Cerca de 200 mil fiéis são esperados durante a visita do Papa Francisco a Aparecida (SP) nesta quarta-feira (24). Uma das preocupações dos hotéis e do Santuário Nacional é a segurança dos romeiros. Algumas medidas devem ser tomadas para evitar casos de desaparecimento durante a passagem do pontífice pela cidade. Em 2012, uma idosa de 77 anos vinda do Sul do país e um aposentado de 68 anos, morador do Grande ABC, desapareceram na basílica e desde então não foram mais encontrados.
Além do forte esquema de segurança, envolvendo Exército, Polícia Federal, policiais militares, rodoviários e bombeiros, a Basílica de Aparecida planeja um alto contingente para ajudar os romeiros, como explica o prefeito do Santuário Nacional, João Batista de Viveiros. “Nós teremos 250 seguranças que trabalham no Santuário. Todos eles são orientados de como agir caso alguém se perca. Além disso, aumentamos de 80 para 120 o número de câmeras de segurança distribuídas no Santuário para ajudar a localizar pessoas”.
Apesar do grande número de fiéis que devem visitar a basílica, Viveiros acredita que o risco de algum turista se perder é menor. “Esse evento contará com um número de policiais, funcionários da basílica e voluntários muito grande. Acho que a possibilidade de desencontro de um romeiro de seu grupo será menor. O correto para quem se perder é procurar o Ponto de Encontro, que fica na marquise que vai para o Centro de Apoio. Passamos dados e esperamos alguém conhecido comparecer ao local. Há também a nossa Central de Informações, localizada no hall da torre do Santuário Nacional”, disse.
em Aparecida. (Foto: Reprodução/TV Vanguarda)
Pulseirinhas
Após os dois casos de desaparecimento ocorridos no ano passado, a Prefeitura de Aparecida regulamentou uma lei de 1998 que previa que hotéis da cidade deveriam fornecer pulseras de identificação aos hóspedes. A medida está em vigor desde janeiro desde ano, mas a prefeitura não informou o número de multas aplicadas no período.
Segundo o presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Aparecida (Sinhores), Ernesto Elache, as pulseiras receberam uma grande aceitação por parte dos turistas e também dos donos de hotéis. “Desde que começamos a intensificar o uso das pulseiras nos hotéis, apenas dois turistas não quiseram usar. Neste caso, nós fazemos o hóspede escrever de próprio punho que a pulseira foi oferecida a ele, mas que ele não quis fazer uso. Desse jeito, o estabelecimento fica isento de pagar a dívida de R$ 1.060 por turista que não esteja usando a pulseira”, disse.
O presidente do Sinhores disse ainda que até agora, desde que as pulseiras passaram a ser obrigatórias, cerca de 28 turistas foram socorridos. Eles foram ajudados por outros turistas, que foram ao comércio mais próximo e ligaram para o hotel. O próprio estabelecimento providencia uma van que vai até o local e busca o turista.
Ernesto afirma, porém, que a maior dificuldade é monitorar o turista que não dorme na cidade e não se cadastra em nenhum hotel. “Estamos estudando a possibilidade de checar o turista que faz o esquema bate e volta. Ele chega a Aparecida às quatro da manhã e vai embora às quatro da tarde. O Sinhores irá se reunir com a Associação Comercial e vamos até a prefeitura e vamos buscar a melhor solução para garantir a segurança de todos”, completa.
Casos
Em 2012, dois idosos desapareceram e ainda não foram encontrados. Beatriz Joanna Von Hohendorff Winck foi para Aparecida com uma excursão da cidade de Portão, que fica a 30 quilômetros de distância de Porto Alegre (RS), no dia 21 de outubro. Segundo a família, ela estava à espera do marido na porta da casa das velas. Ao retornar das compras, o marido não viu mais a mulher.
O outro caso, no final de setembro de 2012, envolveu Cícero Luiz França, um aposentado de 68 anos da cidade de São Bernardo do Campo. Segundo a filha do idoso, Regina de Assis França, o pai foi à Basílica em uma excursão. Ele estava acompanhado pela esposa, de 62 anos, e vizinhos. O aposentado sofre de esquizofrenia, diabetes e pressão alta. Ele enfrenta lapsos de memória e depende de medicação para manter as doenças sob controle.
Naquele dia, segundo a assessoria de imprensa do Santuário, o local recebeu mais de 110 mil devotos.
(*) Colaborou Renato Celestrino