcionava, já que nem todas as placas permitiam que a memória do BIOS fosse regravada dessa forma.
Além de tentar corromper o BIOS, ele também apaga os primeiros setores do disco rígido. Isso significa que, na melhor das hipóteses, o computador deixava de iniciar o sistema operacional. Na pior das hipóteses, o computador não ligava mais, já que o código do BIOS não estava mais presente, e era preciso (na época) reprogramar o chip manualmente, removendo-o da placa-mãe. Em muitos casos, era mais rápido e fácil trocar a placa-mãe, o que faz alguns considerarem o CIH o primeiro vírus capaz de danificar hardware.
Esse comportamento é bem diferente do que está sendo dito sobre o badBIOS. O badBIOS seria capaz de instalar um código que mantém o computador infectado a partir do BIOS ou do UEFI (como é chamado o software básico de placas mais recentes). Até hoje, nenhum vírus de ampla disseminação trouxe esse comportamento, em parte porque o funcionamento distinto de cada placa-mãe deve exigir um código específico, o que dificulta a criação de um vírus com essa capacidade.
>>> Computador 'digitando sozinho'
O que pode ser quando o computador digita sozinho números e caracteres aleatórios? O antivírus não detectou nada.
Andréa
Mesmo sendo bastante esquisito, pode ser culpa do teclado.
Embora algumas pragas digitais possam até ocasionar ou permitir esse comportamento, na prática é muito raro. É algo muito fácil de perceber e, com isso, a tendência é procurar resolver o problema. Para os vírus de hoje, que buscam permanecer no computador sem serem detectados, sair "digitando" coisas dessa forma é uma má ideia.
>>> Licença do Office
Assim que adquiri meu notebook eu comprei o pacote Office original, sendo assim possuo o Windows original e o Office também, gostaria de formatar minha máquina porém tenho dúvidas com relação às licenças que adquiri. Quando eu formato a máquina e reinstalo o Office, perco a licença? Mesmo sendo na mesma máquina?
Obrigado!
Murilo Silva
Não, a licença não é perdida. No entanto, caso as ativações do Office sejam feitas com muita frequência, pode acontecer algum problema. Nesse caso, o ideal é entrar em contato com o suporte técnico da Microsoft.
As licenças de software têm restrição apenas quanto ao número de computadores ou, em caso de licenças do tipo OEM, elas também são válidas apenas para um PC específico e não podem ser transferidas para outra máquina.
O pacotão da coluna Segurança Digital vai ficando por aqui. Não se esqueça de deixar sua dúvida na área de comentários, logo abaixo. Até a próxima!