Regina se formou no Ensino Médio e no curso de panificação com incentivo do seu neto — Foto: Arquivo pessoal
Afastada dos estudos há mais de 40 anos, Regina Aparecida Miranda, moradora de Salto (SP) mostrou que nunca é tarde para aprender e começar uma nova profissão, e isso graças ao incentivo de uma pessoa muito especial para ela: seu neto, Tarcísio Costa, de 17 anos.
Nesta quarta-feira (26), dia que se comemora o Dia dos Avós, Regina, de 62 anos, contou ao g1 que parou de estudar no 2º ano do Ensino Médio para cuidar da família e de outras questões que, na época, eram mais importantes. Mas, segundo ela, sempre pensou em voltar a estudar.
Foi então que, no ano passado, surgiu uma oportunidade. Regina resolveu levar seu filho e o neto para um evento com escolas e empresas que ofereciam bolsas de estudo e emprego na cidade. E foi a oportunidade perfeita para Regina dar o primeiro passo em direção a um sonho antigo.
"Acabei fazendo minha matrícula no Educação de Jovens e Adultos (EJA) onde meu neto estuda. Quando estava saindo do evento, vi a mesa do Senac Salto e fiquei empolgada e maravilhada com os livros e cursos oferecidos. Fiz minha matricula no curso de técnico de panificação", lembra.
No mesmo dia, o neto Tarcísio se candidatou à uma vaga de emprego, foi selecionado e a empresa ofereceu para ele um curso de qualificação também no Senac Salto. Então, os dois começaram a ir e voltar das aulas do curso e da escola juntos todos os dias.
"Ficou combinado que se ele arrumasse um emprego a gente ia estudar junto à noite na escola. O incentivo maior foi esse: um ajudando o outro e se empolgando de estarmos juntos estudando. Como estávamos em séries parecidas, eu completando o Ensino Médio e ele no 2º ano, ele me ajudava nas lições assim como eu o ajudava quando ele era pequeno", diz Regina.
Orgulho
Por ser o primeiro neto, Regina diz que Tarcísio é o seu favorito — Foto: Arquivo pessoal
Regina conseguiu concluir o Ensino Médio e, em junho, também se formou no curso de panificação. Ao g1, Tarcísio contou que o momento foi importante para estreitar ainda mais a relação deles, pois, por mais improvável que pareça, os dois participavam das "rodinhas de amizade" um do outro.
"As pessoas pensam que pela diferença de idade, por ser uma questão de neto e avó, não dá para estar no mesmo ciclo social. E a gente viu que não é bem assim. A minha avó estava no meu circulo de amizade e eu no dela, e a conversa fluía normal, sem tabu", conta o neto.
E essa amizade, que foi além do laço familiar, fez com que Tarcísio se emocionasse muito ao ver sua avó conquistar seu tão sonhado diploma e concluir seus estudos.
"É muito gratificante saber que eu dividi um momento tão especial e importante para ela. No dia em que minha avó ganhou o diploma eu me emocionei muito, porque foi uma realização muito grande para mim. Eu vi a minha avó abdicar da vida dela para cuidar de mim, dos meus tios, da minha mãe", conta emocionado.
Regina conta que o relacionamento com Tarcísio sempre foi muito bom, até porque ele foi seu primeiro neto. Por isso, fez questão de estar presente na criação e em vários momentos da vida dele, como uma segunda mãe.
"Sempre nos entendemos muito bem. E agora essa oportunidade de a gente sair junto a união aumentou muito mais. A facilidade do convívio de diferentes idades e situações, isso nos aproximou ainda mais. O que eu peço a Deus é isso: sempre a união entre todos aqui em casa", disse Regina.
"Minha avó é uma expressão muito grande. Ela cuidou de mim desde criança, me educou, me incentivou quando queria fazer coisas novas, se faz presente em pequenos e grandes momentos da minha vida. Então é um orgulho muito grande que tenho por ela. Eu amo muito a minha avó," completa Tarcísio.
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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