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  • Golpistas distribuem extensões falsas do Chrome no Facebook

    A empresa de segurança Radware revelou que golpistas publicaram links no Facebook para disseminar extensões maliciosas para o navegador Google Chrome, do Google. Os links publicados no Facebook pelos usuários infectados levam uma página falsa que copia a aparência do YouTube, mas exige -- falsamente -- a instalação de uma extensão para reproduzir o vídeo.

    Segundo a Radware, foram infectadas 100 mil pessoas em 100 países diferentes. Os três países mais infectados eram as Filipinas, Venezuela e Equador. Juntos, os três eram responsáveis por 75% das contaminações.




    Pedido de instalação de extensão do Chrome sobre site com aparência copiada do YouTube (Foto: Radware)

    O Chrome só permite a instalação de extensões cadastradas na Web Store, que é mantida pelo próprio Google. Para conseguir listar as extensões maliciosas na loja, os golpistas copiaram extensões legítimas e injetaram um código extra, dando a aparência de uma extensão verdadeira.

    O nome do golpe, que a Radware batizou de "Nigelthorn", é baseado na Nigelify, uma extensão legítima para o Chrome que foi copiada pelos criminosos.

    Uma vez instalada, a extensão é capaz de realizar várias atividades, incluindo:

    - Roubar senhas de acesso ao Facebook/Instagram;
    - Publicar e enviar mensagens no Facebook/Instagram (o que é usado para atrair novas vítimas);
    - Mineração de criptomoeda, o que gera lucro para os invasores;
    - "Assistir" a vídeos no YouTube (de forma invisível) ou inscrever a vítima em canais sem autorização;
    - Redirecionar o navegador para abrir páginas específicas.

    As extensões maliciosas já foram removidas da Chrome Web Store, mas internautas devem ter cuidado ao instalar qualquer extensão do Chrome, especialmente quando o pedido da instalação vier de sites fora da Web Store.

    SAIBA MAIS
    Como as extensões se tornaram o ponto fraco do Chrome
    Milhões de internautas baixam falso bloqueador de anúncios

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  • Vírus no iPhone e definição de 'log': pacotão de segurança

    Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.) vá até o fim da reportagem e utilize o espaço de comentários ou envie um e-mail para [email protected]. A coluna responde perguntas deixadas por leitores no pacotão, às quintas-feiras.


    >>> Vírus no iPhone 8?

    Recentemente meu iPhone 8 subitamente alterou a foto da tela de início. Algumas semanas depois começou a surgir a lupa sem acionamento específico. Como não sabia usar este recurso, presumi que o tivesse acionado por engano. Entretanto, na última semana a lupa travou e em seguida a tela do iPhone tornou-se preta e branca. Tentei reverter seguindo os passos indicados pela Apple sem sucesso. Entrei em contato por telefone e fui orientada a redefinir a tela. Ok, é inconveniente, mas resolveu. A questão que fiquei preocupada foi quando alguém questionou se não teria sido um vírus. Você tem conhecimento de casos similares?
    Daniela Lessa

    O iPhone restringe a instalação de aplicativos ao que está disponível na App Store, a loja oficial da Apple. Embora não seja impossível, é bem difícil instalar programas de espionagem no telefone. Especialmente no iPhone, há uma grande chance de o responsável pela instalação do "vírus" ser alguém próximo de você. Também fica mais fácil fazer isso se o telefone não tem uma tela de bloqueio configurada. Você usa uma senha de desbloqueio no celular ou outro recurso?

    O TouchID funciona, mas, se a ameaça é uma pessoa próxima de você, não é difícil que ela se aproveite de alguns momentos para destravar seu celular com seu dedo. Portanto, uma senha é preferível. Ninguém, em nenhuma hipótese, deve dispensar a configuração de uma senha de bloqueio no celular.

    De todo modo, o caso mais provável é algum problema no dispositivo, talvez no touch, que, por alguma "sorte", fez a lupa ser acionada e trocou o seu fundo de tela. Um vírus teria que ser muito "incompetente" para causar esses comportamentos, já que a maioria dos vírus não quer chamar sua atenção.

    >>> O que é um "log"?
    Ao enviar uma dúvida pro WhatsApp foi gerado um log, gostaria de saber o que são logs. É algo que investigue a privacidade de mensagens do usuário?
    E o que é a licença mundial gerada pelo whatsapp em royalties?
    (Anônimo)

    Um "log" é um arquivo que contém um apanhado de informações ou registro de uso. Logs podem ser usados para diagnosticar problemas ou para realizar uma auditoria.

    O log pode conter  algumas informações pessoais ou não, depende do aplicativo que gera esse log e das informações nele contidas. De maneira geral, um log deve conter apenas as informações necessárias para resolver o problema técnico que você precisa resolver; qualquer implicação de privacidade é um "mal necessário" nesse processo. Embora você não deva enviar logs para desconhecidos, a solicitação desses arquivos é completamente normal em cenários de suporte técnico.

    Às vezes, os logs podem conter certas informações por erro. Foi o que ocorreu recentemente com o Twitter, que descobriu que um log estava salvando as senhas dos usuários em seus servidores, apesar de essa informação não ser necessária ou mesmo desejada.

    Logs são gerados de forma rotineira pelo sistema operacional e pelos aplicativos. Também é possível em muitos casos gera um log sob demanda para obter informações gerais sobre o uso de um aplicativo.

    Quanto à receita do WhatsApp, o aplicativo não tem nos "royalties" uma receita significativa. O WhatsApp hoje dá prejuízo, e o Facebook -- atual dono do aplicativo -- ainda estuda mecanismos para conseguir gerar faturamento com o app.

    >>> Reembolso do frete no Mercado Livre
    Fiz uma compra de uma televisão no último sábado pelo mercado livre . Como opção do transporte o vendedor me enviou um boleto no valor de $100. Na segunda o boleto foi confirmado pelo banco e o comprador confirmou o envio. Na terça feira ele cancelou a compra e não me devolver o dinheiro referente ao frete, devolveu apenas o valor referente ao produto.

    Preciso de ajuda. Como devo proceder neste caso? O mercado livre não quer me ajudar intermediando a devolução do vendedor.
    Bárbara Bianca

    Em compras normais no Mercado Livre, o frete é cobrado junto com o produto e o valor é devolvido integralmente no caso de problemas. A cobrança de R$ 100 enviada pelo vendedor é adicional e o Mercado Livre realmente não estaria envolvido nesse processo.

    Você pode entrar na Justiça para solicitar o valor, ou registrar um boletim de ocorrência em uma delegacia. No entendimento desta coluna -- que pode ser diferente do entendimento de um juiz --, o Mercado Livre não tem responsabilidade em casos como este, porque o pagamento não foi realizado através do mecanismo próprio do Mercado Livre e a política do site, em que a cobrança pelo frete ocorre junto com a cobrança do produto, foi desrespeitada.

    Quem deve devolver o dinheiro (e ser denunciado pela fraude que cometeu) é o vendedor.


    O pacotão da coluna Segurança Digital vai ficando por aqui. Não se esqueça de deixar sua dúvida na área de comentários, logo abaixo, ou enviar um e-mail para [email protected]. Você também pode seguir a coluna no Twitter em @g1seguranca. Até a próxima!

  • Há conflito entre a segurança digital e o conserto de eletrônicos?

    A Apple está envolvida em mais uma polêmica relacionada ao conserto de seus equipamentos. A empresa, que já deixou celulares parcialmente inoperantes por causa de reparos no botão "Home" do iPhone, agora está sendo acusada de impedir o funcionamento de celulares que tiveram a tela sensível ao toque substituída por centros de reparos não oficiais.

    A empresa lançou uma nova atualização do iOS para remover a restrição, mas deixou o alerta de que telas não oficiais podem comprometer a qualidade visual ou outros aspectos do telefone.

    No caso do botão Home, a empresa argumentou que não reconhecer os botões paralelos tratava-se de um recurso de segurança, visto que o botão também abrigava a lógica do TouchID, a função de reconhecimento de digitais do celular. Mas será que isso faz sentido?

    A resposta para essa pergunta é relevante no momento, pois há uma lei sendo discutida no estado da Nova York, nos Estados Unidos, para obrigar que fabricantes de eletrônicos facilitem reparos. Infelizmente, a verdade é um pouco dura: qualquer alteração em um eletrônico tem potencial para diminuir a segurança do aparelho. Um chip "estranho" no celular teria potencial para capturar alguma informação de forma silenciosa -- não importa se é o chip que processa os toques na tela ou o de reconhecimento biométrico.

    Por outro lado, a maioria das pessoas não requer um grau de confiabilidade tão grande dos aparelhos eletrônicos. De fato, eletrônicos e computadores mais antigos careciam de qualquer proteção ou mecanismo para identificar o uso de chips diferentes do original. Alguns recursos de segurança mais recentes têm mudado esse cenário: a criptografia Bitlocker do Windows, por exemplo, exige ser reativada quando o Windows detecta mudanças na BIOS da placa-mãe, o que pode ocorrer com uma mudança do chip ou com uma mera atualização de software.

    Também não há explicação para a atitude de Apple de prejudicar o funcionamento dos celulares em vez de notificar os consumidores para que cada um decida se o telefone celular ainda está confiável para ser usado.




    Informações da Apple sobre atualização do iOS 11.3.1, que corrige não funcionamento do toque em 'telas de substituição não originais'. (Foto: Reprodução)

    No mundo real, longe da "teoria" dos ataques mais sofisticados possíveis, fraudes ou espionagem envolvendo alterações em microchips são uma raridade. Já a necessidade de substituir peças e realizar consertos -- legítimos e seguros -- é bastante rotineira. Um sistema de segurança não deve supor que a situação mais incomum (troca de chip para fins de espionagem) é a única possível explicação para o problema.

    O uso de tecnologias que impeçam alterações no hardware de eletrônicos é certamente positivo e necessário para aqueles que precisam de equipamentos com o mais alto grau possível de confiabilidade. O Google, por exemplo, desenvolveu um chip de segurança chamado Titan para monitorar mudanças no hardware de seus servidores, analisando e identificando qualquer modificação nos chips da placa-mãe.

    Mas, no fim, a escolha deve ser do consumidor. É positivo que a Apple tenha desenvolvido mecanismos para garantir a integridade do hardware, mas isso deve ser sempre usado em favor do consumidor. Outros fabricantes podem e devem desenvolver a mesma tecnologia, desde que não para impedir reparos e diminuir a vida útil dos aparelhos.

    Imagem: Placa lógica de eletrônico (Foto: Stockers9/Freeimages.com)

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  • Como a 'web 3.0' criou um caos na privacidade

    Hoje praticamente em desuso, o termo "web 2.0" foi moda e assunto de muitas reportagens (hoje é mais fácil falar em "mídias sociais" e ninguém se impressiona com isso). Mas, se havia uma "web 2.0", seria preciso uma "web 3.0" para sucedê-la. E essa web 3.0 chegou, sim -- e muitas das tecnologias que usamos foram desenvolvidas a partir de uma visão do que seria essa "nova" web.

    Mas o que é a web 3.0? Se a web "1.0" permitia que humanos acessassem dados armazenados em máquinas e a web 2.0 viabilizou o contato e o compartilhamento de dados entre pessoas, a web 3.0 é aquela que permite que computadores acessem dados de outros computadores, ou seja, em que máquinas conversam com máquinas para dar sentido a grandes quantidades de dados.

    Foi essa visão de futuro que entregou informações de milhões de pessoas para a Cambridge Analytica e resultou no escândalo que levou Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, a depor no Senado dos Estados Unidos. É essa visão de futuro que transformou praticamente todas as redes - Facebook, Google, Outlook, Twitter - em "plataformas" aos quais "aplicativos" podem se conectar para acessar os dados de usuários.

    São máquinas conversando com máquinas, e a noção de que "tudo é plataforma" (como diz o jargão do mercado). Ou seja, tudo precisa ser conectado com outras coisas, criando dependência e, de preferência, aumentando sua utilidade.

    Existem vantagens nesse modelo. Quando aplicativos funcionavam em computadores, você podia acessar serviços (um provedor de e-mail, por exemplo) sem compartilhar sua senha com terceiros. Toda a lógica de processamento (e todo o tratamento de dados) ocorria no seu computador.

    Quando os aplicativos migraram para a web, internautas começaram a adotar a perigosa prática de compartilhar senhas com esses serviços. Usuários de Twitter, em especial, foram alvos de diversos golpes se aproveitando dessa prática. Transformar essas redes em plataformas, com canais específicos e controlados para o acesso a dados, tornou-se uma necessidade, já que as pessoas enxergavam vantagens nesses aplicativos web.

    Depois da necessidade, claro, seguiu-se o abuso e a cessão de dados por mera rotina.




    Facebook, Twitter, Google e Microsoft Outlook.com: tudo é plataforma e tem conectividade com terceiros. Após escândalos, opções do Facebook são as mais específicas. (Foto: Reprodução)

    Equilíbrio entre transparência e dependência

    Sem a necessidade de informar uma senha, muita gente perdeu a noção do peso de "instalar" (ou "conectar") esses aplicativos ao perfil de rede social. O compartilhamento da senha, que é um processo extremamente arriscado do ponto de vista do compartilhamento de dados, foi reduzido a um único clique, tudo sob a chancela dos grandes prestadores de serviços.

    Nessa época surgiu a segunda onda de fraudes, em que serviços inescrupulosos passaram a fazer publicações não autorizadas em perfis de redes sociais. O Facebook teve que agir para coibir a prática, e ainda hoje encontra-se avisos do tipo "isso não permite que [aplicativo] faça publicações".

    Mas nem tudo foi pensando apenas para "contribuir" e proteger os internautas. Uma plataforma não pode exercer nenhum controle ou poder se for aberta demais. Por isso, meios de compartilhamento de dados públicos e padronizados -- que faziam parte da concepção original da web 3.0 -- sumiram. O Facebook permitia conexão de qualquer programa ao seu serviço de bate-papo, mas isso não é mais autorizado. O Twitter cancelou os seus chamados "feeds" abertos, obrigando que toda integração ocorra de maneira definida pela rede social.

    Em outras palavras, o objetivo dessas plataformas é atingir um equilíbrio entre transparência e dependência. No fim, elas precisam ter controle sobre como certos dados são apresentados, porque precisam que pessoas vejam o conteúdo junto de seus anúncios publicitários. Ao mesmo tempo, querem permitir a construção de aplicativos que aumentem o uso da rede e, portanto, que provoquem as visualizações que realmente interessam.

    As restrições impostas pelas redes tiveram outras consequências. O faturamento da Zynga, fabricante de jogos de redes sociais como o Farmville, chegou a US$ 1,2 bilhão em 2012, mas caiu para US$ 860 milhões em 2017. A concorrente Playdom, da Disney, fechou as portas em 2016. Esse mercado foi quase que inteiramente transferido para jogos sociais em telefones celulares (abocanhado com gosto pelos chineses e coreanos), mas as redes sociais se deram conta do óbvio: se alguém está jogando, não está vendo anúncios na rede social. De parceiros que muito contribuíram para as redes sociais, esses games se transformaram em inimigos.

    Do ponto de vista dos usuários, pouco foi ganho -- já que a conta do telefone celular, onde esses jogos se conectam, também tem dados interessantes.

    Embate ideológico
    O fato é que a privacidade na web enfrenta uma guerra ideológica contra essa visão de web 100% conectada -- de máquinas para máquinas, de compartilhamento total de informação para "criar sentido". No marketing, hoje é comum falar em "Big Data" -- mas esse termo emprega avanços em processamento de dados que não faziam parte do que se enxergava para a "web 3.0", alguns deles muito benignos e úteis para a segurança digital, inclusive, porque a segurança digital envolve verdadeiras montanhas de informações sobre ocorrências de ataques na internet.

    Mas alguns avanços tecnológicos não se deram porque máquinas compartilharam informações sobre si próprias, mas sobre seus utilizadores.  Era um resultado óbvio, mas "a quem pertence esse dado?" nunca parecia uma pergunta relevante. Com as restrições impostas pelas redes sociais aos aplicativos que interagem com elas, a resposta é clara: o dado pertence à plataforma, e aos usuários cabe utilizar seja lá quais forem os controles de privacidade que a rede decidir criar (na imagem, as configurações de privacidade para aplicativos de outras pessoas -- essa tela não existe mais, porque o Facebook agora diz bloquear tudo; antes, permitia boa parte, mesmo sem autorização expressa).

    Mesmo assim, criticar essa visão, dita como "futuro", é mais ou menos como advogar a favor do passado.

    Mas se a web mira em uma solução para organizar o caos da informação na web, o refugo desse processo é o caos na privacidade.

    SAIBA MAIS
    O verdadeiro escândalo não é só do Facebook

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  • Saber quem visita perfil no Facebook e segurança do Android: pacotão

    Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.) vá até o fim da reportagem e utilize o espaço de comentários ou envie um e-mail para [email protected]. A coluna responde perguntas deixadas por leitores no pacotão, às quintas-feiras.


    >>> É possível saber quem visita sua página no Facebook?
    Parece que às vezes antigas perguntas podem receber novas respostas: a tecnologia é rapidíssima!

    Bem, a minha pergunta é aquela já clássica: é possível saber quem visitou (amigo ou não) minha página no Facebook, mesmo se a pessoa não faz nenhum comentário ou curtida? A resposta que eu costumava ouvir era: "não é muito fácil descobrir isso, depende da instalação de algum aplicativo ou extensão que nem sempre espelha exatamente a visitação de outras pessoas no seu Face".

    Pois bem: de um mês para cá, repetiu-se comigo por 3 (três) vezes a mesma situação. Apenas visitei a página de "amigos de amigos", mas nelas não fiz nenhum comentário ou curtida (e nem pedi para ser amigo). Eis que no dia seguinte, recebo em "Notificações" a "sugestão de amizade" destas pessoas.

    Ora, para mim a conclusão é evidente: se eu visitei a página delas anonimamente, não fiz comentários nem curtidas, e depois recebo uma sugestão de amizade, então essas 3 pessoas dispõem de algum recurso que permite que elas saibam quem entrou no Face delas!

    Estou errado no raciocínio? E qual seria este recurso, Altieres, você sabe informar? Também estou interessado em instalá-lo na minha página...
    Ricardo

    A resposta continua a mesma, Ricardo: não é possível.

    O seu raciocínio em si não está errado, mas há um erro factual. Parece que você entende as "sugestões de amigos" no Facebook como algo que foi iniciado pelos amigos que apareceram como sugestões. Assim, eles teriam que saber que você visitou o perfil deles para se "sugerirem" para você.

    Mas não é esse o caso. O recurso de "sugestões de amigos" do Facebook é um recurso autônomo do próprio Facebook e é baseado no seu comportamento na rede social. Ou seja, essa pessoa apareceu como sugestão para você porque você visitou o perfil dela. O Facebook, percebendo seu "interesse" nessa pessoa, sugeriu ela para você.

    Embora você não saiba quem visitou seu perfil, o Facebook obviamente sabe e faz uso, sim, dessa informação.

    Todos os sites, programas ou extensões de navegadores que prometem mostrar "quem visitou seu perfil" no Facebook devem ser tratados como fraudulentos. Esse recurso simplesmente não existe e, se um dia vier a existir, será informado pelo próprio Facebook.

    Tentar buscar algum meio de saber quem visitou o perfil é um grande risco para cair em fraudes ou ser enganado de alguma forma. Qualquer site falso pode selecionar alguns amigos ou amigos de amigos e marcar essas pessoas como "visitantes" do seu perfil -- você jamais teria como saber se a informação é correta ou não.

    >>> Segurança de Android x iPhone
    Estou usando um iPhone 7 Plus e estou pensando em trocar por um Galaxy S9+. Minha dúvida é a seguinte:

    Ouvi falar que iOS é mais seguro que Android, porém são novos telefones e dizem ter mudado bastante as coisas. Compensa a troca no quesito segurança?
    Guilherme D. Sotelo

    O iPhone é sim mais seguro que o Android. Mas lembre-se que é difícil fazer avaliações de segurança. Algo ser mais seguro não é garantia de que você não terá problemas ou que nenhum ataque grande possa ocorrer. Depende, também, do interesse dos possíveis invasores ou bandidos.

    No papel, o iPhone supera o Android porque tem mecanismos de atualização mais consistentes e a loja oficial da Apple registra bem menos casos de aplicativos maliciosos.

    Na prática, o iPhone sofre com problemas que causam bastante incômodo, como a "letra bomba" -- e esses problemas não afetaram quem usa telefones com Android.

    Na prática, os aplicativos maliciosos no Google Play são baixados por poucos usuários e as falhas no Android, embora muito mais graves do que as identificadas no iPhone, raramente são exploradas em ataques verdadeiros.

    Se você decidir instalar aplicativos fora do Google Play, vai ter um risco muito maior no Android. Mas não é justo fazer essa comparação no iPhone, já que o iOS nem mesmo permite oficialmente que você instale aplicativos fora da loja oficial.

    Em outras palavras, nem sempre uma segurança superior nas especificações e no papel vai se traduzir em uma vida mais tranquila, especialmente quando a diferença é bastante pequena (aparelhos Android de ponta, como o S9, são mais seguros que modelos mais simples). Quem mais sofre, como sempre, é quem compra celulares mais baratos ou antigos e logo fica sem as atualizações dos fabricantes.

    O pacotão da coluna Segurança Digital vai ficando por aqui. Não se esqueça de deixar sua dúvida na área de comentários, logo abaixo, ou enviar um e-mail para [email protected]. Você também pode seguir a coluna no Twitter em @g1seguranca. Até a próxima!

  • Nintendo Switch tem falha que permite instalar Linux

    Dois grupos independentes de entusiastas divulgaram uma falha crítica no chip Tegra, usado no console Nintendo Switch. Especialistas do grupo "fail0verflow" conseguiram instalar o sistema operacional Linux no Switch e executar aplicativos indisponíveis no equipamento -- incluindo possíveis emuladores -- e é possível que a descoberta abra caminho para a pirataria de jogos.

    Tegra é uma linha de chips desenvolvida pela Nvidia, a mesma fabricante das placas de vídeo GeForce e Quadro usadas em computadores e notebooks. Além do Switch, chips Tegra são usados em tablets, como o Pixel C e o Nvidia Shield Tablet, e no console Android Nvidia Shield. A Nvidia também comercializa o chip para computadores de bordo no setor automotivo, mas a pesquisa dos grupos se concentrou no Switch da Nintendo.

    A pesquisadora Katherine Temkin, do ReSwitched, chamou o problema encontrado de Fusée Gelée. A técnica do fail0verflow foi batizada de ShofEL2. Ambos se tratam do mesmo problema, mas foram descobertos de forma independente pelos grupos.




    Vídeo do fail0verflow com o Switch executando Linux - assista. (Foto: Reprodução)

    Os pesquisadores descobriram que é possível entrar no Modo de Recuperação (RCM) do chip pressionando os botões de aumentar volume e energia ao mesmo tempo após conectar dois pinos no controle do Switch para imitar um botão "Home". Nesse modo de recuperação, é possível explorar uma falha na maneira que o chip Tegra interage com dispositivos USB. Como os códigos necessários para a tarefa já estão on-line, a ligação dos pinos -- que pode ser feita com um fio ou outros meios -- é o maior entrave para quem quiser testar a novidade.

    Como o erro está na bootroom do chip, que é travada de fábrica, a vulnerabilidade é considerada "incorrigível" nas unidades que já estão no mercado. A não ser que a Nintendo encontre alguma saída que não envolva modificações na bootrom, o problema só poderá ser corrigido na linha de produção em unidades futuras.

    A solução do problema cabe à Nvidia que, segundo os pesquisadores, recebeu um aviso antecipado sobre a falha. Segundo o fail0verflow, o primeiro grupo a encontrar o erro, o prazo de 90 dias de sobreaviso para a Nvidia -- tempo dado por especialistas que descobrem falhas antes de ir a público com uma descoberta -- acabaria nesta quarta-feira (25).

    Como a falha exige acesso físico ao Switch, não é possível explorar o problema sem contato prolongado com o console. A brecha é diferente de outro problema que foi divulgado em um evento em janeiro na Alemanha. Na ocasião, porém, especialistas já haviam alertado que o Tegra X1, por ser um chip comum e não um hardware específico do console, era mais vulnerável a ataques.

    Extração de bootROM levou seis anos no 3DS
    Ainda não há meio de executar jogos piratas no Switch, mas, segundo o fail0verflow, o bug permite extrair todo o conteúdo da bootrom, além de chaves criptográficas. São essas chaves que possivelmente protegem o console contra a pirataria.

    O Linux é capaz de funcionar perfeitamente no console, inclusive com suporte à tela sensível ao toque e ao processador gráfico, mas não é capaz de executar os jogos do Switch.

    O grupo ReSwitched já estaria trabalhando em um custom firmware (CFW) para o Switch. Um custom firmware é um software baseado no sistema original, mas que afrouxa as proteções contra a execução de aplicativos não autorizados. Mas ainda não está claro se os programadores vão conseguir derrubar todas as proteções do console.

    Esses avanços demoraram mais no 3DS, o portátil anterior da Nintendo. Lançado em 2011, a falha conhecida como Sighax, divulgada em meados de 2017, foi a primeira a permitir a extração do conteúdo da bootrom do console. Apesar disso, piratas já estavam utilizando diversas técnicas para executar jogos copiados ilegalmente sem esse código, mas a criação do Sighax facilitou o procedimento e permitiu a decodificação de jogos sem o uso do console.

    Ainda não há qualquer procedimento semelhante para o PS Vita, o portátil Sony também lançado em 2011. No Vita, é possível executar emuladores e aplicativos, mas não cópias ilegais dos jogos originais da plataforma.

    O Switch foi lançado em março de 2017. As primeiras técnicas para dribar as proteções do console apareceram 9 meses após o lançamento.

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Autores

  • Altieres Rohr

    Altieres Rohr é fundador e editor do site de segurança Linha Defensiva, especializado na defesa contra ataques cibernéticos. Foi vencedor dos prêmios Internet Segura 2010 – categoria Tecnologia e Eset de Jornalismo 2012 – Categoria Digital.

Sobre a página

O blog Segurança Digital trata dos principais temas da área, seja respondendo dúvidas dos leitores ou apresentando novos temas do mundo dos hackers e códigos que atacam sistemas informatizados, do supercomputador ao celular.