Saiba como funciona a espionagem no WhatsApp e como se proteger
Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.) vá até o fim da reportagem e utilize o espaço de comentários ou envie um e-mail para [email protected]. A coluna responde perguntas deixadas por leitores no pacotão, às quintas-feiras.
Uma pergunta recorrente feita por leitores à esta coluna tem sido: "como espionar o WhatsApp?" A vítima da tal espionagem normalmente seria o cônjuge, namorado ou namorada. Do outro lado, há reclamações frequentes envolvendo espionagem depois que um relacionamento já acabou, resultando em constante assédio e até ameaças. Mas como isso acontece e como resolver o problema?
Antes de entrar no aspecto técnico, cabe o aspecto jurídico: essa espionagem provavelmente é ilegal. Ela teria que ser feita, no mínimo, com autorização da pessoa que está sendo "espionada". Do contrário, pode até ser enquadrado como crime. Somente a espionagem feita em dispositivos de sua propriedade é válida: nesse caso, você está monitorando o seu próprio celular ou computador. Espionar um sistema alheio é ilícito.
O aspecto social também é relevante. Na maioria dos casos, realizar qualquer espionagem é algo muito indesejável para um casal. No máximo, é possível argumentar em favor do monitoramento por parte dos pais, mas mesmo isso pode ser um tiro pela culatra caso a criança descubra. No caso de relacionamentos amorosos, a espionagem devia ser carta fora do baralho. Infelizmente, parece que não é o caso.
Agora, à pergunta: é possível espionar o WhatsApp? Como?
Em geral, espionar a comunicação de um celular vai exigir acesso físico ao aparelho. Com o celular em mãos, é preciso instalar um software espião que não vai monitorar apenas o WhatsApp, mas toda a comunicação (chamadas, mensagens SMS, e-mail e por aí vai). Para fazer essa instalação, é preciso burlar a tela de bloqueio (caso uma senha tenha sido configurada).
Em aparelhos com o sistema atualizado, burlar a tela de bloqueio é extremamente difícil, então a espionagem já ficaria bastante dificultada.
Espionar sistemas com iOS (iPhone e iPad) também é um desafio maior devido ao controle rígido exercido pela Apple sobre os aplicativos que podem ser instalados nesses dispositivos. È possível que você perceba visualmente a presença do aplicativo espião na lista de aplicativos.
No caso específico do WhatsApp, é possível desvirtuar a função do WhatsApp Web, que permite usar o WhatsApp no computador, para encaminhar uma cópia das mensagens ao computador do espião. Como esse é um recurso do próprio WhatsApp, qualquer computador autorizado a receber as mensagens fica na lista dentro do próprio aplicativo. Para "acabar" com a espionagem, basta desautorizar o sistema lá.
A configuração do WhatsApp Web pode ser acessada no aplicativo do WhatsApp. Há uma opção chamada "WhatsApp Web" no menu.
Livrando-se da espionagem
Se um aplicativo for instalado indevidamente no celular, o caminho mais fácil e seguro para livrar o celular do problema é realizando um "reset" ou "restauração de fábrica". O ideal é realizar o "hard reset", que exige um comando específico para o telefone. As instruções para realizar esse procedimento devem estar no manual ou no site do fabricante.
Uma restauração simples (feita no menu de configuração do celular) pode ser suficiente na maioria dos casos, também.
Ambos os processos vão exigir que o celular seja inteiramente reconfigurado. Seus contatos serão restaurados caso você tenha feito backup deles em um serviço de nuvem, como o Google. Trocar as senhas de redes sociais e e-mail também é uma boa medida de precaução, embora seja um pouco mais difícil de se obter esse tipo de informação.
Não seja espionado
A principal medida de prevenção é configurar uma senha de bloqueio no celular. Configure seu celular de tal maneira que ele solicite novamente a senha de bloqueio no máximo alguns segundos depois de ficar ocioso. Do contrário, pessoas de sua "confiança" podem pegar o celular e instalar aplicativos de espionagem quando você se afasta do aparelho por alguns minutos.
Nesse sentido, tome cuidado com recursos que desativam o bloqueio automático em locais "confiáveis". Se o espião for uma pessoa próxima, ele será beneficiado por esse recurso.
O uso da senha de bloqueio também é importante para o aspecto jurídico, já que a lei brasileira exige uma "violação indevida de mecanismo de segurança".
Evite usar aparelhos antigos que não recebem mais atualização do fabricante. Esses celulares podem conter falhas que permitem burlar a senha de bloqueio ou até instalar um programa espião sem que seja preciso ter contato físico com o celular.
Não é bom ter de se defender de um atacante ou invasor próximo. A melhor recomendação seria, de fato, afastar-se dessa pessoa. No entanto, dado o infeliz interesse nesse tipo de prática, vale a pena ter noção do risco e se proteger.
Fotos: Altieres Rohr/Especial para o G1, Reprodução e Reprodução
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