Invasão derruba pornografia infantil e dez mil sites no submundo da web
Um hacker ativista invadiu o servidor da Freedom Hosting II, responsável por abrigar até um em cada cinco sites do submundo da web na rede Tor. O serviço abrigava sites gratuitamente, fornecendo 25 MB de espaço para páginas e arquivos e era um sucessor espiritual da Freedom Hosting, derrubada em uma ação do FBI em 2013.
Após a invasão, dados abrigados no servidor foram vazados. No total, o pacote de informações vazadas soma 76.3 GB e está sendo liberado em partes. O responsável se identificou como "membro" do coletivo Anonymous; no entanto, o Anonymous não possui nenhum critério ou lista de membros, de modo que identificar-se como "membro" do coletivo é apenas uma manifestação de apoio à sua ideologia.
Segundo uma entrevista do invasor concedida ao site "Motherboard", o objetivo da invasão não era derrubar o serviço e que essa teria sido de fato a primeira invasão realizada por ele ou ela. O atacante disse ter mudado de ideia depois de encontrar arquivos de pornografia infantil no servidor. Esses arquivos pertenciam a dez sites com vários gigabytes de tamanho, metade de tudo que estava presente no servidor. O volume de dados, muito superior à cota de 25 MB dos sites gratuitos, indicava que os operadores do serviço estavam ganhando dinheiro para abrigar esse conteúdo.
Em uma mensagem deixada para a Freedom Hosting II e visitantes dos sites derrubados, o invasor afirma que "vários sites fraudulentos" estavam abrigados no servidor "para cobrir os custos de hospedagem". A Freedom Hosting II prometia "tolerância zero" com pornografia infantil o que, segundo o invasor, não era verdade.
Um relatório do projeto OnionScan, uma iniciativa lançada em abril de 2016 para mapear os sites da rede Tor, concluiu que a Freedom Hosting II abrigava um em cada cinco sites da rede Tor - possivelmente a maior integrante da chamada "rede obscura" ou "dark web". No total, eram 10.613 sites.
Tor e a dark web
"Dark web" é o termo usado para se referir a sites da web abrigados em redes que exigem software específico para serem acessadas. A rede Tor, onde a Freedom Hosting II operava, faz uso de criptografia e intermediações de acesso para garantir o anonimato de seus usuários, o que torna a rede popular para a transmissão de conteúdos ilícitos e dados roubados.
A rede Tor, porém, também é utilizada por ativistas políticos e internautas que buscam acessar a web a partir de países com regimes totalitários.
A dark web, por sua vez, inclui ainda outros serviços e redes além do Tor, como a I2P e a Freenet.
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