Seis agentes de segurança da ViaMobilidade são demitidos após morte de homem na estação Carapicuiba
A concessionária ViaMobilidade informou na noite desta quarta-feira (4) que demitiu seis agentes de segurança por conta da abordagem que resultou na morte de um passageiro no último dia 11 de novembro. As demissões acontecem mais de 20 dias após o episódio.
O caso foi revelado pelo Bom Dia SP na segunda-feira (2) e mostrou as imagens de como os seguranças da estação Carapicuíba, da Linha 8-Diamante, agrediram o desempregado Jadson Vitor de Sousa Pires e o carregaram para fora da estação desacordado.
Exame pericial que a TV Globo teve acesso apontou que o rapaz morreu por asfixia mecânica em decorrência de esganadura em razão das agressões.
Ao menos três dos seguranças demitidos já foram ouvidos pela delegacia de Carapicuíba, na Grande SP: Davi Reinaldo Mendes, Marcos Paulo Gonçalves Mendes e Evandro de Sousa Gomes.
O delegado do caso pediu a prisão temporária dos três, mas até o momento a Justiça só determinou que Marcos Paulo Gonçalves Mendes fique preso.
Ele foi detido na tarde desta quarta (4), após prestar depoimento sobre a abordagem no 1° DP de Carapicuíba.
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Em entrevista à TV Globo, o diretor da ViaMobilidade, André Costa, justificou que as demissões aconteceram apenas 24 dias depois da morte do passageiro - e depois que a TV Globo denunciou o caso - porque havia uma sindicância aberta para apurar a morte.
Segundo ele, o laudo do IML corroborou com a decisão de demitir os seis agentes.
“Todo esse processo de sindicância interna, concomitantemente à investigação, foi concluído com a avaliação de tudo o que aconteceu, de todas as práticas, de todas as execuções e atividade de procedimentos e treinamentos. E o recebimento do laudo do IML que corroborou às conclusões que nos levaram a decidir pelo desligamento imediato de todos os colaboradores envolvidos”, justificou André Costa.
Jadson Vitor De Sousa Pires foi morto após agressão em estação da ViaMobilidade em Carapicuíba, na Grande SP. — Foto: Montagem/g1/Reprodução/Acervo pessoal
O diretor da ViaMobilidade afirmou ainda que a sindicância da empresa apurou que “nenhum dos procedimentos praticados correspondem aos nossos treinamentos e procedimentos que são ministrados constantemente a todos os colaboradores”.
“Nenhuma daquelas ações, nenhuma daquelas atividades estava prevista e foram executadas em desacordo com os nossos processos e procedimentos. Na nossa sindicância a gente conseguiu apurar todas essas questões e nos levar à conclusão de fazer esse desligamento de todos os envolvidos”.
André Costa voltou a dizer que a morte de Jadson não representa os valores do grupo CCR – empresa a qual pertence a ViaMobilidade.
“Nós portamos mais de 850 mil passageiros por dia, somos 2.500 colaboradores dedicados à segurança e ao cuidado com as pessoas e esse fato lamentável e isolado não nos representa e nós vamos trabalhar para que isso não volta a acontecer. A abordagem deveria ser de total acolhimento a uma pessoa que estava vulnerável e que precisava ali do atendimento e do encaminhamento para uma unidade de saúde. Esse deveria ter sido o atendimento correto”.
Ajuste de conduta
Na manhã desta quarta-feira (4), a ViaMobilidade já havia anunciado que vai realizar uma reciclagem de 100% dos agentes de segurança que atuam nas empresas do grupo CCR.
O objetivo, segundo a empresa, é ajustar a conduta dos agentes no "atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sob o efeito de substâncias entorpecentes".
Na capital paulista, o grupo CCR é responsável pela operação das Linhas 9-Esmeralda e 8-Diamante de trens metropolitanos.
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As imagens que mostram agentes da empresa agredindo o rapaz na estação de Carapicuíba, na Grande SP, que pertence à Linha 8-Diamante, causaram comoção.
Segundo exames feitos pelo IML, Jadson Vitor De Sousa Pires morreu em meados de novembro por asfixia mecânica em decorrência de esganadura, provavelmente gerada pelas agressões por parte dos seguranças da estação.
Por meio de nota, a ViaMobilidade lamentou a morte do rapaz e disse que presta todo o apoio à família. Afirmou também que “o comportamento dos profissionais que atuaram na contenção de Jadson Pires não corresponde aos seus valores, treinamento e padrão dos seus procedimentos de segurança e atendimento”.
A companhia disse ainda que “investe continuamente na formação de seus colaboradores para o relacionamento com o público e a segurança de seus clientes”, mas que, "diante dos recentes acontecimentos", vai iniciar um processo de reciclagem de todos os empregados e colaboradores.
Além disso, a concessionária disse que aumentou o rigor das medidas disciplinares e instaurou a obrigatoriedade de justificativa formal sempre que houver a necessidade de uso da força no exercício das atividades.
A Comissão de Monitoramento de Concessões e Permissões (CMCP), do governo estadual, informou que acompanha a ocorrência e abriu uma apuração, que poderá resultar na aplicação de penalidades previstas em contrato à concessionária.
Relato de testemunhas e familiares
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Passageiros da Linha 8-Diamante que testemunharam a morte de Jadson narraram as últimas palavras dele antes de desmaiar e não mais acordar na estação.
A agressão aconteceu em meados de novembro, mas só nesta terça-feira (3) o Bom Dia SP teve acesso às imagens e aos exames feitos no corpo de Jadson.
O médico legista que fez a perícia também apontou que o corpo estava com as costelas do lado direito do tórax quebradas, além de apresentar escoriações no antebraço direito, mão direita e nos dois joelhos.
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Segundo um dos passageiros que testemunharam e filmaram a agressão, quem estava na estação Carapicuíba naquela noite chegou a gritar para os seguranças pararem as agressões, temendo pela morte do rapaz que, aparentemente, apresentava sinais de embriaguez ou outras substâncias.
“Ele não estava violento, estava apenas assustado. Aparentava com certeza estar drogado ou bêbado, não precisava fazer aquilo que fizeram com ele. Era só imobilizar o rapaz e tentar acalmar ele e tudo resolvia. Ele chegou para nós e pediu ajuda lá, pediu ajuda pra todo mundo e falou assim: ‘quero água. Me dá um copo com água?”, disse a testemunha ouvida pela TV Globo.
“Ele pegou, bebeu a água e falou assim: ‘tenho uma filha de 3 anos, não precisa fazer isso comigo’. O que mais me doeu foi quando ele repetiu: ‘tenho uma filha de 3 anos, se eu morrer cuida dela”, narrou.
“Na hora que deitou ele no chão, botaram o joelho em cima do rapaz, assim. E foi na hora que eu senti aquele peso do corpo caindo no chão e aí eu falei: ‘Já era, mataram o cara’”, contou o rapaz que viu o momento que Jadson desmaiou.
Reação da família
A viúva de Jadson, Renata Santos de Sousa, contou que, no dia do crime, o marido tinha saído de casa para resolver problemas burocráticos para receber o seguro-desemprego e sacar o FGTS, uma vez que tinha sido demitido do emprego recentemente.
Renata descreveu o marido como um "homem incrível", "trabalhador" e "muito esforçado".
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A viúva contou que só depois das imagens divulgadas pelo Bom Dia SP é que soube o que realmente aconteceu com Jadson naquele dia.
"Não justifica o que fizeram. Ele podia está ali sob efeito de droga, como estão falando. Podia estar sob efeito de álcool. As pessoas que atenderam ele não tiveram nenhum sentimento humano com ele. De entender, explicar para ele: 'Olha, eu posso te ajudar?' Não. Já foram agredindo ele. Eu estou juntando força de onde não tem para correr atrás da Justiça", afirmou.
Família de Jadson pede Justiça após rapaz ser morto em estação da ViaMobilidade, em Carapicuíba, na Grande SP. — Foto: Reprodução/TV Globo
Um dos seguranças que imobilizaram Jadson com o joelho usava uma câmera corporal.
Por meio de nota, a ViaMobilidade disse que todas as imagens disponíveis foram entregues à polícia e que "os agentes envolvidos foram preventivamente afastados."
Família de Jadson pede Justiça após rapaz ser morto em estação da ViaMobilidade, em Carapicuíba, na Grande SP. — Foto: Reprodução/TV Globo