Por Felipe Cruz, TV Globo e g1 SP — São Paulo


Vereador João Naves (PSD), de Carapicuíba, na Grande SP — Foto: Reprodução

A Justiça de São Paulo revogou na manhã desta sexta-feira (13) a prisão preventiva do vereador João Naves (PSD), de Carapicuíba. Ele é acusado pelo também vereador Bruno Marino (Podemos), que é negro, de cometer injúria racial durante uma discussão entre os dois na Câmara Municipal da cidade.

O caso ocorreu na manhã de terça (10) numa sala de reuniões dentro da Casa legislativa. O acusado nega o crime.

A defesa de João Naves entrou com um pedido de habeas corpus alegando que a prisão seria uma medida desproporcional e que o cliente preenche os requisitos necessários para liberdade provisória — réu primário, com residência fixa, trabalho lícito e sem antecedentes criminais.

O Ministério Público se manifestou favorável à liberação do vereador. Então, a juíza Carolina Hispagnol Marchi, da 1ª Vara Criminal de Carapicuíba, considerou que a liberdade dele não oferece risco à sociedade e concedeu o alvará de soltura.

O caso

Em entrevista à TV Globo, Bruno contou que foi chamado de "preto safado" repetidas vezes. "Tendo essa situação, eu dei voz de prisão [ao vereador João Naves]. Acionei a Guarda Municipal, que acionou o delegado de polícia, que conduziu o vereador até o 1º Distrito Policial aqui de Carapicuíba."

Após o ocorrido, a vítima, quando já estava no plenário, pediu que o fato constasse da ata da sessão. A solicitação foi registrada em vídeo na TV Câmara da cidade. Veja abaixo:

"Aqui embaixo, na sala de reuniões, acabei de ter uma discussão com o vereador Dr. João Naves, o qual acabou de me chamar de preto safado na presença de, salvo engano, mais seis ou sete vereadores".

Vereador denuncia racismo de outro parlamentar em Carapicuíba, na Grande SP

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Em frente à delegacia, o vereador Bruno Marino lamentou o ocorrido: "A gente está aqui clamando por justiça. O que me ligou o sinal de alerta foi que eu, como colega dele, vereador... Fico imaginando o que ele faz com os funcionários, o que ele faz por aí. Não posso nem imaginar. Se eu, como vereador, advogado, colega de trabalho, sofri isso, imagina os demais, o povo mais vulnerável na nossa cidade".

Ao chegar à unidade policial, o vereador João Naves foi recebido por diversas pessoas que gritavam: "Racista, racista, racista!" (veja abaixo).

Em nota, a assessoria de Naves informou que "ele não compactua com qualquer ação racista, xenofobista, homofóbica ou de natureza preconceituosa" e que o vereador "nega veementemente as afirmações e lamenta que, em meio a uma discussão acalorada, tenham surgido interpretações que ele considera equivocadas".

"É importante destacar que o vereador acredita que houve um uso político da situação, com interpretações distorcidas dos fatos e recorrentes narrativas que não condizem com a verdade. No entanto, Dr João Naves confia plenamente no poder da justiça e reitera que está à disposição das autoridades competentes para o total esclarecimento do ocorrido", diz o texto.

Em depoimento à polícia, o parlamentar negou o crime. No entanto, segundo o delegado responsável pelo caso, no caminho até a delegacia, o político confessou, informalmente, que xingou Bruno Marino. Diante disso e dos relatos de testemunhas, ele teve a prisão em flagrante decretada.

Por nota, a Câmara Municipal informou que os fatos estão em apuração e aguarda um parecer da Justiça sobre os procedimentos que deverão ser adotados com relação ao ocorrido.

"A Casa Legislativa jamais compactuaria com manifestações de teor racista e/ou preconceituoso contra qualquer indivíduo, seja ele detentor de um mandato parlamentar ou não", afirmou no comunicado.

Vereador João Naves (PSD) foi preso em flagrante por injúria racial

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